segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Outono!

Estou à janela a ver o Outono.

Apareceu frescote, com Sol de luz que não fere e vento a dar para o fraquinho.
As folhas das árvores continuam verdes, irão amarelecer lá mais para diante. A erva das rotundas não perdeu a cor, as palmeiras que nelas crescem estão viçosas. A caminho da paragem do autocarro seguem quatro jovens (duas elas e dois eles) de agasalhos, não vestidos mas amarrados à cintura (a moda ficou!). Um casal atravessa a rua. Vai de mãos dadas (lindo de ver!).
No prédio em frente, acabadinho de pôr de pé, está um letreiro onde se lê: “escolher o melhor local para viver é uma arte”. Acredito que sim! Escolhi o meu, não sei se é o melhor, mas gosto dele!
Sobre as pedras do passeio que circunda a rotunda mais próxima saltitam uns pardalitos, provavelmente à procura duma migalha, duma mosca ou de qualquer outro insecto distraído. A época do acasalamento já lá vai. O saltitar, quer-se dizer o acavalitar, seria bem diferente!
A esplanada da pastelaria está vazia. Será da crise? Será do vento? Do vento não é certamente. O vento venta mansinho!
Ali ao fundo, à esquerda, na borda da lezíria, que a voracidade das imobiliárias cobertas pela corrupção que grassa ainda não conseguiu deglutir, passam as ovelhas em busca de pasto, mais o pastor e dois cães, meus conhecidos de há muito! Daqui por uns tempos virão os queijinhos que comidos com uma fatia de broa (sei aonde a vou buscar, mas não digo!) e regados com um tinto de Palmela, nem os deuses!
Agora, Outono, vou retirar-me da janela. Voltarei, sim, voltarei, não faças essa cara amuada. Mas quando voltar quero ver-te com outras cores, aquelas que só tu és capaz de pintar. Soube-te bem o mimo? Enquanto vou e venho, para que não fiques sozinho, deixo-te esta companhia:

Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.
(Eugénio de Andrade)

14 comentários:

Maria disse...

Que belas palavras de boas vindas ao Outono... uma apreciação de quem está à janela... interessante!

Gostei, mesmo.

FOTOS-SUSY disse...

OLA CARLOS, BELISSIMA POSTAGEM AMIGO...QUE TENHAS UMA OPTIMA TARDE!!!
BEIJO DE AMIZADE,


SUSY

uminuto disse...

E que bela companhia deixas, neste Outono ainda a lembrar os fins-de-tarde do Verão
um beijo

Agulheta disse...

Amigo Carlos. Sempre devemos estar à janela dos nossos sentimentos,vimos as coisas noutra perspectiva assim é a vida,o Outono fica mais lindo com este olhar sobre ele.
Beijinho e boa semana Lisa

Graça Pereira disse...

O Outono convida-nos a este aconchego, perto de uma janela e mais tarde, junto a uma lareira...onde a alma se expande e as palavras se desenham! Gostei do teu Outono! Um beijo Graça

Carlos Albuquerque disse...

Silvana Nunes,
Bem-vinda. Espero a sua volta. Já estive no seu blog e lá comentei. Temos ambos território marcado.
Um beijo de PAZ.

Maria,
O Outono é assim, quando o vejo dá-me para lhe falar!
Um abraço

FOTOS-SUSY,
Obrigado, amiga, para ti, também, um beijo com amizade

Carlos Albuquerque disse...

Uminuto,
Os fins-de-tarde de Verão já lá vão. O Outono cheira!
Um beijo

Agulheta,
Obrigado, amiga, por ter gostado da minha ida à janela olhar o Outono.
Beijinho

Graça Pereira,
É uma honra para mim teres gostado do meu Outono.
Um beijo

Anónimo disse...

Antes de mais, muito obrigado pela visita e comentários no CR.
Quanto aos seguidores, não sei que se passa, mas eles estão lá...
Em relação ao Outono tenho uma relação ambígua. Por um lado, gosto das suas cores, mas por outro entristece-me, porque anuncia a chegada ao fim de um ciclo que encerra no Inverno,para renascer na Primavera. Fico sempre a pensar, se chegarei a iniciar um novo ciclo.
Gostei de conhecer o seu blog e vou voltar, obviamente. Com mais tempo, quando regressa a Lisboa e tiver uns dias de descanso.

♥ ♥ Eu disse...

O outono desponta, enquanto a primavera aqui no Brasil renasce e tanto aí como aqui são momentos lindos q captamos com as 2 estações, uma mais florida e colorida e outra um convite ao aconchego...viajei na tua descrição e pude ir criando imagens delicadas e doces a cada letra q de tuas mão pousaram aqui.

beijos carinhosos prá vc!

Bruce disse...

Apreciei particularmente o teu comentário a uma mensagem da Austeriana e, como também não sou adepto das cidades electrónicas e dos comentários impessoais, não podia deixar de te visitar e ver com os meus próprios olhos o teu espaço.

É bom poder ir à janela, ver as montanhas, ver a calma e as árvores dançando ao sabor do vento... e sentir a serenidade do silêncio, o negrume da noite, o exército de estrelas sobre a nossa cabeça; simples coisas mas que nem toda a gente sabe o que são.

Voltarei!

Sonh@dor@ disse...

Olá Carlos!
Avistei-o da minha janela,e decidi entrar pela sua porta sem pedir licença...linda homenagem ao "Outono",com uma sensibilidade fantástica.
Adorei seu blog,voltarei para o ler com mais tempo.

Uma boa semana;
Bjs!

Elvira Carvalho disse...

Eu não gosto do Outono. E a julgar pelos textos que tenho lido, devo ser única. O Outono tem sido o meu inferno ao longo da vida. Durante anos, sempre era internada no Outono. Quase todas as cirurgias que fiz, foram em Outubro ou Novembro. Ainda o ano passado isso aconteceu. Como vê não tenho razões para gostar desta época.
Um abraço

Carlos Albuquerque disse...

Carlos Barbosa de Oliveira,
Se os seguidores estão lá, esconderam-se! Não os consigo ver.
Novo ciclo? Na, bota pra lá. Nada de pensamentos tristes!

Eu,
Que bom teres gostado da minha ida à janela!
Beijos carinhosos

Bruce,
Obrigado pelo que diz do meu comentário no bichocarpinteiro da Austeriana e por ter estado à janela comigo.
Volte!

Carlos Albuquerque disse...

Sonh@dor@,
Carinho assim...!
Não precisa pedir licença, aqui não tem porta!
Volte rápido!
Bjs

elvira carvalho,
Percebo. Mas, sabe, ponha para trás das costas. Este Outono, em Novembro, também vou para uma cirurgia (a 12ª!), e continuo a ir à janela olhar o Outono.
Um abraço