sábado, 27 de fevereiro de 2010

Tourada em defesa dos animais?

Encontrei este título no blog cronicasdorochedo, cujo autor é Carlos Barbosa de Oliveira. A notícia a que ele se refere chocou-me. Peço que a leiam naquele blog. A propósito, decidi reeditar o post que se segue, aqui publicado em Maio do ano passado.
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TOURADAS
Nem arte nem cultura
T O R T U R A

Andando pelo espaço onde vivem as minhas recordações encontrei fotografias do tempo em que, como repórter, elaborei uma série de trabalhos sobre o meio tauromáquico. Ambiente de que, por nada me dizer, antes me enfadando e me causando repulsa, me afastei.Porque vi as fotos chegaram-me à memória as discussões que de vez em quando se travam sobre as touradas. Quem as defende fala muito de “tradição e vivência cultural da festa de touros”. Que tradição? Que cultura? Que festa?A tourada não é arte nem cultura. É tortura.Deixem que vos fale nisto:Em 2007 Guillermo Vargas Habacuc, um susposto “artista plástico” costa-riquenho, apanhou um cão abandonado na rua e atou-o com uma corda curta à parede de uma galeria, em Manágua, na Nicarágua, onde expunha. Assim deixou o animal, sem água nem comida, durante dias, até morrer de inanição, seguramente depois de ter passado por doloroso, absurdo e incompreensível calvário. O “artista” considerou o seu feito como arte. A notícia encheu o mundo de vergonha e nojo. Chegaram a correr petições para impedirem a presença do “artista” em exposições. Vejam:

Nas touradas há algo de parecido: a utilização abusiva de um animal que se leva à morte pelo sofrimento.Em Portugal as autarquias de Viana do Castelo, Braga, Cascais e Sintra proibiram a realização de touradas nos seus concelhos. Porque continuam no resto do país?Até a Igreja Católica as vem condenando desde 1567 (Papa Pio V)!O vídeo que aqui coloco ilustra bem até que ponto se leva a tortura numa praça de touros. Não é aconselhável aos mais sensíveis.




sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Desafios

São muitos os desafios, e respectivos selos, que me têm chegado. Aos amigos que mos enviaram, peço desculpa por ainda lhes não ter respondido. Garanto que não estão esquecidos. Hoje dou resposta ao desafio da Malu, do blog Infinito Particular.

1) Uma mania
Esta é permanente: que um dia não haverá crianças a morrer de fome.
2) Pecado capital
Se pecado é entendido como transgressão de preceito religioso, não tenho. Vivo com outros acreditares, sujeitos a permanentes interrogações.
3) Melhor cheiro do mundo
O que exala da terra quando molhada pela chuva
4) Se o dinheiro não fosse problema
Passava o tempo a viajar e a apoiar obras de protecção às crianças.
5) História de infância
(memória) - A construção da minha primeira bola de trapos, que me foi ensinada, com muito saber, carinho e paciência, por um empregado em casa de meus pais, um negro velho e alto, que se chamava Milagre, a quem passei a tratar por Mwata Milagre, e que vive hoje no meu blog.
6) Habilidade na cozinha
Caldeirada de peixe e ensopado de enguias. Dizem, os que provam, que é de comer e chorar por mais
7) Frase preferida
(Uma delas) - Um homem não se pode montar nas suas costas a não ser que elas se inclinem (Luther King).
8) Passeio para o corpo
(Passeios) - Uma noite de amor. Banhos de mar
9) Passeio para a alma
A leitura de um livro.
10) O que me irrita
O Chico Esperto.
11) Palavras que mais uso
(Alinhadas em frase) - Gosto muito de ti.
12) Palavrões
Não uso. Nunca consegui passar do porra.
13) Talento oculto
Não tenho, este ou outro qualquer. Devo acrescentar, porém, que tenho passado a vida a abrir janelas.
14) Não importa que esteja na moda, jamais usaria
Chapéu.
15) Queria ter nascido a saber
Quem criou o Homem, para poder ajustar contas...
(Furo a regra de passar o desafio. Deixo-o à disposição de quem lhe quiser responder. Se o levarem não se esqueçam do selo e de linkarem o blog da Malu. Bom fim-de-semana. Um abraço a todos.)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Do Viajante


O Viajante é personagem que, desde há uns tempos, habita esta cubata com o Mwata e comigo. A última vez que deu sinal de si, contou-me esta história. Hoje, reapareceu para me fazer uma pergunta.

- Achas que quando memórias longínquas se nos chegam a vida está a querer dizer-nos alguma coisa?

Despertei da sesta dormida à sombra de um sonho. Em silêncio, sem saber que dizer-lhe. E vocês, amigos visitantes e leitores, sabem responder ao Viajante?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Quem é este homem?

Fernando Nobre, nascido em Angola, médico especialista em cirurgia geral e urologia, licenciado na Bélgica, fundador e presidente da ONG Assistência Médica Internacional (AMI), é candidato à Presidência da República de Portugal. Afirma que os portugueses precisam de um presidente oriundo da Sociedade Civil, que conheça bem o país e o mundo (conhece 160 países), e que não precise da política. Diz-se não enfeudado a partidos e que avança para a corrida a Belém por “dever moral e cívico” e porque não se conforma em assistir à “agonia lenta de Portugal”.
O anúncio surpreendeu. Um humanista que dedicou a vida à assistência humanitária internacional vira-se, agora, para a política? Contudo, Fernando Nobre não é um recém-chegado ao combate político, embora classifique a sua candidatura de apolítica, deixando antever que, se chegar à presidência, esta também o venha a ser. Nos últimos anos, vestiu a camisola de três partidos.
Em 2002, com Durão Barroso no Governo, participou na convenção do PSD. Quatro anos depois integrou a comissão política e a comissão de honra da candidatura de Mário Soares à Presidência da República, apoiada pelo PS. Nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, em 2009, aceitou ser o mandatário nacional do Bloco de Esquerda. Meses depois, nas autárquicas, foi membro da Comissão de Honra de António Capucho, candidato do PSD à Câmara de Cascais.
Nega os rumores de que o dedo de Mário Soares o tenha empurrado para a luta com Manuel Alegre, também este candidato, a quem o Bloco de Esquerda manifestou já o seu apoio. Esclarece ter conversado “com mais de trinta personalidades” (Mário Soares incluído), e ouvido gente desde o CDS (a direita mais à direita, pelo menos com cara visível) ao MRPP (a esquerda mais à esquerda, se é que alguma vez foi de esquerda).
A Causa Monárquica e os Realistas têm-no como monárquico.
Na sua biografia, publicada no YouTube, conta que é uma árvore numa "ilha que não existe", no Atlântico entre o Brasil, a África e a Europa. “Sou um embondeiro plantado numa árvore mítica, que não existe…”
Quem é este homem?
(Foto gentilmente cedida por José Alex Gandum do blog O Meu Sofá Amarelo)


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tragédia na Madeira

(imagem DN)

Por vezes é necessária a catástrofe para nos darmos conta de que os portugueses são, entre si, um povo solidário. Falo do pesadelo que se abateu sobre a Região Autónoma da Madeira, afinal sobre todos nós. Chuvas diluvianas, ventos fortes e correntes impetuosas de ribeiras alagadas arrasaram a Madeira. Os números estão ainda por apurar, mas sabe-se já terem morrido 40 pessoas, haver mais de 100 feridos e cerca de três centenas de desalojados.
“Precisamos de toda a ajuda”, disse o Presidente do Governo Regional da Madeira. De pronto o País respondeu. Levando consigo o ministro da Administração Interna, o Primeiro-Ministro foi à Região dizer que o Governo da República tudo fará para ajudar. Fê-lo sem hesitações, como era de seu dever. José Sócrates e Alberto João Jardim puseram de lado o que politicamente os separa, uniram-se numa nobre causa, muito acima de interesses mesquinhos: ajudar o povo martirizado da Madeira, metendo, desde já, ombros à gigantesca tarefa de protecção dos necessitados, e de reconstrução que têm pela frente.
Bem hajam!
Sempre aqui disse que mantenho a luz de esperança no meu país.
Ouvem-se já vozes criticando o mau ordenando do território, obras inconsequentes e ineficazes, e interrogando-se, mesmo, se a dimensão da tragédia poderia ter sido evitada. Com toda a legitimidade o fazem. Mais do que um remexer no passado (remexer, obviamente, não condenável), entendo-as como um aviso para o futuro.
Agora, porém, a República está de luto, unida e solidária.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um grito

De tridente em punho, a política e a intelectualidade rústicas, grosseiras e saloias estão a querer evangelizar o meu país. Aprontam-se para me turvarem o futuro, para me roubarem o destino.
Certo jornalismo, pago para se embevecer, auto-ilumina-se, navegando no mar de interesses pessoais e de terceiros. Já busco, com dificuldade, o paradeiro da informação isenta e verdadeira. Aquele jornalismo transformou-se em lixo que se amontoa à minha frente e me intoxica.
Assusto-me.
Cresce-me o pavor ao ver a Casa da Democracia (o Parlamento) ser palco de ópera-bufa, com jornalistas actores de tramas e maquinações engenhosas, e deputados quase chamando por um redentor…
'Não há nada mais terrífico do que ver a Ignorância em acção!"
Palavras de Johann Wolfgang Von Goethe, filósofo alemão.
Acrescento: ignorância e má fé.
Sejam eles quem, ou o que forem, estejam onde estiverem, daqui grito aos deuses para que não deixem o meu país sentar-se à mesa da festa da ignorância e da má fé. Que o libertem do regabofe dos poderosos. Que soltem da cegueira os que não querem ver.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carnaval

Diz o aforismo que no Carnaval ninguém leva a mal.
Não é, no momento porque passamos, o meu caso.
Estou com as entranhas num turbilhão.
Ouvi, na TV, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa chamar mentiroso ao PM José Sócrates. Mentiu, ponto final! Disse ele. Fiquei estupefacto! Embora saiba que Rebelo de Sousa descende dum dos últimos sultões do império colonial, nunca o imaginei a dizer tal. Faltaram-lhe a elegância, a lucidez e o bom-senso com que me habituei a vê-lo e a ouvi-lo, concordando ou não com ele.
Vinte e quatro horas depois, o jornalista Mário Crespo, que diz ter tido uma noticia, travestida de crónica, censurada no Jornal de Noticias, e acrescenta estar a liberdade de expressão em perigo neste Portugal que o acolheu, usou de toda a liberdade da Democracia, bem que só entre nós conheceu, para levar a estúdio, em directo, no Jornal das 9 que apresenta na SIC-N, um filósofo de nome José Gil. Filosoficamente, Gil, que editou recentemente o livro "Portugal, Hoje-o medo de existir", alinhou com Crespo. Saiu-se com uma tirada de grande pensador. Mais ou menos isto, citando de cor: Ainda agora um comentador, que também é político, disse que o PM mente, sem qualquer contestação por parte deste. Faltou-lhe explicar de que área política era o comentador/político. Um lapso de memória qualquer um tem, dir-me-ão. Pois! Já me tinham dito!
Não sou socratiano (muito me afasta das suas opções políticas), nem o meu voto é refém de qualquer partido. Exerço-o, livremente, em cada acto eleitoral para que sou convocado. Mas não posso aceitar o que vi e ouvi.
Por prescrição médica tomo Omeprazol para defesa do estômago na árdua tarefa da digestão. Hoje acrescentei um bem-u-ron, para me livrar das dores. Nada feito! Continuo com as entranhas num turbilhão.
Estamos no Carnaval, eu sei. Por isso me ocorre dizer que tudo isto não passa de uma palhaçada travestida. Esforço inglório me parece será o meu, se pedir aos políticos (incluindo os mascarados de comentadores), e aos jornalistas, mesmo aos que se preparam para deixarem de o ser, bom-senso e clarividência. Mas peço!
Melhor do que os fármacos é hoje chamar Fernando Tordo (música)e o inesquecível Ary dos Santos (letra).
TOURADA

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Dia dos Namorados

O amor dá forma ao sonho mais belo que é a vida.
Sem ele tudo não passaria de um mar morto.

Namoro

Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
E com letra bonita eu disse ela tinha
Um sorrir luminoso tão quente e gaiato
Como o sol de Novembro brincando
De artista nas acácias floridas
Espalhando diamantes na fímbria do mar
E dando calor ao sumo das mangas

Sua pele macia – era sumaúma...
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
Sua pele macia guardava as doçuras do corpo rijo
Tão rijo e tão doce – como o maboque...
Seus seios, laranjas – laranjas do Loje
Seus dentes... – marfim...
Mandei-lhe essa carta
E ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
Que o amigo Maninho tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto – SIM, noutro canto – NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
Pedindo, rogando de joelhos no chão
Pela Senhora do Cabo, pela Santa Efigénia,
Me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.

Levei à Avo Chica, quimbanda de fama
A areia da marca que o seu pé deixou
Para que fizesse um feitiço forte e seguro
Que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.

Esperei-a de tarde, à porta da fabrica,
Ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
Paguei-lhe doces na calçada da Missão,
Ficamos num banco do largo da Estátua,
Afaguei-lhe as mãos...
Falei-lhe de amor... e ela disse que não.

Andei barbudo, sujo e descalço,
Como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
"-Não viu... (ai, não viu...?) não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.

Para me distrair
Levaram-me ao baile do Sô Januário
Mas ela lá estava num canto a rir
Contando o meu caso
às moças mais lindas do Bairro Operário.

Tocaram uma rumba – dancei com ela
e num passo maluco voamos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim!"
Olhei-a nos olhos – sorriu para mim
Pedi-lhe um beijo – e ela disse que sim
E ela disse que sim
E ela disse que sim.
(Viriato da Cruz - poeta angolano, Porto Amboim 1928, Pequim 1973)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Vocês conhecem-me?

As minhas respostas ao desafio aqui colocado no Sábado passado:


1) Escova de dentes: verde (e)
2) Personagem favorita das revistas Disney: Pateta (e)
3) Não me convidem para uma refeição: Lampreia (e)
4) Que cidade, que não conheço, mais gostaria de visitar: Buenos Aires (c)
5) Filme de que gostei mais: Citizen Kane (d)
6) Sonho com: viajar pelo mundo fora (d)
7) Os meus piores pesadelos: precipícios (d)
8) Nos canteiros dos jardins gosto de ver: rosas vermelhas (d)
9) Escritor de que li quase toda a obra: José Saramago (e)
10) A minha música preferida é: blues e jazz (a)
11) Jogo de cartas favorito: King (a)

Rosa Carioca foi a vencedora com 7 respostas certas. Seguem-se Maria João, Teresa, tulipa, ematejoca, Cherry, José e Malu, todos com 5, cada.
Obrigado a todos os que tiveram a paciência e a gentileza de participar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Nelson Mandela



Faz hoje 20 anos que Nelson Mandela foi libertado.




Após longo tempo de perseguição e segregação, e de 27 anos enclausurado numa cela, Nelson Mandela libertou-se das grades com o coração despido de rancores e a cabeça livre de ódios.
"Dediquei a minha vida ao pleito do povo africano. Lutei contra o domínio branco e lutei contra o domínio negro", disse Mandela.
Ao longo do tempo no cárcere, Mandela cultivou a leitura de poemas. Preferia um deles – “Invictus”, do britânico William Ernst Henley (nome dado ao filme recentemente realizado por Clint Eastwood, sobre Mandela): "Eu sou o dono e senhor de meu destino. Eu sou o comandante de minha alma".
Com a força da palavra e do exemplo destruiu o "Apartheid".
Nelson Mandela saiu da prisão para a eternidade.
O mundo ficou mais livre.
A Humanidade muito deve a este notável e invulgar homem que é Nelson Rolihlahla Mandela, exemplo de vida e de postura política e humanista, que deveria ser seguido por quem dirige os destinos dos povos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Deixa-me desenhar-te!

Estou de visita à rua da minha vida.

Seja o que for que outros nela tenham visto, dela guardava a imagem de um corpo a duas partes. Olho do fim da ladeira, que lhe dá início. Avisto a rua Ele. Não como a recordo. Está diferente.
Dos seus cabelos está a ir-se o negro. Passa-lhes trincha a branqueá-los. Rios correm-lhe pela testa, que se alonga por entradas cavadas. Pequenos ribeiros sulcam-lhe a face. As sobrancelhas encorparam, são agora negras e espessas, dois bosques de pinho bravo e rebelde, crescendo desordenados. Um caminho, ainda escuro, não caldeado pela poeira do tempo, cruza-lhe a barba. Como eram, os seus olhos permanecem grandes, largos, profundos, de brilho saltitante, sempre à procura do olhar cúmplice e companheiro. Os seus lábios movem-se num sorriso a querer chegar ao centro do Mundo. As palavras da sua voz ouço-as mais serenas, repousadas e aconchegantes. Falam do muito que ainda têm para dizer.
Subindo um pouco, é a rua Ela que vejo.
Envolve-a uma brisa elegante, por certo vinda da Primavera, ondulando-lhe o cabelo e o peito, estreitando-lhe a cintura, por ela descendo até pousar suavemente no chão, e por ele caminhar de passo curto e seguro. Os olhos lá cintilam vestidos de verde do mar e de azul do céu, o nariz de graça arrebitada. O riso de menina também. Traços do giz do tempo ajeitam-se-lhes nas maçãs do rosto, alindando-o. Reparo, agora, que a fala se lhe mudou, é mais tranquila, solta as palavras sem pressas, dando-lhes o sentido íntimo de vida a dois. Passa, serena, transportando, na concha das mãos, os afectos e desafectos, para a rega dos dias com que continua a construir a vida.
Rompe a madrugada. Avisto, ao fundo da rua, Ela e Ele caminhando de braço no namoro.
É tempo de terminar a visita. Debruço-me sobre as pedras da calçada, bordejadas por musgo verde. Delas recebo duas flores que se me estendem. Regresso a casa com elas abraçando-me o coração.


(Texto para participação no tema Velhice da Fábrica de Letras)



domingo, 7 de fevereiro de 2010

Vocês conhecem-me?

Este é um desafio, que recebi da ematejoca. Aqui o deixo aberto à paciência dos visitantes, que se disponham a responder. No próximo Sábado, ou Domingo, publicarei as respostas. Vá, então digam lá se me conhecem.

1) A minha escova de dentes é branca e...
a — Laranja
b — Vermelha
c — Azul
d — Roxa
e — Verde

2) Qual destas era a minha personagem favorita das revistas Disney?
a — Tio Patinhas
b — Zé Carioca
c — Minie
d —Pato Donald
e — Pateta

3) Não me convidem para uma refeição de...
a — Sushi
b — Cozido à portuguesa
c — Sardinhas assadas
d — Caldeirada à fragateiro
e — Lampreia

4) Que cidade, que não conheço,mais gostaria de visitar?
a — Chicago
b — Riga
c — Buenos Aires
d — Rejkiavik
e — Palermo

5) De qual destes filmes gostei mais?
a — Casablanca
b — A Vida é Bela
c — Slumdog Milionaire
d — Citizen Kane
e — O Leitor

6) Sonho com...
a —Michelle Pfeiffer
b — Nada de especial
c — Viver até aos 100 anos
d — Viajar pelo mundo fora
e — Tornar-me famoso

7) Os meus piores pesadelos são com:
a — Cobras, lagartos ou crocodilos
b — Aranhas
c — Acidentes
d — Precipícios
e — Monstros

8) Nos canteiros dos jardins gosto de ver...
a — Hortênsias
b — Margaridas
c — Violetas
d — Rosas vermelhas
e — Cravos brancos

9) Dos escritores que se seguem, de quem li quase toda a obra?
a — Agatha Christie
b — Richard Zimmler
c — Günter Grass
d — Émile Zola
e — José Saramago

10) A minha música preferida é...
a — Blues e jazz
b — Gospel
c — Eletrónica
d — Rock and roll
e — Heavy metal

11) Qual é o meu jogo de cartas favorito?
a — King
b — Canasta
c — Sueca
d — Poker
e — Bridge

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O meu País

Qual tábua de ponte quebrada, o meu País anda enrodilhado por ondas alterosas, que nem as dos mares que naufragaram Ulisses.

Cruzam-se ventos, soprados por consciências pesadas. Espíritos atormentados alçam bandeiras do diz-que-disse. Erguem-se barricadas. Numas e noutras contam-se espingardas, dispara-se artilharia pesada.
A classe política, sentada à boa mesa, troca mimos quase roçando o insulto. Há "bruxas" entre os dirigentes e "inqualificados". A Oposição quer governar. O Governo opõe-se! É o apocalipse, dizem uns!
Na banda a passar vai a comunicação social com "débeis mentais", denunciadores apressados, "Yes-men" acocorados, e outros que não sendo uma coisa nem outra, vão tentando que a tábua se mantenha à superfície.
A Primavera ameaça não querer nascer. O Inverno persiste em medrar.
Agarrado à rocha, continua o mexilhão.
Cresce o mar, sobe a maré. O meu País parece afogar-se.
Estamos todos a precisar de coletes salva-vidas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mário Crespo

Estranha história, ou talvez não!
Eduardo Cintra Torres, crítico de televisão do Público e professor da Universidade Católica escreveu a 10 de Janeiro de 2009 naquele jornal: “Crespo é hoje um verdadeiro porta-voz dos interesses informativos do Governo, um operário do agenda setting da central de propaganda.”
A 2 de Maio daquele ano, Cintra Torres voltou a falar de Mário Crespo para explicar que não cometera um erro de avaliação, mas que fora o jornalista quem dera uma cambalhota, por não lhe ter sido dado o lugar que ambicionava em Washington. Escreveu:
«Mário Crespo andou um tempão a servir a agenda do governo no seu programa Jornal das 9. A cadeira dos convidados parecia a cadeira do poder, de tanto que nela se sentaram os ministros Silva Pereira e Santos Silva. No auge desta opção editorial, o jornalista afirmou em entrevista ao Semanário Económico (15.01.09) que nas próximas eleições "provavelmente" votará (ou votaria) Sócrates; e noutra entrevista, ao CM (12.01.09), disse que "provavelmente" irá (ou iria) em breve para Washington por grandes temporadas (por coincidência, foi anunciado esta semana pelo Diário da República que o próximo conselheiro de imprensa em Washington será Carneiro Jacinto, ligado ao PS). Entretanto, a linha editorial de Crespo mudou, e de que maneira, quer no seu programa, quer nos seus artigos de opinião no Jornal de Notícias. Passou a criticar abertamente o poder PS; os ministros políticos do governo já não aquecem a cadeira do Jornal das 9. Crespo não explicou a sua radical mudança editorial (…). Mudar de opinião não é crime, nem para um lado nem para o outro, mas 180 graus é muita mudança.»
Crespo volta, agora, a ser falado por o Jornal de Notícias não ter publicado um texto seu, entendido por si como artigo de opinião, mas que não passa de uma notícia elaborada com base numa conversa de restaurante, que não ouviu, apenas lhe chegou por e-mail. Notícia a carecer de confirmação e de abertura de espaço ao contraditório, em obediência às regras jornalísticas, como lhe esclareceu o director do jornal. Não forneceu quaisquer dados. Para ele a questão era simples: ou o texto era publicado, ou deixaria de escrever para o jornal. Deixou de escrever. Soube-se, depois, que um dos intervenientes na conversa foi Nuno Santos, director de programas da SIC, tendo este afirmado, publicamente, que as coisas não se passaram como Mário Crespo as relatou.
Tudo isto acontece na véspera do lançamento de um livro de crónicas de Mário Crespo. Livro editado por Zita Seabra, antiga militante do PCP e actual deputada do PSD, com prefácio de Medina Carreira, comentador residente do programa Plano Inclinado, que o jornalista apresenta na SIC Noticias.
Curiosamente o texto não publicado pelo Jornal de Noticias veio a público no site do Instituto Sá Carneiro (PSD). Site que o jornalista disse não saber “sequer que existia”. Ainda curiosamente, Crespo não apresentou ontem o Jornal das 9 na SIC. Esteve ausente nas Jornadas Parlamentares do CDS, a convite de Paulo Portas, para, como “especialista em política internacional”, falar do ano de governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em quem ele não votaria, se fosse norte-americano, como o disse em entrevista.
Estranha história esta! Apenas uma certeza – o lançamento do livro de Mário Crespo vai ser de sala cheia! Tem, para já, o apoio solidário de Manuela Moura Guedes e de José Eduardo Moniz. Muita outra gente aparecerá a comprar o livro de um autor que, como ele próprio diz, deu “…aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal.”


(Conheço pessoalmente Mário Crespo. Segui com interesse muito dos seus trabalhos criticando a realidade que nos cerca. Longe estava de imaginar que um dia faria uma notícia, cujo centro é ele próprio, num olhar para o umbigo confrangedor. Notícia que quis transformar em artigo de opinião. Estará a considerar-se um iluminado?)