quinta-feira, 31 de março de 2011

Um PEF e um PES contra o PEC

Foram hoje publicadas no Diário de Notícias as linhas gerais do programa de governo (PG) do PSD, elaborado por uma equipa comandada por Eduardo Catroga, que foi ministro das Finanças do III Governo de Cavaco Silva, entre 1993 e 1995. Pode ler-se que o PG nasceu de “inputs internos (trabalhos do GEN, da CRI e do IFSC) e de inputs externos (Thinks Tanks e contributos de personalidades a titulo individual), bem como das conclusões a actas do relevante processo de actualização do Programa do Partido.” A equipa de Catroga assentou o PG em cinco pilares. Neles se propõe um PEF e uma ACCE, e se fala do SPA, do SEE, das PPP e das IPSS. Diz o documento que se o PSD chegar ao Governo aplicará, com urgência, um PEF (Programa de Estabilização Financeira) e um PES (Programa de Emergência Social).

Estou esclarecido! Ó da guarda!

sexta-feira, 25 de março de 2011

De quando o tempo foi assim


É um homem sem dentro, que ali está sentado, a olhar o mergulho do Sol no outro lado da mata.
Desgovernado o suor corre-lhe da testa, inunda-lhe os olhos forçando-lhe as lágrimas. Estas chegam-se-lhe aos lábios neles deixando não o habitual sabor da vida, mas um saibo a fel.

Revive a emboscada. O metralhar das armas, o silvo das balas, a gritaria. Depois o silêncio e o levantar servindo-se da arma como um bordão de fogo sujo. “Não há baixas!”, ouve.
Dá um passo. Quase tropeça num corpo estendido. Baixa-se. Vê uns olhos abertos de medo, un tronco descoberto, umas pernas vestidas de calças esfarrapadas e uns pés nus de planta grossa e encarquilhada denunciando muitas rugas de terra percorridas. Aproxima-se um pouco mais. O corpo diz-lhe:
“Já mataste tudo o que tinhas dentro de ti. Precisas, também, de me matar?”.
Olha, de novo, os olhos de medo, que agora choram. Levanta-se e fala-lhe:
“Vai!”. Deixa-o sair, correndo capim fora.
Já o Sol se pôs. A noite desenha a silhueta das árvores. Nunca, antes, as viu assim. Parecem ter medo do dia de amanhã. No céu as estrelas escrevem a fogo:
“Já mataste tudo o que tinhas dentro de ti. Precisas, também, de me matar?”.

terça-feira, 22 de março de 2011

Mentira, hipocrisia e não só!


Líbia

- Um avião militar F-15 Eagle, dos EUA, despenhou-se na Líbia, segundo fonte das forças armadas norte-americanas - .

(Informação da inglesa BBC e da francesa AFP)

Destapa-se a mentira: os norte-americanos estão mesmo directamente envolvidos nas operações militares, e não apenas em apoio de rectaguarda a partir de uma base sua na Alemanha.
Fica-se a saber, por outro lado, que se joga no tabuleiro da semântica: os norte-americanos despenham-se, os líbios são abatidos!
A reter (Os novos cruzados):
Afeganistão:
- Militares americanos posaram com civis mortos como “troféus” –.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Para que os canteiros voltem a florir

Que as ruas sejam pequenas!


Do Mwata

Regresso após uma ausência forçada por um deslize de saúde, que não passou de uma, mais uma, pedrita no caminho. Coisa de somenos de mim não afastando a crença de que ainda há vidas para viver. As alheias, e a que é minha. Tão só! Simples, como a realidade de ser.
Retorno na véspera da noite em que a Lua será mais cheia, mais luminosa e estará mais próxima do que é costume. Encostar-se-nos-ás mais do que é seu hábito. Sempre imaginei a Lua como um ser plural, tal como o Universo. Talvez por isso acredite que ela agora se nos chegue um pouco mais, querendo ver o que por cá andamos fazendo, quiçá, também, querendo saber o que verdadeiramente somos. Que assim seja. Não será por isso que me agarrarei a novas crenças ou a diferentes ânsias.
Por mim, aproveitarei a oportunidade para lhe perguntar se ela, como eu, ouviu isto:
“Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar”.
Extracto de um discurso feito na última Terça-feira, por ocasião dos 50 anos da guerra colonial, pela criatura que parte dos Portugueses recolocaram em Belém como PR.
O ditador que, qual pigmeu, foi derrubado por uma cadeira enjoada e cansada de o ter sentado, não diria melhor.
Acredita a juventude de agora que os jovens dos anos 60 (um milhão) partiam para a guerra colonial com DESPRENDIMENTO, felizes e contentes, como licença para matar no bolso, coração para serem mortos, e vontade de serem heróis, deixando ao abandono forçado famílias, estudos e trabalho?
À Lua vou perguntar, sobre o senhor de Belém:
Sabe ele o que é, que alma tem, se é que alguma tem?


sábado, 12 de março de 2011

À Rasca (2)

Terão sido trezentos mil, em protesto por todo o País.

Em Lisboa
Cartazes:

1) – Empunhado por uma jovem:
“Licenciada, em caixa do Pingo Doce”;
2) – Nas mãos de mulher com cara de mãe de família:
“ Jovens à rasca.
Pais à rasca.
Avós mega à rasca.
Famílias à rasca.”

Vozes:

1) – De homem com filho ao colo:
“Vamos ver o que podemos fazer pelo nosso país.”
2) – De mulher, a caminho de ser idosa:
“ Faz-me lembrar o 25 de Abril. Sabe-me bem!”.
///////

E agora?

sexta-feira, 11 de março de 2011

À Rasca

“Estou à rasca!”.
Gritará amanhã uma voz, na Praça Tahrir cá do burgo. Lá ao fundo, emergindo das águas gélidas do Tejo, uma outra responderá, cansada:
“À rasca estou!”.
A meio da avenida, um microfone captará o comentário: “É por isto tudo e muito mais que faz sentido esta manifestação pela demissão de toda a classe política, que julgo será no próximo Sábado.”
Num banco dos passeios alguém sentado parece indiferente. Mas, não o está. Vai olhando para quem passa e balbuciando: Será que estão a dormir? Será que haverá amanhã quem capaz seja, ou se atreva a escrever o que isto poderia ter sido?”.
Em Belém, o PR, que resolveu ter rasca na ossadura, apronta-se. Já lhe vestiram o avental emprestado, empunha o megafone alugado, e, ensaia frente ao espelho: “Avante jovens, foi por vós que me recandidatei, vamos a eles!”. Senta-se no sofá, olhos na TV, dando a mão à Dona Maria, que está, como sempre, a seu lado e não atrás, e, hoje, de folga dos netos.
Pergunta-lhe a senhora, baixinho: "Então...!?".
Responde-lhe ele, uma oitava acima: "Então o quê...!?".
Os deolindos interrompem a marcha, em compasso de espera…

//////////
A propósito do dia de hoje, em que se assinalam 36 anos de uma data importante na História da Democracia Portuguesa, proponho aos meus amigos e seguidores a leitura do que escreveu Carlos Barbosa de Oliveira no seu "Crónicas do Rochedo".

sábado, 5 de março de 2011

Dia da Mulher

Por não querer juntá-lo ao dia de Carnaval, assinalo-o hoje republicando o meu texto (reescrito) de 2010.

A ti, que não precisas de ti para existires, e és, muitas vezes, flor sem haste.
A ti, que todas as manhãs saúdas o Sol sem nunca lhe dizer adeus.
A ti, que de impulso em impulso, de ousadia em ousadia, venceste sonhos e pesadelos, viveste amores alucinados, desvarios, paixões desfeitas, sentires sossegados e dores de mágoa, ultrapassaste fúrias, não te perdeste em abismos, e te fizeste árvore frondosa, guardiã de jardins de cores e sons.
A ti, guerreira teimosa, amazona de rédea solta, cavaleira do sol e da lua, da chuva e dos ventos, reverdescendo os trilhos por onde passas neles libertando o aroma da vida.
A ti, virgem, mulher, amante, menina velha, prostituta.
A ti, que rezas e maldizes.
A ti, que dás vida, trazes a aurora em voo livre. A ti, seiva.
A ti, que de sorriso florido, ou de beleza escondida em olhos tristes, qualquer que seja a cor da tua pele, o traço do teu rosto, e desenhem o que desenharem as linhas da tua mão, é vermelho o sangue que te banha as veias e te alaga o coração.
A ti, Mulher Menina da minha terra longínqua, que de filho às costas, moringa na mão e quinda à cabeça calcorreias descalça as passadeiras da ilusão procurando paz e pão.
A ti, virgula, pausa retemperadora, têmpera do aço em que a vida escreve o seu livro, fêmea prenhe, mãe do Universo, ponteiro das horas do Mundo.
A ti, que iluminas becos escuros, rasgas avenidas e alamedas, e percorres caminhos levando a vida pela mão.
A ti, que choras, sofres, morres e ressuscitas.
A ti, que danças em salão, no coreto, na rua, ou apenas no teu sonho.
A ti, sedução, amor, traição, ciúme, revolta, tempestade, saudade gritada, bonança.
A ti, flor e espinho, sabor dum instante, momento de fulgor, carícia dum presente, choro dum desencanto, esperança dum futuro.
A ti, companheira, mãe e avó, colo e seio de aconchego, ombro de repouso, porto de abrigo, sal de destemperos, ninho de amor. Presença sempre.
A ti, Mulher, ofereço a flor que ali está.

terça-feira, 1 de março de 2011

Libia

Armas de destruição massiva!?
A Europa diz-me muito preocupada…:

"Obviamente que esse assunto causa grande preocupação, para além de tudo o resto relacionado com a situação na Líbia, mas é preciso não esquecer que quando falamos de armas de destruição massiva, essa não é uma responsabilidade única da Europa, há outras organizações internacionais com competências mais adequadas para tratar do assunto, mas sim é uma situação muito preocupante".

Palavras da porta-voz da representante da União Europeia para a Política Externa, Maja Kocijancic, em declarações à Antena 1.


Onde é que eu já ouvi isto?
Cheira-me a esturro…!