Era Domingo quando embora foi sem
prevenir, porque assim o quis a dor. Abalou.
Foi andando com o pensamento
pelas costas, carregado de palavras que lhe diziam ser ele o seu dono, sim, e não
uma carta de jogar. Fora, baralho podre e viciado!
Adormeceu no exílio do seu eu.
Desperta acordando de si.
Olha para trás. Quando partiu não
chovia.
Agora, de regresso, vê o seu país
fustigado pela dibanda. Pára entre duas gotas. Vê à frente e atrás, à esquerda
e à direita. As armilas já lá não estão. A eclíptica, o equador e os meridianos
desapareceram. O vermelho escarlate é laranja e o verde amarelo.
Volta a olhar, não vá a chuva fazê-lo
entrar em disfunção. Vê o mesmo, e mais: o país está encarquilhado. E, como em
dizer de Saramago, para aqui trazido, as nuvens estão ali pardas e pesadas.
Então solta o pensamento e
pergunta-lhe:
- De quem é este funeral?