Na sua crónica, no último número da Visão (395), escreve, a dada altura, José Pacheco Pereira: “…o que transpira no actual discurso governamental é não só indiferença face ao empobrecimento generalizado dos portugueses, como a ideia implícita de que esse empobrecimento é moralmente bom, “purifica”, regenera. Salazar pensava assim, que a pobreza era uma virtude e muitos dos nossos governantes, como acham que tudo o que a mão do Estado toca é por natureza impuro, aconselham dieta aos magros, como se a mortificação a que eles presidem fosse um castigo divino executado pela troika e seus mandantes…”
E, mais adiante:
“…Passos Coelho retirou 25% do poder de compra a centenas de milhares de portugueses, que estão longe de ser mais do que remediados, na melhor das hipóteses, e não teve para com eles uma palavra sequer. Bem pelo contrário, apontou-os no dia seguinte como privilegiados, e como alvo para todos os trabalhadores do sector privado…”
JPP não descobriu a pólvora! Todos sabemos disto! Sabemos…!?
Não há muito tempo tive conhecimento de um “estudo de opinião” sobre as medidas de austeridade que foram e nos serão impostas. A maioria dos habitantes da sanzala ouvidos não discorda e até considera que elas contêm “alguma razoabilidade”! Talvez os satisfaça saber que o pão dos ricos paga um IVA igual ao do pão dos pobres. E continuam cantando e rindo, ululantes, incendiando estádios de futebol, e correndo a ouvir o fado, agora, orgulhosamente, Património Cultural Imaterial da Humanidade. Lá para Junho do próximo ano estarão agarrados aos televisores, gritando, possessos, aplaudindo ou vaiando os artistas do pé na bola do ajeitado Paulo Bento. Pobretes e alegretes, estes portugueses lá vão navegando por mares das alegrias dos tristes.
Li algures, a propósito da mexedela nos feriados, que “para bem do negócio e da Fé”, se deveria instituir o dia 13 de Maio como próximo feriado nacional!
Passos Coelho e os seus purificadores estão nas suas sete quintas.