quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vamos ouvir?

Você Abusou

Você abusou
Tirou partido de mim
Abusou
Tirou partido de mim
Abusou
Tirou partido de mim
Abusou

Mas não faz mal
É tão normal ter desamor
É tão cafona sofredor
Que eu já nem sei
Se é meninice ou cafonice
O meu amor

Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam o coração
Como expressão

Que me perdoe
Se eu insisto nesse tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa
Que não seja o amor

Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam o coração
Como expressão

(António Carlos e Jocafi)

A comunicação do PR


O PR falou!


Desta vez, isto é só um supor, os seus assessores não o devem ter aconselhado a falar, mas nada dizer (Clube dos Jornalistas, lembram-se?). Disse nunca se ter referido a escutas (então não há escutas nem espionagem sobre Belém, nem nunca houve!?). Quem inventou a novela? O PR não esclareceu mas cá para mim fiquei com “sérias dúvidas”. Foi, ou não, um seu assessor? Se foi devia tê-lo dito e desautorizado o dito. Qual era o problema? Não diz o anexim que no melhor pano cai a nódoa? Se não foi porque é que o afastou das lides com a comunicação social, mantendo-o ao serviço na Casa Civil? “Para que não restassem dúvidas na opinião pública”. Ó Senhor PR, as dúvidas são agora maiores. A mim cheira-me muito a gato escondido com o rabo de fora…
A propósito do tal e-mail que o Diário de Noticias publicou, e que nunca foi desmentido, disse o Senhor PR que aquilo era manipulação para o encostar não sei aonde ou a quem. Ó Senhor PR, se a Dona Maria o ouviu não deve ter gostado nada da conversa!
Dois deputados do partido do Governo disseram no Verão, quando o Senhor PR estava de férias, não em justo e merecido repouso, mas analisar leis para promulgação (esforço a que a Pátria foi sensível) que o PR devia explicar aquela cena de gente da sua Casa Civil ter ajudado na elaboração do programa eleitoral do PSD. Mentira! disse o PR, ultimato, manipulação é o que é! Ó Senhor PR, a gente já sabia daquilo, revelou-o um jornal e também (!!!) o site do partido da senhora que queria ser Primeira-Ministra! Mentiu o jornal, mentiu o site e os deputados aldrabaram! Só o Senhor PR é detentor da verdade! Com todo o respeito, Senhor PR, não acha que deveria ter sido mais comedido? Quer-me parecer que vai ter que reeducar mais dois ou três assessores!
Disse o Senhor PR que não se deixa manipular nem cede a pressões! Também já sabíamos. Não é preciso ir muito longe, basta lembrarmo-nos da aprovação da nacionalização do BPN (célere como nunca!), da intervenção no caso TVI, etc.
Uma coisa me preocupou: a história de ontem ter descoberto a vulnerabilidade dos computadores! Só ontem!? Obama (aquele Senhor negro que é Presidente dos Estados Unidos), o Kremlin, os bancos de todo o mundo, e até eu que tenho este pequenote PC onde estou a escrever, para não falar de outros, já o sabíamos.
Fico triste por o PR de Portugal só ontem o ter descoberto. Por este andar há mais uma mão cheia de assessores que vai para reciclagem. O Senhor PR corre o risco de ficar só, o que é pena, a solidão não faz bem a ninguém, a não ser quando desejada…
Com a sua declaração, o Senhor PR pôs as instituições de sobrolho franzido (o que é pouco saudável), abriu guerra ao partido do Governo. Escaqueirou a louça toda. Quem vai agora apanhar os cacos?
Será que o Senhor PR está a preparar-nos (ia dizer manipular-nos, mas não digo!) para a não indigitação de José Sócrates para a formação de Governo? Se está, acho que não deve ir por aí. Sócrates que forme Governo, o Senhor PR que o aprove e o lance às feras na Assembleia da República. Se Sócrates não conseguir pedalar a bicicleta, então que venha outro. A Democracia tem disto e eu gosto dela, enquanto se nos escaparem o engenho e a arte para criarmos algo melhor.


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Post de urgência!

Lá para a hora do jantar, o Senhor PR vai fazer uma declaração à comunicação social. Disse bem, não é uma comunicação ao País, mas um falar para os jornalistas, sem que estes tenham direito a perguntas. Quem terá sido o assessor? Ou será acessório? Bom, para que passemos o resto da tarde preparando-nos para o embate, sem recurso preventivo ao ácido acetilsalicílico (podiam ter arranjado uma palavrinha menos musculada!), deixo aqui Chico Buarque/Vinicius de Moraes e a Valsinha.
Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz
(Chico Buarque/Vinicius de Moraes)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eleições legislativas

Dois perdedores

O PS de José Sócrates ganhou as legislativas. Contas são contas, 36% dos votos, não há volta a dar, venceu! Mal menor!? Co-vencedor foi o CDS-PP de Paulo Portas mais os descontentes do PSD de Manuela Ferreira Leite, mais os descontentes do PS e novos votantes que acreditaram no político postiço que quer comandar a direita. O PSD não conta nesta história, já estava moribundo antes do escrutínio. Adiante direi porquê, na minha opinião.
Houve dois perdedores: o Presidente da República e o Bloco de Esquerda.
O folhetim das escutas, ou da vigilância sobre Belém, como lhe queiram chamar, levou o PR a demitir um seu assessor, remetendo-se depois a um silêncio comprometedor. Um disparo sobre o pé e um tiro de canhão sobre MFL e o seu PSD, estilhaçando-os completamente. Retirou à senhora toda a retórica sobre a verdade, deixando-a desamparada, sem sustento, e só com a sua “asfixia democrática” que acabou por esvaziar com a história das listas e a ida à Madeira. Fulminou uma líder, com muita laca na cabeça, que queria ser Primeira-Ministra. Fez dum partido um defunto.
Ao atirar sobre si próprio, o PR ficou a pé-coxinho. Vai ter que andar dois anos de canadianas, a ver se recupera da fragilidade adquirida. De entre outros, Marcelo Rebelo de Sousa está à espreita, olhando para as presidenciais de 2011. O PR perdeu estas legislativas e poderá, eventualmente, ter perdido as presidenciais de 2011. Duplo perdedor!
O Bloco de Esquerda aumentou o número de deputados, é certo. Chegou ao meio milhão de votos, é verdade. Quis ser o centro da Esquerda, mas não é. Ansiava por dizer a Sócrates: queres aprovar esta lei, precisas dos meus votos, tens que negociar e deixar de ser arrogante. Pretensão falhada! Se Sócrates quiser aprovar uma lei à esquerda não chegam os votos do Bloco, vai ter que pedir também os da CDU, coligação que ficou em 5º, mas elegeu mais um deputado. Se a via de Sócrates for a da esquerda, hipótese em que poucos acreditam, não será o Bloco a estar no centro. Para além daquela ânsia por concretizar, o Bloco de Esquerda de Francisco Louçã viu o CDS-PP fazer-lhe uma chicuelina e passar-lhe à frente. É Paulo Portas que tem agora os votos que somados aos de José Sócrates chegam para uma maioria! Como o PR, Louçã muito vai ter que caminhar para não desconvencer o meio milhão de votos.
Foi aqui que se chegou!
PS - Quando a Senhora que queria ser Primeira-Ministra deixar de mandar Lázaro pode ressuscitar. Já estou a ver o PSD, em bicos de pés, aos acenos!

Quatro perguntas a três blogs!

Começo hoje a distribuição de um selo.

Perdoem amigos e visitantes a minha falta de jeito para a elaboração de selos. Penso ser o conteúdo mais importante que a forma (acho que me safei!). Este veio lá de dentro, ali daquele espaço no coração onde tenho vindo a guardar as amizades blogosféricas, e tantas são! Porquê três blogs? Não faço ideia, talvez pela Santíssima Trindade (para os que nela crêm); os três poderes - legislativo, executivo e jurídico (destelhada coabitação!); Os Três Mosqueteiros ( D' Artagnan baralhou as contas); as três Marias (as da Bíblia); os três que fintaram as últimas legislativas (são mesmo birrentos!); as três pancadas espaçadas de Molière; e esses tais de três que hoje, viste-os! Depois dos três (blogs!) que indico, outros se seguirão, mais para diante, que é grande a minha lista, e todos são para mim importantes. Três regras: identificar o remetente (pois então!), responder a quatro perguntas e enviar selo e perguntas a três blogs, avisando os destinatários. As perguntas são quatro e não três para não correr o risco de dizerem que só me atiro aos ímpares!

As perguntas:

1) - Se o azul não existisse de que cor pintaria o ceu?
2) - Há um mar vago. Onde o põe?
3) - Se encontrar um sonho perdido o que é que lhe faz?
4) - Ir por aqui ou por ali. Qual a escolha?

Blogs de destino:


domingo, 27 de setembro de 2009

Nasceu o Domingo


Hoje é o dia do voto.
Com vossa permissão, queridos amigos e visitantes


O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe,
da farinha, da renda de casa, dos sapatos, dos remédios,
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e
enche o peito de ar dizendo que odeia a política.
Não sabe, o idiota,
que da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos
que é o político vigarista, aldrabão,
o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.
(Bertold Brecht)

sábado, 26 de setembro de 2009

Lá vai ele!


Neste Sábado de Outono em que o hoje se está a tornar amanhã e esta em depois, ouço a poesia e a música e, de repente, vejo o Tempo a passar sem um aceno, nem sequer dizendo já volto!


Já lá vai o tempo em que o Tempo me dava tempo.

Agora, não. Já pouco me cede, e nem por empréstimo se alarga, um nico que seja, antes se encolhe.

Magoa-me, dói-me.

Para além dos padecimentos físicos, põe-se a arranjar-me outros, a ele não lhe falta o tempo para me mortificar, e passa o tempo a dissimular como um fingidor.

Ora me diz que sim, está tudo bem, abrindo-me alentos, ora me amanhece com penares e interrogações, ora me inquieta e desassossega o sono despertando-me com outros oras, roubando-me o tempo do retempero. Quer que eu caminhe sem andar, que ouça sem escutar, que veja sem enxergar, que chore sem lágrimas, que ria sem riso, que grite sem voz, que sonhe sem sonhos, que sofra com dor. Que me zangue sem ira. Que seja inútil e estéril.

Só não diz, nem disfarçando, a que tempo se irá o Tempo.

Mas, o que seria dele sem mim? Nada!

Tenho razão e coração. E ele? Falta-lhe uma coisa, desconhece a outra. Ouço e gosto de ouvir e ver. Olhar o dia, que me traz a luz, os sons e os odores lá de fora, a chegar-me de manhã pela janela semi-cerrada, às vezes de madrugada, e, quando é Primavera, a deixar-me acompanhar o esvoaçar das andorinhas à procura dos beirais, pelo ar aos arrebiques, pintando-me o carro com os seus dejectos ácidos, ou de ver o vizinho que calcorreia, rápido, a rua a caminho da nova pastelaria em busca do croissant acabadinho de sair do micro-ondas. E mesmo no Inverno, quando chove e graniza, ou a luz não é a do Sol mas a de um relâmpago. E ele? Que vê ele?

Quando choro de dor, do magoar que ele insiste em pegar-me, tenho uma mão amiga que me afaga a face, me olha nos olhos e me sustém as lágrimas. E ele?

Quem lhe dá um ombro suave para repousar a cabeça e lhe fala de coisas simples como pagar a conta da água ou do telefone, cada vez mais caras, ou prenuncia a discussão que está para chegar e não atira as zangas para amanhã, das compras a fazer vinda a bonança, ou, ainda, das férias que se hão-de gozar, dando-lhe a consciência de que ainda vive?

Andou ele, alguma vez, por poças de água de caminhos molhados. Deitou-se ele, alguma vez, no capim encharcado depois da chuva? Quando bebeu ele água das lagoas ou rios, depois de neles ter mergulhado, levando-a à boca com as mãos? E o funge, o pirão e o jindungo? Sabe ele o que são? Jogou ele, alguma vez, de pé descalço, com bola de meia enchida de trapos, na lama dos musseques?

Amou ele, alguma vez, ao luar sobre a areia da praia, arfando de amor?

Ouviu ele, alguma vez, o riso ou o choro de uma criança do mesmo sangue, mais lindos do que os brilhos das estrelas, encostada ao peito, aonde se aconchega para um sono tranquilo e seguro?

Teve ele, alguma vez, tempo para tudo isto? Não, só para me tirar o tempo!

Entre mim e ele corre tudo o que nos separa.

Quem o inventou, quem o trouxe para o meio da gente?

(publicado em Junho que o Tempo levou)


Eleições à vista!

As eleições são amanhã. Hoje é feriado na disputa eleitoral. Chamam-lhe o dia de reflexão. Não vou pôr-me aqui a meditar. Já o fiz ontem, e antes, e antes, e antes.
Tiro este Sábado só para nós, amigos visitantes. Vamos ficar com a poesia e a música.
Que melhor há para um feriado eleitoral!? Amanhã o dia vai, certamente, amanhecer em paz!


Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul

Eles não sabem que o sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista

Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança

Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim

Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora

Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar

Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança
(António Gedeão)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Diz-se!

A vida não está para milagres!

Subscrevo.

O meu acordo, porém, não é de agora. A vida, nunca foi fácil ou complacente. Custou sempre a fazer, criar, formar, obrar, construir, compor, eu sei lá!
Desculpem ter caído na tentação (espero livrar-me do mal) de imitar um senhor das campanhas eleitorais que anda pelas feiras e lavouras a sinonimizar, e gosta de música celestial.
Ah, a vida!
Ou lhe pegamos e a amassamos com mãos solidárias, a temperamos com o bem, o amor ,liberdade,família, paz, fraternidade e uma pitada de sal, por vezes outra de pimenta, sem omnipotências divinas, ou quando destaparmos o regaço não estarão lá rosas, não! Apenas piteiras de espinhos aguçados como as da terra onde nasci, e de outras que também medram por cá, estas já a metamorfosearem-se em vegetais carnívoros.
Ah, as omnipotências!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

No reino do faz de conta




“…agarra-se a essa coisa mítica que é a crise.”



Ouvi bem, pois! Disse-o, na rua, a Senhora candidata a Primeira-Ministra. A televisão, indiscreta, passou e eu ouvi, dentro de casa.
Deu-me que pensar! Julgava eu que a crise era (e… é) um “monstro” que se pôs a devorar meio mundo, e Portugal também, como em linguagem diferente mas querendo dizer o mesmo, afirmam os economistas. Um “monstro” real, verdadeiro, que é preciso combater sem tibiezas. Pensava eu…
Afinal, nada de preocupações, a dita não passa de uma “coisa mítica”.
Mítico, ou mítica, significa relativo aos mitos, fabuloso. Mito? Diz aqui o “tira-teimas”: “ Personagem, facto ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza não obstante uma generalidade que devemos admitir. Coisa ou pessoa que não existe, mas que se supõe real. Coisa só possível por hipótese; quimera”
Já agora, e fabuloso? “Da fábula ou a ela relativo, mitológico, inventado, fictício”.
Para a Senhora que quer ser Primeira-Ministra (também é economista, não é?) a crise é uma coisa que não existe, uma quimera, uma invenção, algo de fictício! Ora bem…!
A Senhora que quer ser Primeira-Ministra vive, por certo, no mundo do faz de conta. Escapou-se-lhe a palavra para a “coisa mítica”, mas o que ela queria dizer é – façam de conta que eu é que sei e que já sou Primeira-Ministra.
Desculpe, Senhora que quer ser Primeira-Ministra, não faço de conta, não! Bichos-de-conta já há que cheguem!
(Esta história é uma ficção mítica. Parecença com a realidade é mera coincidência mítica))

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Resposta a um desafio


A amiga Dulce morando nesse "País tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza", que é o Brasil, desafiou-me. Quer ela saber para onde apontarei eu um cartão vermelho. Desafio aceite. a Dulce que me perdoe, mas das regras vou cumprir apenas uma - a de indicar os dez alvos do meu cartão vermelho. Salto pela outra, a de passar o desafio a dez blogs. São muitos os de que gosto, e não quero descriminar. Opto por deixar à liberdade de escolha dos meus leitores o aceitarem, ou não, o desafio da Dulce, que passa também a ser meu, levando-o para os seus blogs e, se o fizerem, que façam o favor de o comunicar.

Aqui estão os dez alvos para que aponto o meu cartão vermelho:


1) À guerra, à miséria e à fome. Aos que peroram de barriga cheia. Aos que gritam por aí que o mundo é assim, sempre houve ricos e pobres, e que os ricos devem ser cada vez mais ricos e os pobres mais pobres, criando no meio um espaço aonde se vão saciar;
2) Aos traficantes de droga e de influências. Aos mercadores de seres humanos;
3) Aos pedófilos. Aos predadores de vidas, de sonhos e do futuro;
4) Ao presidente que mandou um assessor inventar uma conspiração (e depois o demitiu), se agarrou à ambiguidade e se refugiou em silêncios;
5) À senhora que diz que a função do casamento é procriar, não quer por cá cabo-verdianos, ucranianos, espanhóis e talvez brasileiros, entrou em delírio, e quer ser Primeira-Ministra. À xenofobia e ao racismo;
6) Aos que querem que a Justiça deixe de julgar e passe a vingar. Aos que desejam de novo a Inquisição para poderem atear fogueiras crestando nelas livros, corpos, pensamentos, descobertas, ânsias e liberdades;
7) À desonestidade intelectual de comentadores e analistas políticos que mais não fazem que manipular, querendo-nos algemar com o obscurantismo;
8) Aos que se demitem dos deveres de cidadania. Aos que entendem que se pode viver sem a família. Aos que entendem que a amizade é coisa fora de moda;
9) Aos corruptos e corruptores. Ao nacional-porreirismo e aos chicos-espertos;
10) À inveja, ao exibicionismo, à mentira e ao egoísmo. À desumanidade do mundo actual. Aos que fazem da saúde um negócio, proclamando, com riso alarve, que melhor que este só o negócio do armamento.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Outono!

Estou à janela a ver o Outono.

Apareceu frescote, com Sol de luz que não fere e vento a dar para o fraquinho.
As folhas das árvores continuam verdes, irão amarelecer lá mais para diante. A erva das rotundas não perdeu a cor, as palmeiras que nelas crescem estão viçosas. A caminho da paragem do autocarro seguem quatro jovens (duas elas e dois eles) de agasalhos, não vestidos mas amarrados à cintura (a moda ficou!). Um casal atravessa a rua. Vai de mãos dadas (lindo de ver!).
No prédio em frente, acabadinho de pôr de pé, está um letreiro onde se lê: “escolher o melhor local para viver é uma arte”. Acredito que sim! Escolhi o meu, não sei se é o melhor, mas gosto dele!
Sobre as pedras do passeio que circunda a rotunda mais próxima saltitam uns pardalitos, provavelmente à procura duma migalha, duma mosca ou de qualquer outro insecto distraído. A época do acasalamento já lá vai. O saltitar, quer-se dizer o acavalitar, seria bem diferente!
A esplanada da pastelaria está vazia. Será da crise? Será do vento? Do vento não é certamente. O vento venta mansinho!
Ali ao fundo, à esquerda, na borda da lezíria, que a voracidade das imobiliárias cobertas pela corrupção que grassa ainda não conseguiu deglutir, passam as ovelhas em busca de pasto, mais o pastor e dois cães, meus conhecidos de há muito! Daqui por uns tempos virão os queijinhos que comidos com uma fatia de broa (sei aonde a vou buscar, mas não digo!) e regados com um tinto de Palmela, nem os deuses!
Agora, Outono, vou retirar-me da janela. Voltarei, sim, voltarei, não faças essa cara amuada. Mas quando voltar quero ver-te com outras cores, aquelas que só tu és capaz de pintar. Soube-te bem o mimo? Enquanto vou e venho, para que não fiques sozinho, deixo-te esta companhia:

Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.
(Eugénio de Andrade)

sábado, 19 de setembro de 2009

Noite de cacimbo, à luz da fogueira

Cansado e gasto que já estava, um dia o Criador sentou-se lá em cima nas terras do céu à sombra de uma jaca. Olhou em volta. Sentindo que algo faltava criou o Bem. Fez-lhe recomendações. Pô-lo a andar por aí.
Cá em baixo, no chão da terra, um grupo de homens não gostou – fez nascer o Mal.
O Bem e o Mal cruzaram caminhos, encontraram-se. Pegaram-se de razões, desentenderam-se.
Mediram forças. Chegaram a acordo. Metade do chão da terra para cada um.
Na sua parte o Mal não esmorece. É incansável. Funde noites e dias, apaga auroras, tudo escurece. Aí se esconde, aí armadilha, aí se acoita esperando a presa. Insaciável vai predando. Na sua metade o Bem repousa, esquecido de onde veio, seduzido pelas tentações. Não vê o Mal, apenas o que ele faz, e só quando lho dizem. Quando confrontado recusa a peleja, dá a face, penitencia-se, perdoa, volta ao descanso.
Lá de cima o Criador a tudo assiste, mas já não está para mais, eles que se entendam.
Num último alento, porém, e antes de partir para outras paragens, chama o Bem e diz-lhe: acabou o tempo do perdão sem retorno, não esqueças. Eu não volto, acabou-se. Vai!

(Cacimbo do Ano Mil, quando se transportavam, enjaulados, leões e homens, estes para alimentarem aqueles)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Interagindo na Blogosfera (3)

Volto à poesia. A autora do poema dedica-o a seus filhos e diz que o mesmo nasceu de um sonho em que estava para ser mãe. Devidamente autorizado deixo "Entendimento Primeiro", de Maria Besuga que mora aqui.

"Está a formar-se uma curva convexa
no lado de fora do meu ventre.
Está a formar-se para te dar lugar
do lado de dentro.
O lado côncavo do meu ventre.
Esse que te cedo por algum tempo
é o teu primeiro espaço.
É daí que vais conhecer-me.
Vou estar atenta deste lado
do lado convexo do meu ventre.
Aconteceu amar-te ao primeiro instante.
Vou querer saber-te feliz ao primeiro momento.
Vou esperar-te feliz, aqui
do lado convexo do meu ventre.
E, olha, sabes que mais?
Vou guardar a felicidade toda
que conseguir construir deste lado
para te receber.
Vai ser a primeira partilha...
Espera-te o primeiro banho de felicidade.
Aqui, do lado convexo do meu ventre..."

(a imagem, a Vénus de Willendorf-Deusa da Fertilidade-, é de uma peça em cerâmica da autora)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O meu Mwata Milagre

Na casa da minha infância trabalhava um Mwata de nome Milagre. Criado de servir (como naqueles tempos se dizia), o velho era para todos, não um empregado, mas um membro da família. Conversava, dava conselhos, resmungava, arrumava uma cadeira fora do sítio, e lá ia fazendo uns trabalhos, poucos, na cozinha.
Nos entardeceres dos dias de escola, quando eu e amigos regressávamos a casa, juntávamo-nos com ele aos pés de uma mandioqueira no meu quintal.
Magro e seco como um abacateiro, alto como as mangueiras da Funda, carapinha e barbicha esbranquiçadas, o negro Milagre era velho como um embondeiro. Se lhe perguntavam não sabia dizer a idade nem mesmo se menos velho alguma vez tinha sido. E eu pensava: o meu Mwata nasceu já assim com idade crescida e sábio.
Com o Milagre, ficávamos até as mães nos chamarem. As suas mãos secas de dedos finos e compridos, esculpiam no ar histórias de encantamentos, que escutávamos seduzidos. De quando em quando interrompia-se, quedando-se em silêncio a fumar um cigarro enrolado com a parte acesa virada para dentro da boca, como fazia a lavadeira enquanto esfregava a roupa com o filho dormitando agarrado às costas por um pano envolvendo-lhe o peito.
Às vezes, o Milagre alçava os braços.
Não entendia porque o fazia.
Pareciam-me impulsos do coração do Velho, em busca de mistérios perdidos ou de acontecimentos para anunciar, lá por cima, nas terras do céu. Olhava-o, a ver se sim, mas permanecia inescrutável. – Não resisti. Um dia, perguntei-lhe:
- Porque te chamas Milagre?
Virou-se para mim. Ameigou-me o queixo e o cabelo com as mãos. Levantou-me suavemente a cabeça. Deixou repousar os seus olhos nos meus, e respondeu:
- Porque Deus me fez, e a minha mãe me disse assim!
(Esta saudade não passa!)


Falar, falar, e nada dizer!

O Presidente da República esteve na entrega dos Prémios Gazeta de Jornalismo 2008. Como, por dever de ofício, falaria para jornalistas foi aconselhado pelos seus assessores a “falar, falar, mas não dizer nada”. Foi o próprio PR a revelar, pela televisão e não só, com o maior à vontade, este conselho!
Que assessores são aqueles? Que PR é este?
Fiquei pra morrer! E os jornalistas? Até agora, que se saiba, encolheram os ombros. Não admira! Muitos deles falam e falam, escrevem e escrevem, sem nada dizer, numa apagada e vil tristeza!

“Duas coisas são infinitas. O Universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao Universo, ainda não adquiri a certeza absoluta”.
(Albert Einstein)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Interagindo na Blogosfera! (2)

Hoje não coloco prosas ou poemas. Deu-me para o humor, talvez porque andem por aí uns gatos a arranhar, embora de mansinho, na minha opinião. Devidamente autorizado pelo seu autor deixo três pinceladas que entendo de fino recorte humorístico, retiradas do blog do KAOS.
PS - A arma da Bond girl é do mais moderno. O traseiro espetado, porém, parece-me mais eficaz, mas o James está de costas...
Aquela coisa pequenina, atrás da coisa mais crescidota que "guia" o comboio, não vejo muito bem, parece-me o traquinas Rangel. Com tanta coisa a sair da sanita, Lopes bem podia tapar o nariz. Eu tapei!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eleições à vista!

Os frente-a-frente

Vi todos. Ouvi um senhor, um engenheiro e três doutores. E também vi umas reportagens para os mostrarem como nunca os tínhamos visto. Era suposto serem cinco, só foram quatro. Dos doutores, um, que é senhora, disse que não. Paciência! Para além de asneirar há políticos que também se dão à casmurrice e à birra!
Não, não vou dizer que os políticos são isto e aquilo, coisa e tal, mais o resto. Que estou de “saco cheio”! Não, não estou! Estou, sim, é sem “saco” para alguns deles. Embora uns andem por aí fazendo com que a vida mais pareça um Carnaval, os políticos são, como outros que o não são, actores da Democracia. Os nossos não passam, quase todos, de assim-assim? Pois… mas é o que temos!
Sou cidadão de liberdade conquistada, voto! Não alinho no abstencionismo, no voto nulo ou em branco.
Quer faça chuva ou Sol, e mesmo de canadianas a auxiliarem uma recuperação, como acontece agora, irei lá pôr a cruzinha.
Aqui chegados dirão os leitores: mas o que é que isto tem a ver com os frente-a-frente? Nada! Têm razão! Voltando ao assunto…
Como disse lá em cima, vi-os todos e às reportagens também. Foi uma barrigada, como diria o Sr. Mário, da mercearia da minha infância!
Não gostei de ouvir que é preciso mais gente de pistola à cinta, cacete na mão ,e varrer imigrantes; não gostei de ouvir que a política da terra queimada é o caminho a seguir, não foram estas as palavras, mas o sentido apontava para aí; aquela de correr os espanhóis à pazada também não gostei.
E pronto, lá irei no dia 27. Espero que o façam também, deixando a cruzinha onde melhor entenderem.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Interagindo na Blogosfera

Andar pela Blogosfera tem-me proporcionado encontros com a prosa, vivências do dia-a-dia, imagens de sonho, histórias de encantar, sentimentos livres libertos de grilhetas, desafios, provocações (boas!), política e a poesia. Quanto carinho, companheirismo e amor anda por aí! Entendo que no meu blog (muito novinho ainda, só tem seis meses de vida!) é tempo de interagir, colocando aqui trabalhos de outros, obviamente autorizado pelos seus autores. Não posso com plagiadores nem com copistas clandestinos! Começo hoje pela poesia, com o soneto "Ausência" retirado de o mar me encanta eternamente (autora Glória Salles), de onde é, também, a imagem. Prosseguirei com este Interagindo na Blogosfera


“Ausência”

Ah os sonhos ingênuos, argutos
Vêm com tamanha insistência
Trazem de volta intensos minutos
Quando não conhecíamos ausência

Talante intenção (?) de machucar
Perfura e sangra esse coração
Talvez intente reavivar o amar
Que arredio, dorme em concisão

Ao sentir deste sonho a consistência
Perco-me em veredas de docilidade
E todo o meu sentir fica exposto

Então os lábios da tua ausência
Ganham o beijo da minha saudade
Deixando em mim, o teu gosto...

Glória Salles
(05 março 2009)



sábado, 12 de setembro de 2009

Saudade!


Luanda, a cidade esbelta, qual nereida, que me viu nascer. Na sua ilha em cujo mar habita a Sereia (Kyanda), quantas madrugadas vi crescer, sem cansaços, apenas deitado sobre a areia fina, olhando as estrelas a despedirem-se, ouvindo o murmurar da água, provavelmente a Kyanda a mergulhar para outro dia. E depois, já com o Sol a raiar, escutar o chamamento, em linguajar próprio, do velho pescador a puxar a rede: “Vem, me ajuda. Te dou um peixe!”. O pescador era negro, mas falava assim, mestiçando a língua.
Em Luanda o português cedo se acasalou com a língua local, o quimbundo. Nasceu um linguajar, sobretudo oral, não apenas na expressão popular, que julgo único no espaço lusófono.


Por cá dizemos “Ele é mais velho do que tu”. Por lá: “Ele é teu mais velho”.
Nós: “Bateram no Francisco”. Eles: “O Francisco lhe bateram”.
Nós:”Eles comeram o peixe”. Eles:”O peixe, comeram-lhe”.
Nós:”Eu nasci em Luanda”. Eles:”Me nasceram em Luanda”.
Se perguntarmos a um luandense de linguajar quimbundista se já almoçou ele responderá “Ainda!”. Não usará o “não”, como nós que responderíamos “Ainda não!”.
Pediremos a um amigo: “Dá-me um cigarro”. Dirá o luandense:”Cigarro, dá só!”
Alongar-me-ia se continuasse este linguajar mestiço que me seduz e encanta. Apenas passei por ele porque hoje me deu a saudade da cidade esbelta onde me nasceram!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Bom fim-de-semana!

Em fundo o Samba do Prelúdio, de Baden Powel e Vinícius de Morais.
Em legenda Procura-se um Amigo, de Vinícius de Moraes


Procura-se um Amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
(Vinícius de Moraes)

Datas de triste memória

Evoco duas datas de triste memória.
11 De Setembro de 1973

Golpe de Estado no Chile. Derrubado o presidente Salvador Allende, democraticamente eleito. No seu gabinete de trabalho, de que recusou fugir, antes preferindo dirigir-se ao seu povo e à Humanidade, Allende foi assassinado a sangue frio. As hordas nazis de Pinochet, o general que comandou o golpe, perseguiram, prenderam, torturaram e mataram milhares e milhares de chilenos. Um deles, o intelectual, professor e cantor Victor Jara. O mundo livre chorou e cobriu-se de luto, mas uma parte dele não!
Os golpes de estado, alguns sangrentos, continuam a acontecer. E ficamos perplexos, ou talvez não, quando se dá noticia de quem os cobre!
11 De Setembro de 2001

Ataque dos terroristas fundamentalistas islâmicos da Al Qaeda aos Estados Unidos – ao World Trade Center, em Nova Iorque, ao Pentágono, em Arlington e a um voo comercial no estado da Pensilvânia. Milhares de mortos! O mundo livre, sem excepção, chorou e vestiu luto. O terrorismo dos fundamentalistas islâmicos continua activo um pouco por toda a parte.
A História continua a ser escrita com sangue!
Quando se levantará o mundo para gritar BASTA!?
Quando cantará o mundo a liberdade, o amor e a fraternidade?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Um prémio!

Recebi este prémio de A Sininho na Terra do Nunca, blog fresco, irrequieto, desempoeirado e desafiador, de visita aconselhada.
Agradeço a distinção.
Regras aceites.
Três compromissos. Hei-los:
1) - continuar a comer alface, mais rúcula, mais tomate, com vinagre balsâmico;
2) - dizer Fuck You, já sabem a quem;
3) -colocar um post quando acabarem os frente-a-frente, ups!
Dez blogs "viciantes", sem comentários. Outros há, mas regra é regra e só cabem 10.Visitem-nos.
http://escritoaquente.blogspot.com
http://umolhardeperto.blogspot.com
http://mariaescrevinha.blogspot.com
http://agulheta.blogspot.com
http://ocheirodailha.blogspot.com
http://omarmencantacompletamente.blogspot.com
http://omeusofaamarelo.blogspot.com
http://em-prosa-e-verso.blogspot.com
http://marciareggiani-marcinha.blogspot.com/
http://desejoselugares.blogspot.com



domingo, 6 de setembro de 2009

Blogagem colectiva


Este post, aberto a comentários como todos os outros, destina-se, em particular, a uma blogagem colectiva aqui.
Mote – Porque criei o blog.
Para poder despir-me!

(As palavras são como os pássaros, umas falam e cantam, outras só piam. As primeiras também guardam sonhos – Carlos Albuquerque)





De conversa com uma neta

Já te deste conta, certamente, de que as pessoas são como as palavras, ou estas como aquelas, como se quiser.
Fiquemos com as palavras, sobretudo com as que falam pouco e bem, pois essas são alguém, e a liberdade de imaginarmos o que elas poderão dizer sobre as pessoas.
Há as que se nos vão chegando, umas sem nada para dizer, não se percebendo porque se intrometem; outras receosas, mas trazendo algo com elas; outras ainda afoitas espalhafatosas, inócuas, que só gostam de se ouvir a si próprias, dessas que, por pouco ou nada servirem, leva-as o vento, como diz o aforismo. Chegam todas sem que as chamemos. Não te precipites a julgá-las, sejam quais forem. Sê paciente no labor de as entender, mesmo às que passam com as brisas, ou às que, sem esforço, o sono esbate. A paciência resulta melhor do que a força e acaba por ser um acto de s
abedoria. Despreza, contudo, as que merecerem ser afastadas, Detém-te nas receosas e lá encontrarás, por entre outras, uma que começa sempre tímida e inquieta, mas que, passo a passo, se vai agigantando até se tornar numa palavra grande, tão grande que nela cabe o mundo. AMIGO, assim se chama ela.

Zeca Pagodinho - Maneiras

Se eu quiser fumar eu fumo, se eu quiser beber eu bebo
Eu pago tudo que eu consumo com o suor do meu emprego
Confusão eu não arrumo, mas também não peço arrego
Eu um dia me aprumo, pois tenho fé no meu apego
Eu só posso ter chamego, com quem me faz cafuné
Como o vampiro e o morcego é o homem e a mulher
O meu linguajar é nato, eu não estou falando grego
Eu tenho amores e amigos de fato,
Nos lugares onde eu chego
Eu estou descontraído, não que eu tivesse bebido
Nem que eu tivesse fumado pra falar de vida alheia
Mas digo sinceramente, na vida, a coisa mais feia
É gente que vive chorando de barriga cheia
É gente que vive chorando de barriga cheia

(composição Ítalo Lima)

Gostam?


sábado, 5 de setembro de 2009

Festa com Ópera

Afasto partidarites e ventos políticos que por aí andam numa correria desenfreada.
Fico com a minha sedução pela arte, pelo talento, pela poesia, pela música, pela leitura, pelo pensamento solto, pela opinião livre, sem grilhetas.
Vi pela televisão, não posso ficar indiferente!
A Festa do Avante abriu com um espectáculo de Ópera ao ar livre, sem gravata, sem smoking, só com gente.
Felicito Ruben Carvalho que não conheço pessoalmente mas, ao que tenho lido e ouvido, é o responsável pela matriz cultural da festa dos comunistas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Doutro filme?


O médico de família foi-se! Ainda não voltou. Já lá vão dois anos! Grande passeio! Recurso - médico particular.
O Dr. apalpa, estetoscopiza à frente e atrás, faz perguntas. Quer análises mais uma TAC urgente, e cobra um taco. Tudo em cinco minutos, nem o Pepe Rápido! Depois a ida ao Centro de Saúde em busca das necessárias credenciais. “Daqui a uma semana, passe por cá”. Lentos pra caraças! O meu cágado era mais lesto! Requisições na mão, anda cá telefone. Ligação ao hospital privado onde fazem TACs. A conversa:



- É particular ou pelo SNS?
- Pelo SNS.
- Deixe ver aqui a lista…, no dia… (um mês e meio depois!)
- E se for particular?
- Particular…hum… hum…depois de amanhã às 15 horas. Pode ser?
- E, já agora, quanto é que isso custa?
- Particular 86 euros.
- E pelo SNS?
- Aí uns 18, mas só na data que lhe disse.


Ensandeci, ou esta história é doutro filme?

Algazarra

Aí está, rompendo, a vozearia.
Então, recordo Martin Luther King:

"Não tenho medo do grito dos maus.
Tenho é medo do silêncio dos bons."



terça-feira, 1 de setembro de 2009

Que brotem flores!

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite provável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

(J.Darion / M.Leigh / Ruy Guerra)

Boa Terça-feira!