Há seca em Portugal.
Os meteorologistas não hesitam. Reportagens televisivas mostram-na. Nalgumas regiões do país corre-se o risco de escassez de água, ou mesmo falta, para consumo humano. Os pastos estão secos e os bebedouros para o gado vão desaparecendo. Os agricultores e pastores apreensivos.
Declarar estado de seca? Pedir ajuda aos fundos específicos da União Europeia? Sim, ou não?
Assunção Cristas, a ministra do MAMAO (Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento), foi à Comissão Parlamentar de Agricultura dizer aos deputados que “que não pode pedir ajuda apenas com base em percepções de que há seca.” E acrescentou:
“Devo dizer que sou uma pessoa de fé, esperarei sempre que chova e esperarei sempre que a chuva nos minimize alguns destes danos. Como é evidente, quanto mais depressa vier, mais minimiza, quanto mais tarde, menos minimiza. Se não vier de todo, não perderei a minha fé, mas teremos obviamente de actuar em conformidade».
Raciocínio profundo e complexo, este!
Percepções diz a ministra do MAMAO. Onde é que os nossos meteorologistas tiraram os cursos!?
Depois da história das gravatas, a ministra do MAMAO vai, por certo, actuar, impondo novas regras no seu ministério, como a da dança da chuva. Começará pelo canto. Os seus funcionários aprenderão a imitar o vento, os trovões, a tempestade e o barulho da chuva. Há quem diga (não consegui confirmar) que a ministra Cristas trouxe um par de chocalhos duma das visitas que fez ao interior, mais um de chavelhos, para com eles, agitando-os, chamar os espíritos da chuva que, pelos vistos, resolveram emigrar.
Se os funcionários se aplicarem e a fé da ministra não resolver ir de abalada não tarda será o dilúvio! Isto porque também se diz por aí que com a ajuda do ministro da vespa, passar-se-á a rezar pela chuva.
Que gente é esta que nos governa?
Que seca!