quinta-feira, 30 de julho de 2009

Manuele Ferreira Leite (ajudar quem precisa)


Na semana em que o PSD colocou este outdoor na rua, MFR deu a conferência ao Diário Económico, a que me refiro no post anterior, defendendo que se deve acabar com “ a perseguição social aos ricos”, resultante, no seu entender, da proposta do PS.
Posteriormente, ao ler a notícia aqui, fiquei a saber que a fortuna dos portugueses mais ricos encolheu em 2009.
Segundo a revista Exame, Américo Amorim viu a sua fortuna cair para os dois mil milhões de euros. Belmiro de Azevedo terá, neste momento, uma fortuna avaliada apenas em 618 milhões de euros. Em média, os 25 portugueses mais ricos terão visto a sua fortuna diminuir 8,5%!
Diz o outdoor. “Olhem por quem mais precisa”.
MFR segue à letra o lema. Está, de facto, preocupada com quem mais sofre com a crise!

Manuela Ferreira Leite (Ricos e pobres)

Ricos e pobres

No seu programa eleitoral o PS propõe-se “Reformar o IRS, mantendo a estabilidade da receita fiscal, tendo nomeadamente como objectivo redistribuir as deduções e benefícios fiscais, num modelo progressivo em favor das classes médias”.
Ontem, numa Conferência do Diário Económico, Manuela Ferreira Leite reagiu:
"Eu discordo completamente que sejam tomadas em relação ao sistema fiscal medidas discricionárias, como, por exemplo, uma que foi anunciada ultimamente e que tem a ver com a tal linguagem dos ricos e dos pobres, dizendo que em relação aos ricos se vai retirar determinado tipo de benefícios, de deduções fiscais, e em relação aos outros provavelmente não."

A líder do PSD continuou:
“ Mal vai o país se começa a olhar para os chamados ricos com olhos de menos consideração. Eu em relação aos ricos há apenas um sentimento que tenho e que é: tenho pena de não o ser. Fora disso, o país só progride, só todos têm vantagem que existam ricos. É bom que eles existam, é bom que dêem muitas festas, que comprem muitas coisas, porque isso dá postos de trabalho a dezenas de pessoas”.

O PSD é um partido social-democrata. Um dos objectivos da social-democracia é a procura da justiça social, através de uma intervenção do Estado no mercado, em especial por via da redistribuição de rendimentos, procurando criar uma igualdade de oportunidades. É para isto que aponta a proposta do PS!
Provavelmente por ele inspirada o que MFR pretende é aplicar em Portugal o mesmo que George W. Bush nos Estados Unidos, em 2001, quando ela era ministra do governo de Durão Barroso. Foi noticiado que os benefícios fiscais então concedidos por Bush reverteram, unicamente, a favor dos 10% dos norte-americanos mais ricos. A classe média dos Estados Unidos adoeceu, afundou-se, empobreceu. A outra floresceu. Obama anda agora a dar tratos à bola a ver como a consegue recuperar, sabendo ser essencial a existência de uma classe média saudável para crescimento da economia.
MFR mostrou-se deslumbrada com a sensualidade aquisitiva dos mais abastados. Eles que comprem iates. Nada tenho contra isso, sou a favor da propriedade privada e da economia de mercado devidamente regulada. Mas dizer que a compra de iates gera mão-de-obra e emprego!... Pois, o importante sector da construção de barcos de luxo tem grande peso em Portugal, é preciso defender o emprego por ele criado! Só lhe faltou acrescentar que as facturas poderiam ser deduzidas no IRS.
A senhora gostaria de ser rica. Não há mal nenhum nisso. É uma aspiração legítima. Agora dizer que não se lhes deverá reduzir benefícios fiscais porque dão festas e estas criam dezenas de postos de trabalho…!
A senhora ensandeceu?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Eleições autárquicas (Antecipação)

As autárquicas são em Outubro. Antes delas teremos as legislativas em Setembro. Campanhas dumas e doutras, e discussões entre candidatos, só mais lá para a frente. Pensava eu. Eis senão quando a SIC nos brindou ontem com um frente a frente entre António Costa e Santana Lopes, candidatos à presidência da Câmara de Lisboa. Antecipação! Antecipe-se, então!

Gastaram-se ambos em queixinhas e a falar do passado. Dizia o primeiro: O Dr. ficou a dever, já ninguém fiava à Câmara, e eu paguei. Não é verdade, retorquia o segundo: O Dr. pediu empréstimos ao banco, transferiu as dívidas. Às duas por três o primeiro diz que o segundo está nervoso e este responde: de onde é que me conhece para dizer que eu estou nervoso? Fartaram-se de atirar números para cima, para baixo e para o lado. Costa com ar de um certo snobismo intelectual, Lopes parecendo um menino mimado que não gosta de ser contrariado.
Mais para o fim lá disseram algumas coisas de interesse para os lisboetas. António Costa: a cidade não pode ser governada para os carros e não precisa de obras emblemáticas, o que faz falta são pequenas grandes obras que mudem a vida das pessoas, como uma rede de eléctricos rápidos e outra de transportes escolares. Santana Lopes: a circulação automóvel faz parte da revitalização do centro, mais um túnel é bom e o aeroporto não sairá da Portela, embora se possa construir outro fora da cidade.
Não vivo em Lisboa, não tenho, por isso, que me confrontar com a escolha entre um e outro. Mas se fosse, em quem votaria? Já sei, já sei que me vão dizer que há mais candidatos. Pois há! Do PCP e do BE, pelo menos. O campeonato, porém, vai ser disputado por Costa e Lopes. Sendo lisboeta, ou não, em quem votaria? Vá, ponha a cruzinha na urna que está lá em cima na sondagem colocada ao lado do cabeçalho. Daqui a uns dias faremos as contas e partiremos para outra consulta só aberta aos lisboetas.
Vale?

terça-feira, 28 de julho de 2009

Tacanhez!


Vou recordar parte do bota abaixo que se abateu sobre o programa Magalhães. Não o fiz na altura própria, por razões que não são para aqui chamadas, mas ainda vou a tempo, já que com o aproximar das campanhas eleitorais, pressinto, a tacanhez pacóvia irá emergir.

Duas notas, apenas: Num telejornal da SIC passou a noticia – Governo acusado de leviandade e de pôr em risco a sensibilidade das crianças por ter distribuído o Magalhães com o controlo parental desligado. Outra seria, por certo, a história se o computador fosse fornecido com o controlo activado: fascismo! O Magalhães vem com censura prévia instalada pelo Governo! Então e os pais? Não é a estes que deve ser dada a liberdade de melhor gerir a relação dos filhos com os computadores?

Numa das televisões, já não me recordo em qual, disse o actor José Pedro Gomes, cito de memória, não estar cientificamente provado que o Magalhães seja bom! Conversa da Treta ou conversa de chacha?

Nada a dar nota positiva ao Magalhães.
O projecto Magalhães, com todos os defeitos que se lhe possam encontrar, é Portugal a tomar a dianteira, a arriscar, a investir nas novas tecnologias, na sociedade da informação, nas nossas escolas e crianças dotando-as de ferramentas modernas para melhor ensino e aprendizagem. Uma aposta na tecnologia e na industria que a garante, nas empresas nacionais e na internacionalização.
Não é só a selecção nacional de futebol que mostra a nossa bandeira lá fora. O Magalhães também a faz tremular além fronteiras!
Basta de tacanhez.

RTP (Lixo televisivo)



Lixo televisivo





A coisa passa na RTP1 aos domingos e chama-se “Há festa em…”. Diz o canal que “é um programa semanal, gravado em seis localidades bem portuguesas, conduzido por Fernando Mendes e José Carlos Malato”. Acrescenta: “ é também um programa de conhecimento…”
Localidades bem portuguesas: Alguém sabe o que isto é?
Conhecimento: participante, de olhos vendados, emporcalha as mãos em prato culinário leva pedaços à boca e tem que descobrir de que se trata. Prova chili e diz que é feijão-frade. A malta gargalha! O povo sai mais rico em conhecimentos. Boa! E, por aí fora!
Para não ficarem atrás Mendes e Malato (de olhos não tapados) metem a mão na comida e besuntam-se. Edificante exemplo para o pagode que volta a gargalhar!
Aquilo não passa de esterqueira televisiva, pura e dura! Dirão os pensadores da RTP que é o que o povo quer, mandam as audiências! Se esse é o aparelho de aferição de serviço, um dia deste transforma-se o Campo Pequeno em Coliseu de Roma, antes e pós-Marco Aurélio, enche-se a casa, importam-se uns leões do Quénia aos quais se servirá ao almoço cristãos ao natural e manda-se para lá um TIR da RTP para a gravação, talvez mesmo para o directo. O povo delirará, como há séculos atrás!
Tenham vergonha!
Lembram-se da Cornélia e de outros? O povo gostava, divertia-se, não perdia emissão, aplaudia e aprendia sem que fosse chamado a fazer figura ridícula.
Porque não mandam o Malato para um dos sítios onde já foi muito feliz e o deixam ficar por lá? E o Mendes, senhores, não há nada de jeito para lhe dar a fazer?
Para lixo televisivo já basta o que temos, não acham?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Alimentar as hostes (Francisco Louçã)

Alimentar as hostes


Joana Amaral Dias era do BE quando, nas últimas presidenciais, aceitou ser mandatária para a juventude de Mário Soares. Explicou, na altura, as razões da sua decisão. A esquerda dividida e autofágica não conseguiu evitar a eleição de Cavaco Silva. Manuel Alegre esteve quase a ir à segunda volta, Mário Soares ficou-lhe muito atrás, o BE não se viu e o PCP quedou-se por onde sempre esteve.
A mandatária de Soares foi corrida do BE. O seu nome reaparece agora na agenda política por voz e mãos de Francisco Louçã (mau perder?), que acusa o PM Sócrates de a ter convidado para integrar as listas do PS para as legislativas a troco de cargos futuros! Sócrates desmentiu. Louçã insistiu. Sócrates voltou a desmentir. A história ocupou espaços em telejornais, rádios e jornais. Todos se afadigaram em ouvir Joana, afinal a personagem que poderia dizer se foi ou não convidada. Ela, porém, manteve-se muda e queda, borrifando-se!
O país está bem, não há crise nem desemprego, os investidores batem à porta para entrar, os sindicatos perdem-se de amores pelo Governo e as sondagens dizem que a esquerda vencerá as legislativas. Tudo na melhor no mundo das negociatas do BPN, BCP e quejandos sem esquecer o julgamento Casa Pia. Tédio profundo para os políticos inflamados em risco de desemprego. Nada há, de sério, para tratar! Percebe-se assim porque apareceu Louçã com a história. Sempre vai alimentando as suas hostes bem trajadas e alimentadas!
MFR agradece!

Benfica (Por mares nunca dantes navegados)


Por mares nunca dantes navegados

O Benfica ganhou o torneio de Amsterdão. Vai ser campeão? Não sei! Mas isso são alcagoitas.
O Benfica continua a ser o maior. Não há memória! Jamais alguma equipa de futebol cá do burgo foi tão longe! Acabou com a saloiice. Na semana passada entrou em campo para jogar com o Sunderland, alinhando, de início, com onze estrangeiros de mão-de-obra nada barata, não se façam confusões! Português só o treinador Jesus cujo nome já é meio caminho andado para quando Filipe Vieira o quiser pregar na cruz.
O Benfica actual é um sete em vinte e dois. Quinze não portugueses e sete que o são. Dos portugas pode ser que dois ou três se safem e cheguem à equipa principal.
Viva a Globalização!
Em tempo: se o Benfica for campeão telefonarei a Filipe Vieira pedindo-lhe para retirar Lisboa do nome do Glorioso.

Dia dos Avós


Dia dos Avós
É hoje ou foi ontem?
Paulo é personagem de livro que anda às voltas para nascer. Adolescente, a meter-se nas andanças de adulto que muito trabalho lhe irão dar, chegou-se aqui e pediu para deixar uma passagem em que o narrador fala dele. Como hoje é o dia dos avós… disse com um sorriso enleante. Está bem!




Conta o narrador, a páginas tantas:

(…Paulo ouvira ao avô materno – um reformado da LAL (companhia de dar água e luz à cidade), homem sábio, de ideias frescas – que as pessoas se devem respeitar umas às outras, que a ligação de um homem e uma mulher, pelo casamento ou não, é coisa séria, de honra mesmo; que o amor nasce espontâneo, como os trevos ou a erva da pedra para o chá dos rins, entre o capim mas a felicidade, essa, temos nós que a construir com atenção para não avariar.
Gosta de o ouvir. Visita-o amiúde, encontrando-o quase sempre fixado nos cuidados com a sua criação de canários, preparando-lhes a comida com gema de ovo cozido, gotas de Vinho do Porto para lhes afinarem o canto, pastilhas de carbonato de cálcio desfeitas em pó, e outras coisas – tudo misturado num almofariz de barro vidrado –, ou de volta das rosas e cravos híbridos e matizados por enxertos que ele faz com o auxilio de um pequeno serpete, terra estrumada com bosta de pacaça e fita de nastro, dando-lhes beleza única. Cultiva-os no jardim à volta da casa, dando-lhe vida, transformando-o num deleite para quem o vê. O jardim faz amizades com facilidade, desabrocha afectos rápidos, numa relação encantada com quem por ele aparece!
Quando dá por Paulo, o avô suspende os afazeres, chama-o, explica-lhe aquelas artes, fala-lhe da vida, das gentes, com ar compenetrado de quem entende do que expõe. É um filósofo, desenha as ideias, escolhe as palavras com acerto, põe-me a pensar; que coisa aquela de não avariar a felicidade! discorre Paulo com os seus botões. O avô grita pela avó já de ouvido meio gasto, lá metida para dentro, no passajar das meias, ou a rezingar com a lavadeira no outro lado do quintal. Pede-lhe o lanche: Temos cá o neto! Há outros e outras, rebentos dos sete filhos e filhas do casal, mas só a ele trata por neto. Aos restantes chama-os pelo nome. À mesa da varanda de trás, onde se alinham em prateleiras sobrepostas a espaços e fixadas entre dois dos balaústres, as gaiolas dos canários, cada uma com o bilhete de identidade dos ocupantes, chega depressa o leite, o café, o açúcar, a canela em pó, o pão e a manteiga. O avô adoça a bebida a ferver, polvilha-a com uma pitada da especiaria e mergulha na mistura uma fatia do sustento generosamente barrada com a gordura. Paulo imita-o, deliciado. O avô até génio tem para as coisas simples de comer!
Todos deviam ter um avô pela vida fora...)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A gripe A (MFL)

Pronto!

Lá apareceu outra vez MFL a dizer que o que o PM (1º Ministro) propõe é vergonhoso. E, não só, que o PS (Partido Socialista) devia ter vergonha de, lá disse qualquer coisa, sem que se tivesse percebido o que era.
Para substituir o vergonhoso e a vergonha, nada propôs! A gente que se ponha para aí a imaginar. Boa! Para profissional da política é linguagem muito pobre.
Mas mais: se a gripe A (que parece voltar a querer ser suina) a apanhar fará como dizem e, três dias depois, estará como nova! Aí valente! E eu a preocupar-me! Se o H1N1 me bater à porta, já sei: um comprimido de MFL ao deitar e a gripe A que vá fazer serenatas a outras varandas!
Gripe A à parte dei um pulo a Mário Quintana: “O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro”.
Amém.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Coisas! (Concorrência)

Concorrência!

Conversa minha (sonhos)




A noite passada tive um sonho.

Lesto, quis agarrá-lo, mas acordei de mãos vazias!
Pois é!


Dos sonhos não se deve sair a correr. Primeiro, para não sermos apanhados estremunhados, e por isso desprevenidos. Depois, há que lhes dar tempo, deixá-los ganhar forma. Permitir que levedem, para que lhes conheçamos os contornos, vejamos as cores, ouçamos as vozes e outros sons, e até nalguns casos, lhes toquemos os corpos, olhemos as caras e lhes sintamos o coração. Tarefa difícil. No reino das fantasias reais, habitam prestidigitadores de técnica apurada, que muitas vezes nos confundem, ficando nós, sonhadores desamparados, sem saber se ainda lá estamos ou, se porventura, já não. Tentar regressar aos sonhos, buscando-lhes o fim, é sempre em vão. Explicá-los também não é contenda fácil, embora muita gente passe a vida numa azáfama, procurando fazê-lo.
O sonho da noite passada estava a dizer-me, não consigo perceber a que propósito, que há quem não goste que os deuses sejam humanos, e eu estava a responder-lhe que Deus não é homem para andar por aí com essas coisas, quando se me abriram os olhos!
Muitas vezes se desperta de um sonho qualquer e se mergulha, de seguida, num mau conselho. Por aí não vale a pena ir!

Eleições (Legislativas 2009)



CDS-PP, PCP, BE, PSD ou PS?




Por muitas contas que se façam apenas os dois últimos poderão ser opção de Governo. Cenário provável – nem o PS nem o PSD obterão maioria absoluta. Duas alternativas:

1) Vitória do PSD. Formação de uma coligação, mais à direita, com o CDS-PP para garantia de estabilidade governativa.
2) Vitória do PS. Postas de lado coligações à esquerda. Governo minoritário.
No primeiro caso, a direita governaria como entendesse, sabendo-se já que rasgaria o que no plano económico e social foi feito pelo actual Governo, na ânsia de tudo privatizar, contando com a bênção de Belém. Se necessário fosse até suspenderia a Democracia, como já se lhe ouviu.
No segundo, o PS teria que negociar, passo a passo, em sede parlamentar, as maiorias necessárias para a praticabilidade do seu programa. À esquerda, obviamente.
Ultimamente o país tem sido assolado por abalos no mundo financeiro e económico: suspeitas de corrupção, enriquecimentos ilícitos, recebimento de luvas, compadrios, promiscuidades entre a política e a finança… A lista de arguidos aumenta a cada dia. E aparecem nomes como Dias Loureiro, Arlindo de Carvalho e muitos outros, todos eles, ou quase, ex-ministros de governos de Cavaco Silva que comandou o país durante mais de 10 anos com gente como aquela, que saída do cavaquismo se instalou no universo dos negócios, sem nunca abandonar a política. É do mundo com esta marca que surgirão as figuras para governarem os portugueses se o PSD vencer as eleições.
Os indícios estão à vista: ainda agora o PR escolheu o economista Vitor Bento para Conselheiro de Estado. O novo conselheiro é um dos que assinou o Manifesto dos 28 economistas de oposição à política de obras públicas do Governo e defendeu, recentemente, como de entre outros também o fez João César das Neves, a baixa de salários como medida de competitividade empresarial!
O Governo PS encerra a legislatura com erros? Certamente! Mas igualmente com marcas que configuram a matriz do país que os portugueses desejam: contas públicas equilibradas; Segurança Social garantida; Serviço Nacional de Saúde defendido; universalidade do acesso à escola pública alcançada; institucionalização do conceito de avaliação dos professores e de outros sectores sócio-profissionais aceite; descriminalização do aborto obtida; afirmação de Portugal na vanguarda das novas tecnologias; novas oportunidades abertas a todos… Reformas que a direita nunca ousou empreender.
Com todos os erros cometidos, e muitos foram, o Governo PS ousou e mostrou um Portugal a modernizar-se, arrojado, virado para a frente.
O PSD quer rasgar, deixando antever um Portugal bafiento.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Conversa minha (À multidão que vive dentro de mim)



À multidão que vive dentro de mim






Vou continuar a procurar o porvir
Não de dor mas de amor
Não de solidão mas de emoção
Um agora de existências pensadas
De cidades não desertas
Com ruas sem palavras pisadas
De gentes abertas
Em que as sombras sejam de luz
Ter nelas o que me seduz
Flores que não murcham
Rios que correm felizes
E às estrelas murmuram
Saudades de distantes Belizes
E perfeições imperfeitas
Sem vozes desfeitas
Vou continuar
Docemente
Por um cabelo teu andar
Teu rosto ameigar
Como quando eras fagueira
Procurar-te o olhar e nele deixar
Não um rio a orar
Mas mar a alagar a fogueira
Que meu coração sente
Me queima e contrista
Por te sentir a querer abalar
Emplumada e de crista
Sem quereres saber
Ir no vento do nada falar
Ó pedante e enleante
Ó cróia a valer
Com quem te dás tu?
Quem te disse, ó vida
O que me queres dizer?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A chegada à Lua


Há 40 anos (20 de Julho de 1969) pés humanos pisaram pela primeira vez o solo da Lua. Descendo de um módulo lunar transportado pela nave Apolo 11, e que pousou num local chamado Mar da Tranquilidade (Sea of Tranquility), o astronauta norte-americano Neil Armstrong caminhou sobre o satélite da terra, seguindo-se-lhe, depois, o seu colega Edwin Aldrin, num passeio de ambos, que se prolongou por duas horas. Ficou para a História a frase de Neil Armstrong: Um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a Humanidade”.
Antes disso, a 3 de Novembro de 1957, os soviéticos (existia ainda a URSS) haviam colocado em órbita da Terra, a bordo da nave espacial Sputnik II, o primeiro ser vivo: a cadela Laika que viria a não sobreviver ao voo.
Quatro anos depois do voo da Laika (12 de Abril de 1961) os soviéticos, então em acesa disputa com os Estados Unidos pela conquista do espaço, colocaram em órbita terrestre, durante 48 minutos, o cosmonauta Yuri Gagarin, falecido em 1968. Gagarin orbitou a bordo da nave Vostok I. Ficou igualmente para a História a sua frase: “A Terra é azul, e eu não vi Deus”, ou "A Terra é azul, mas não há Deus".
Na altura, um pouco por todo o mundo, houve quem duvidasse do feito de Armstrong, considerando que as imagens mostradas não passavam de um embuste americano. Ainda hoje há adeptos de teorias conspiratórias. Se estiver interessado e tiver paciência pode vê-las aqui.
A verdade é que:
1) – A ex-URSS (quem mais interessada do que ela para o fazer?) nunca levantou qualquer dúvida sobre o feito americano, pelo contrário, após a chegada à Lua de Neil Armstrong e Edwin Aldrin, abandonou o seu programa de exploração do nosso satélite;
2) - Depois da Apollo 11, outras seis missões Apollo foram lançadas, sendo que cinco delas com êxito, elevando para doze o número de astronautas que caminharam na Lua.

Hoje mesmo, assinalando a efeméride, antigos astronautas como Edwin Aldrin, Michael Collins e Neil Armstrong, reuniram-se e desafiaram a NASA (Agência Espacial Americana) a desistir do programa de retorno à Lua em 20020, e a apostar numa viagem tripulada a Marte! Será a caminhada imparável da Humanidade na procura de novo planeta a colonizar, na descoberta de outro mundo, que este está a chegar ao fim do prazo de validade, e o Criador não parece interessado em renová-lo!

domingo, 19 de julho de 2009

Leituras para férias

De acordo com Saramago: “ a leitura é, sem dúvida, uma boa ocupação para uma tarde na praia ou no campo. Ou em casa se o dinheiro não der para férias”.
É desnecessário, senão inútil, entrar aqui em teorizações sobre famílias literárias com que eventualmente nos identifiquemos.
Façamos da leitura não uma penitência mas um prazer e, ao mesmo tempo, um instante de aprendizagem. Assim uma espécie de dois em um.
Três propostas:
1) – Memoria de mis putas tristes (Gabriel Garcia Marquez). A história de um nonagenário, cronista e crítico musical que, ao fazer 90 anos pretende oferecer a si próprio uma noite de amor com uma adolescente virgem. Depois de muito penar e comprar favores, consegue que lhe apresentem uma. Porém, ao vê-la adormecida, não tem coragem de acordá-la. Apaixona-se, então, por uma garota adormecida. Escrito com o génio de Garcia Marquez é uma leitura empolgante de que se procura, a cada página, o desenlace;
2) – A Viagem do Elefante (José Saramago). D.João III, Rei de Portugal, ofereceu um elefante a seu primo Maximiliano, Arquiduque de Áustria, como prenda de casamento. O livro é a história da viagem do elefante de Lisboa a Viena de Áustria. Diz o autor tratar-se de uma metáfora da vida humana. Não é um romance, acrescenta, porque lhe faltam condimentos para tal, como, por exemplo, o elefante ter encontrado uma elefanta na viagem. O que nele vi foi um olhar irónico e sarcástico sobre o mundo, na crítica política, social e religiosa e, ao mesmo tempo, um manifesto de compaixão solidária com as fraquezas humanas.
3) - A Parábola do Cágado Velho (Pepetela). Um olhar sobre a guerra civil em Angola: (“…dois exércitos, os “nossos” e os “inimigos”, travam uma guerra civil em todo o país, que aos poucos vai destruindo a vida de um povo que nada tem a ver com toda essa disputa e nem mesmo sabe dizer quem são os “nossos” e quem são os “inimigos”. Só sabem que qualquer dos dois exércitos que apareça no kimbu, a tribo deles, significará roubos e mortes que deixarão marcas nas vidas desses moradores. O kimbu onde vivem ainda conserva as tradições, mas Munakazi representa a modernidade. Munakazi representa a nova mulher, forte, independente, deixando Ulume perdido entre a tradição e os novos tempos. Dentro de tantos dilemas, de tantas dificuldades, o homem só pode contar com a ajuda de um cágado velho a quem ele visita quase todos os dias, desde criança…”). Sobre o livro diz Pepetela que ele “deve ser lido e esquecido logo que fechado. Para que não desperte os maus espíritos da intolerância e da loucura. Os mais velhos sabem, não devemos relembrar aquilo que nunca aconteceu”.

Boas férias, fora ou em casa.

sábado, 18 de julho de 2009

Saudades de que gosto (Benguela)

As acácias rubras de Benguela a cidade acarinhada pelo Atlântico onde passei a minha lua-de-mel. A cidade da praia morena, das mulatas mais lindas de Angola, que Chico Buarque cantou: “Morena de Angola que leva o chocalho agarrado na canela, será que ela tá caprichando no peixe que eu trouxe de Benguela…”. Terra de povo fraterno, acolhedor e tranquilo, ainda hoje o é. Cidade menina bonita da minha saudade.
Digo, como Alda Lara:

(Ah! Quando eu voltar
Hão-de as acácias rubras
A sangrar numa verbena sem fim
Florir só para mim)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Conversa minha (Vaidade)


Publiquei este livro em 2002.

Vi-o incluído, durante três semanas, na lista de best-sellers do “Diário de Notícias” e do “Jornal de Letras”, para além de URLs nas buscas do Google, colocadas por livreiros, que ainda hoje se mantêm. Agora, por mero acaso fruto das viagens que faço, amiúde, pela Net, dei com três textos dele retirados e transcritos num site
1) - http://petrinus.com.sapo.pt/jamba.htm
2) -
http://petrinus.com.sapo.pt/coutada.htm
3) -
http://petrinus.com.sapo.pt/eleicoes.htm
Contactei o autor do site, comunicando-lhe não haver qualquer problema com as transcrições. Bastou-me a satisfação de ter reencontrado o amigo que escrevi em 2002.
Espero que os leitores deste blogue me perdoem a pequena vaidade. Ela é, tão só, um instante de mim.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Autofagia



Somos pequenos,

pobres e incultos.

Disse-o alguém.



E bem sei que a má-língua é um culto retintamente luso. Sabê-lo não me liberta do pesar de que assim seja. Ultimamente, com eleições à vista, a liturgia acentuou-se. Tem sido um dizer mal a torto e a direito, um despudorado desfilar de políticos acolitados pela coscuvilhice e pela inveja. Nos tempos da outra senhora batemo-nos (os que o fizeram!) contra o nacional-porreirismo. O bicho chama-se, agora, nacional-pessimismo. Ele aí está, no seu melhor.
Revela-se, a cada passo, nos ardores demagógicos de Manuela Ferreira Leite, Paulo Rangel, Moraes Sarmento, Paulo Portas, Nuno Melo, nas notas professorais de Rebelo de Sousa ou nas intervenções impróprias do PR. Tudo está mal, mas não nos preocupemos, eles são os regeneradores. Só não dizem o que farão, embora não seja difícil adivinhá-lo. É a direita às voltas sobre ela própria, a ver como pode apossar-se do poder.
Na outra aba do leque são as inflamações revolucionárias de Francisco Loução ou Luís Fazenda. Tudo está mal. O PM e o Governo são um desastre. Ignorantes, não sabem o que fazem. E eles, para além do verbo fácil? Porque é esta esquerda autofágica?
O PCP, cauteloso, dá tratos à bola para manter o seu eleitorado. Que outra coisa lhe resta?
Com erros de cálculo e cedências à mistura, o PM e o Governo lá vão navegando por entre ondas alterosas e ventos desencontrados, sem que da direita (nem pensar) e da esquerda (fora de questão) se acenda um farol.
De entre coisas até ali inexistentes chegou-nos numa madrugada de Abril: universalização da Segurança Social; Serviços Nacional de Saúde para todos; alargamento da escola pública com acesso universal ao ensino; descriminalização do aborto, enfim!
Não se me afigura que a esquerda autofágica, onde há virtudes que teimam em esconder-se, pretenda destruir tudo aquilo. Se esta terra for queimada dela não brotarão novos cravos! Mas se continuar pelo mesmo caminho, dará, sem dúvida, uma preciosa ajuda aos que pretendem fazê-lo.
Então, sim, ficaremos mais pequenos, mais pobres e mais incultos.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Mentir (Manuela Ferreira Leite)


Disse a 25 de Junho:
“Nós vamos rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas em termos de política económica e social, para que tenhamos resultados diferentes». Acrescentou defender “valores e princípios do PSD, de exigência, de rigor e de não enganar ninguém”, o importante é falar verdade.

Pouco mais de três semanas depois diz que não disse:
“Não há nenhuma medida anunciada por este Governo com a qual eu discorde. E portanto quando se diz rasgar políticas sociais, eu nunca disse que rasgaria políticas sociais”.
Manuela Ferreira Leite sabe, ou alguém por ela, que as palavras geram incertezas ao gosto de cada um. Por isso jogou com elas como jogou, mentindo com todo o descaro. O drible, porém, saiu-lhe mal. Quem lhe terá puxado as orelhas para vir agora dar o dito por não dito? Se a sua política de verdade é esta, estamos conversados!

sábado, 4 de julho de 2009

Eleições no Benfica



Quem ontem tivesse chegado a este país e visse a SIC e a TVI teria rapidamente chegado à conclusão que Portugal estava à beira de um ataque de nervos, tal a histeria que se apossou daqueles canais televisivos na cobertura das eleições no Benfica.


Numa e noutra das televisões foi visível a perda da racionalidade. Por elas desfilaram advogados em constante procura de inatingidos argumentos, magistrados a debitarem opiniões, colunistas, comentadores, analistas e jornalistas a falarem sem que nada de jeito se ouvisse.
O mote foi uma providência cautelar interposta por um dos dois candidatos à presidência do clube, à partida previsível perdedor, que fez explodir um imbróglio jurídico que ninguém percebeu. No fundo, isto é apenas um supor pessoal, pareceu que o que o requerente tentou foi ganhar eleições com lista única, impedindo a outra de concorrer, o que não aconteceu. Perdeu, conquistando pouco mais de 2% dos votos, enquanto o adversário ultrapassou os 90%, num universo de mais de vinte mil eleitores!
Nunca a trapalhada foi explicada ao longo das emissões. Falou-se, falou-se. Quanto mais se falou, mais se atou a confusão. Nada se disse a esclarecer os espectadores. A informação, se tal se lhe pode chamar, perdeu dignidade, o mesmo acontecendo a quem a transmitiu.
Foi degradante ver o pantanal de promiscuidade a que chegaram a política e o futebol. O candidato vencedor teve como mandatário, que se apresentou a seu lado e por ele falou sempre que necessário, um político profissional: Fernando Seara do PSD, e a apoiá-lo com abraços públicos e votos, de entre outros, um ministro do governo PS: Rui Pereira (Administração Interna).
Preocupante ter-se visto um juiz (Rui Rangel) figura sobejamente conhecida pelas suas constantes aparições na TV, a dar voz a um movimento de oposição ao vencedor, mas que não foi a votos por falta de candidato.
Os benfiquistas encolheram os ombros (sinal de resignação?) e lá compareceram de cartão de sócio e boletim de voto na mão.
A Nação benfiquista acordou hoje com o mesmo presidente que tinha ontem!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O par de cornos (Três)



Em vez do par de cornos, Manuel Pinho deveria ter atirado ao deputado Bernardino Soares o manguito do Zé Povinho, de Bordallo-Pinheiro. Ainda seria ministro.

O par de cornos (Dois)

Um par de cornos.
Coisa feia - inaceitável, intolerável, injustificável.
O PR juntou-se ao coro da indignação afirmando que o respeito pelas instituições “é um princípio sagrado da democracia”.
Dois pesos, duas medidas.
O que disse o PR sobre Dias Loureiro, hoje arguido no caso BPN, qualidade que, vá lá saber-se porquê, passou despercebida aos media durante mais de uma semana? O Conselho de Estado não merece respeito?
O que diz o PR das useiras e vezeiras palhaçadas de João Jardim na Assembleia Regional da Madeira que envergonham os gestos de Bordallo-Pinheiro e Manuel Pinho, para já não se falar das palavras? Para o PR a Assembleia Regional da Madeira não é uma instituição a que se aplique o “princípio sagrado da democracia?

O par de cornos (Um)


Na Assembleia da República debatia-se o estado da Nação.
Falava o PM.

Manuel Pinho, ministro, atirou um par de cornos a Bernardino Soares, deputado, respondendo, com um gesto, a palavras que considerou insultuosas. Antes dos indicadores na testa, já o ministro tinha igualmente dito umas quantas palavras que, no seu entender, ao que pareceu, não tinham sido suficientes para suster o que considerou ser agressividade verbal do deputado. Daí o ter passado ao gesto, supôe-se.
Ministro e deputado andaram mal. Ambos se puseram com picardias, enquanto o PM falava. Falta de respeito!
As palavras do deputado ouviram-nas outros três ou quatro parlamentares e, provavelmente, dois ou três ministros, para além de Pinho. O par de cornos nem todos o viram, mas instantaneamente circularam fotografias a mostrá-lo. Fora do Parlamento viu o País que assistia ao debate pela TV. Caiu o Carmo e a Trindade. O gesto do ministro insultara a Assembleia – inaceitável!
Conversa daqui, conversa dali, o ministro diz que sim, que se demite. O PM aceita e de seguida pede desculpa à Assembleia da República, à Nação. Continuou-se!
Assisti, pela TV, a todo o debate. Pelo que vi e ouvi, apeteceu-me demitir uns quantos dos intervenientes e mandar os restantes para o ecoponto. Sou cidadão no pleno usufruto dos meus direitos, tenho os impostos em dia, nada devo ao Estado, pelo contrário, sou credor. Credor de respeito, para além do muito que tenho a cobrar. Os meus impostos não podem servir para sustentar gente que passou mais de quatro horas a insultar-se sem nada me dizer sobre o que é importante fazer-se para que este país seja terra em que se goste de viver. Mentiroso, desonesto, ignorante foram piropos que ouvi do princípio ao fim tudo envolvido em doses cavalares de demagocia. No final, aproveitaram um par de cornos para se esconderem!
Bem sei que as palavras criam incertezas que cada um joga como quer, e os gestos não, por isso se diz que um destes vale mais que mil daquelas. No caso do ministro, porém, não se percebeu o que queria ele dizer já que, ao que se julga, o deputado Bernardino Soares é solteiro. Como também não consigo entender o que querem os portugueses dizer uns aos outros quando no trânsito automóvel das cidades vemos mãos de fora dos carros a esticarem-se com médios erectos e indicadores e anelares encolhidos. É fácil – os portugueses são gente de gesto, aquilo são gestos bem portugueses. Pois, está bem, mas um médio erecto com os vizinhos murchos é inaceitável.
E o do ministro, não foi?
Comparado com o que Jardim faz e diz na Assembleia Regional da Madeira não passou de um gestozinho!