quinta-feira, 30 de julho de 2009

Manuela Ferreira Leite (Ricos e pobres)

Ricos e pobres

No seu programa eleitoral o PS propõe-se “Reformar o IRS, mantendo a estabilidade da receita fiscal, tendo nomeadamente como objectivo redistribuir as deduções e benefícios fiscais, num modelo progressivo em favor das classes médias”.
Ontem, numa Conferência do Diário Económico, Manuela Ferreira Leite reagiu:
"Eu discordo completamente que sejam tomadas em relação ao sistema fiscal medidas discricionárias, como, por exemplo, uma que foi anunciada ultimamente e que tem a ver com a tal linguagem dos ricos e dos pobres, dizendo que em relação aos ricos se vai retirar determinado tipo de benefícios, de deduções fiscais, e em relação aos outros provavelmente não."

A líder do PSD continuou:
“ Mal vai o país se começa a olhar para os chamados ricos com olhos de menos consideração. Eu em relação aos ricos há apenas um sentimento que tenho e que é: tenho pena de não o ser. Fora disso, o país só progride, só todos têm vantagem que existam ricos. É bom que eles existam, é bom que dêem muitas festas, que comprem muitas coisas, porque isso dá postos de trabalho a dezenas de pessoas”.

O PSD é um partido social-democrata. Um dos objectivos da social-democracia é a procura da justiça social, através de uma intervenção do Estado no mercado, em especial por via da redistribuição de rendimentos, procurando criar uma igualdade de oportunidades. É para isto que aponta a proposta do PS!
Provavelmente por ele inspirada o que MFR pretende é aplicar em Portugal o mesmo que George W. Bush nos Estados Unidos, em 2001, quando ela era ministra do governo de Durão Barroso. Foi noticiado que os benefícios fiscais então concedidos por Bush reverteram, unicamente, a favor dos 10% dos norte-americanos mais ricos. A classe média dos Estados Unidos adoeceu, afundou-se, empobreceu. A outra floresceu. Obama anda agora a dar tratos à bola a ver como a consegue recuperar, sabendo ser essencial a existência de uma classe média saudável para crescimento da economia.
MFR mostrou-se deslumbrada com a sensualidade aquisitiva dos mais abastados. Eles que comprem iates. Nada tenho contra isso, sou a favor da propriedade privada e da economia de mercado devidamente regulada. Mas dizer que a compra de iates gera mão-de-obra e emprego!... Pois, o importante sector da construção de barcos de luxo tem grande peso em Portugal, é preciso defender o emprego por ele criado! Só lhe faltou acrescentar que as facturas poderiam ser deduzidas no IRS.
A senhora gostaria de ser rica. Não há mal nenhum nisso. É uma aspiração legítima. Agora dizer que não se lhes deverá reduzir benefícios fiscais porque dão festas e estas criam dezenas de postos de trabalho…!
A senhora ensandeceu?

Sem comentários: