Há muito que o não via.
Ontem, já a tarde se metera na tarde, encontrou-o.
Ouviu-lhe não se sabe o quê. Pareceu-lhe uma voz que
dançava, assustada. Fosse outro o tempo, a era do musseque das pirucas de Sábado,
e aquela pareceria uma fala à toa, ou mesmo uma chaladice de adormecer.
Prestou atenção nele.
A voz ainda dançava assustada:
“Perderam-se os moldes. Os humanos desapareceram. Agora há só
uma sub-espécie, espécie de pedras com olhos, onde não mora o carácter. São
pedras com feitio de curva de ferro-de-engomar, que nos queimam. Queimam tudo,
até as estrelas já vestem de escuro. Vou. Vou, pelo suor que me escorre no
corpo, à procura dos moldes perdidos. Enquanto lá não chego, e hei-de chegar,
fico por aqui em convívio com os roseicollis.”
Roseicollis!?
O que serão?
E hoje? Bem, hoje é Domingo!