Era Domingo quando embora foi sem
prevenir, porque assim o quis a dor. Abalou.
Foi andando com o pensamento
pelas costas, carregado de palavras que lhe diziam ser ele o seu dono, sim, e não
uma carta de jogar. Fora, baralho podre e viciado!
Adormeceu no exílio do seu eu.
Desperta acordando de si.
Olha para trás. Quando partiu não
chovia.
Agora, de regresso, vê o seu país
fustigado pela dibanda. Pára entre duas gotas. Vê à frente e atrás, à esquerda
e à direita. As armilas já lá não estão. A eclíptica, o equador e os meridianos
desapareceram. O vermelho escarlate é laranja e o verde amarelo.
Volta a olhar, não vá a chuva fazê-lo
entrar em disfunção. Vê o mesmo, e mais: o país está encarquilhado. E, como em
dizer de Saramago, para aqui trazido, as nuvens estão ali pardas e pesadas.
Então solta o pensamento e
pergunta-lhe:
- De quem é este funeral?
10 comentários:
Apanhei um susto!!!
A TUA VOZ ergueu-se, Carlos!
O funeral é de um país inteiro que se esquece das amarras que Abril soltou.
Em tempo de tempestade, abram-se as palavras, ergam-se os braços e avancemos no/pelo QUERER em nome do futuro.
Já tinha saudades tuas!
Deixei-te um miminho, lá. Aceita-o, sim?
Carinhosamente, um beijo
Laura
Caro Carlos Albuquerque
Ando numa fase da minha vida (profissional)que me ocupam o tempo e me retiram a disposição, em que os comentários são raros. Embora vá lendo quase tudo o que os meus bloggers de referência vão publicando.
Não comento o seu post. Apenas lhe digo que gostei muito de o ver por aqui.
Um grande abraço
Rodrigo
Não nos habituamos à ausência. A saudade é filha dessa incompetência.
E tinha-as, mãe e filha. Acredita
De ti
Das palavras que saem de tua escrita
Belo texto, amigo Carlos.
Abraço.
Ah! Que imensa alegria vê-lo de regresso!
Até porque lhe vou oferecer o Prémio Dardos, porque o merece de todo.
O texto parece-me desecantado, mas o importante é ter regressado.
Espero que não desapareça novamente e, ainda menos, por tanto tempo!
Um abraço de matar saudades.
Meu Caro Carlos Albuquerque.
Este funeral, é de um País chamado Portugal!
Gostei muito de o ver regressar, Carlos. Desejo que esteja bem.
Um abraço.
Janita.
Olá,
Em cada coração exite um funeral não lembrado... ou um sem nome...
Abraços fraternos de paz e bem
Tão bom, vir aqui sorver textos que sempre me deleitam!
Beijinhos.
Querido Mwata, meu Mwata,
Que bom ter-te de volta, que bom poder ter-te connosco.
O título do post? Nem sei que te diga, mas que não era coisa que se fizesse, não era!
Adiante.
Funeral, sem direito sequer a missa de 7.º dia.
Tudo isto é tão triste, mas tão triste!
O que é que fizeram do nosso País? E os responsáveis? Não haverá responsáveis? Tanto quanto me parecem têm nome, ou não?
Abraço do tamanho do mundo, meu Mwata.
Obrigada por teres voltado.
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