sábado, 5 de fevereiro de 2011

A propósito do post de ontem

Depois de publicado o post de ontem, sobre o 4 de Fevereiro de 1961 em Luanda, recebi alguns e-mails de leitores habituais do meu blogue, e telefonemas de amigos. Não entraram para comentar, mas pediram-me para falar da Jamba. Surpreendido pelo interesse que, tantos anos depois a Jamba ainda suscita, correspondo ao que me foi pedido.
Durante as sanguinárias guerras civis que, após a independência, dilaceraram o povo angolano, a Jamba ocupou um lugar proeminente no imaginário dos portugueses, em especial dos que nutriam (e nutrem) simpatias pela UNITA. Terra mítica a que o então carismático líder daquele movimento (hoje activo, embora minoritário, partido político angolano), Jonas Savimbi, chamou o bastião da sua resistência contra o Governo de Angola, considerando-a «uma conquista política sobre o imperialismo, como foi Londres, sob o comando de Wiston Churchill, sobre o nazismo, e que nunca fechará sobre a história de Angola», o que era, afinal, a Jamba?
Tendo lá estado, por mais de uma vez, assim a descrevi em Junho de 2002:
“…Situada no extremo Sudeste de Angola, para lá de Mavinga, nas chamadas «Terras do fim do Mundo», encravada entre a Zâmbia e a Faixa de Caprivi, a Jamba que eu vi, que a UNITA me mostrou, em visitas sempre acompanhadas, era um conjunto de pequenas sanzalas circulares, cada uma com seis ou sete palhotas e um Jango central (casa de reuniões), distantes alguns quilómetros entre si, interligando-se por um conjunto de picadas limpas e cuidadas. Num dos cruzamentos da mini-rede rodoviária, estava colocado um polícia-sinaleiro. — O célebre sinaleiro da Jamba, tão filmado e fotografado. A este ponto, iam dar a estrada do aeródromo e duas outras: uma da Namíbia, a 80 quilómetros de distância; outra da Zâmbia, a 60. Pela da Namíbia, ocupada pelas tropas sul-africanas até 21 de Março de 1990, chegavam os alimentos, bebidas, tecidos, medicamentos, armas, combustíveis e todo o material de apoio logístico, em colunas organizadas pelo regime do Apartheid, desde sempre apelante incondicional de Jonas Savimbi. Era, também, uma das vias por onde o Exército de Pretória entrava em Angola, sempre que a UNITA pedia o seu auxílio…”
Podem continuar a leitura aqui.
Espero ter correspondido ao interesse dos que me levaram a falar sobre a Jamba.
Um abraço e bom fim-de-semana.

6 comentários:

folha seca disse...

Caro Carlos Albuquerque
Safei-me à justa de um dia poder contar qualquer coisa sobre a guerra colonial. Isto claro se lá fosse e voltasse inteiro.
Respeito muito o que o meu caro vai escrevendo. Acho que a história ainda não foi toda escrita. Aquilo que vou lendo do que escreve e de outros amigos comuns trás-me grandes ensinamentos.
Continuem.
Abraço

Rogério G.V. Pereira disse...

Meu caro, deu-me uma boa surpresa. Quando chegar a altura certa (nas páginas que vou escrevendo) farei link a este seu trabalho, prometo.

Abraço.

Marilu disse...

Querido amigo, Angola conseguiu dar a volta por cima de tanto sofrimento e crueldade e hoje está se tornando uma grande potência. Beijocas

Fê blue bird disse...

Meu amigo:
Desconhecia por completo toda esta informação, é por isso que eu gosto tanto de estar aqui, todos os dias enriqueço culturalmente.
Obrigada por mais esta partilha.

Beijinhos e boa semana

Cecilia Nery disse...

Carlos, muito interessante esse epísódio sobre Jamba. Não conhecia nada a respeito e gostei do que li.
Bom o seu blog, vou começar a acompnhar.
E obrigada por visitar o meu.
Com relação a Saramago, obrigada pela dica dos livros. Por enquanto só li "A Viagem do Elefante", e foi um bom começo. Agora quero ler os outros e aos poucos vou falando sobre eles. Beijos.

Brown Eyes disse...

Carlos a Jamba, para mim que nasci e vivi em Moçambique até aos 10 anos era o mato. Mato onde havia as respectivas machambas e palhotas. Afinal em Angola era mais que isso. Obrigada pela informação. Beijinhos