“Estou à rasca!”.
Gritará amanhã uma voz, na Praça Tahrir cá do burgo. Lá ao fundo, emergindo das águas gélidas do Tejo, uma outra responderá, cansada:
“À rasca estou!”.
A meio da avenida, um microfone captará o comentário: “É por isto tudo e muito mais que faz sentido esta manifestação pela demissão de toda a classe política, que julgo será no próximo Sábado.”
Num banco dos passeios alguém sentado parece indiferente. Mas, não o está. Vai olhando para quem passa e balbuciando: “Será que estão a dormir? Será que haverá amanhã quem capaz seja, ou se atreva a escrever o que isto poderia ter sido?”.
Em Belém, o PR, que resolveu ter rasca na ossadura, apronta-se. Já lhe vestiram o avental emprestado, empunha o megafone alugado, e, ensaia frente ao espelho: “Avante jovens, foi por vós que me recandidatei, vamos a eles!”. Senta-se no sofá, olhos na TV, dando a mão à Dona Maria, que está, como sempre, a seu lado e não atrás, e, hoje, de folga dos netos.
Gritará amanhã uma voz, na Praça Tahrir cá do burgo. Lá ao fundo, emergindo das águas gélidas do Tejo, uma outra responderá, cansada:
“À rasca estou!”.
A meio da avenida, um microfone captará o comentário: “É por isto tudo e muito mais que faz sentido esta manifestação pela demissão de toda a classe política, que julgo será no próximo Sábado.”
Num banco dos passeios alguém sentado parece indiferente. Mas, não o está. Vai olhando para quem passa e balbuciando: “Será que estão a dormir? Será que haverá amanhã quem capaz seja, ou se atreva a escrever o que isto poderia ter sido?”.
Em Belém, o PR, que resolveu ter rasca na ossadura, apronta-se. Já lhe vestiram o avental emprestado, empunha o megafone alugado, e, ensaia frente ao espelho: “Avante jovens, foi por vós que me recandidatei, vamos a eles!”. Senta-se no sofá, olhos na TV, dando a mão à Dona Maria, que está, como sempre, a seu lado e não atrás, e, hoje, de folga dos netos.
Pergunta-lhe a senhora, baixinho: "Então...!?".
Responde-lhe ele, uma oitava acima: "Então o quê...!?".
Os deolindos interrompem a marcha, em compasso de espera…

Os deolindos interrompem a marcha, em compasso de espera…
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A propósito do dia de hoje, em que se assinalam 36 anos de uma data importante na História da Democracia Portuguesa, proponho aos meus amigos e seguidores a leitura do que escreveu Carlos Barbosa de Oliveira no seu "Crónicas do Rochedo".
A propósito do dia de hoje, em que se assinalam 36 anos de uma data importante na História da Democracia Portuguesa, proponho aos meus amigos e seguidores a leitura do que escreveu Carlos Barbosa de Oliveira no seu "Crónicas do Rochedo".

10 comentários:
Caro Carlos Albuquerque
Gostei da sátira. No entanto parece-me que há sinais preocupantes no horizonte.
A democracia precisa de politicos. Se estes não servem e eu sou dos que pensa que há alguns que não, então que se mudem. Uma manifestação que tem numa das motivações, "correr com os politicos" é motivo de preocupação.
Abraço
Não é só pagar as dívidas que os governos fazem/deixam...
A «democracia directa» não é solução... mas votar não é passar um 'cheque em branco'!!!!!!
Quem paga - vulgo CONTRIBUINTE - deve possuir o Direito à Transparência e o Direito ao Veto das despesas não consideradas prioritárias...
PELO DIREITO AO VETO DE QUEM PAGA (vulgo contribuinte) blog: Fim da Cidadania Infantil.
Eu, sim, ando à rasca...
Tu, se calhar, andas à rasca.
Ele anda, há muito, à rasca.
Nós andamos, quase todos, à rasca!
Vós andais também à rasca?
E ELES?
ELES NÃO ANDAM À RASCA!
Beijo
Depois do apoio de Cavaco que, convém não esquecer, já incitara as escolas privadas a sirem à rua para protestar, a diferença entre a manif de amanhã e a de 28 de Setembro de 74 é que será mais ruidosa. Cavaco quis dizer que espera tirar partido dela e do apio que manifestou aos jovens. Vivemos dias muito perigosos para a Democracia mas lá no CR, a minha companheira de blogue ( a Martinha) irá explicar lá mais para o fim da tarde as razões de ter aderido à manif.
Obrigado pela referência, caro Carlos. É bom que não se esqueça o 11 de Março, porque foi aí que começou o fim de Abril.
Já agora, se me permite, aconselho-lhe a leitura da crónica do VPV hoje no "Público". Os receios dele são idênticos aos meus mas há quem na esquerda não tenha percebido.
Bom fds
A Dª Esmeralda, disse à vizinha do 4º andar que o coiso está desesperado, coitado, porque andam para ai a dizer que ele disse o que não disse embora fosse aquele o seu dizer e que a coisa está quase a acontecer. A vizinha ficou, também, à rasca. Mais uma para a manifestação...
(vou espreitar o CBO)
O grande problema das democracias são os políticos aproveitadores e de ocasião, mas ainda assim é o melhor regime.
Cabe ao povo votar consciente e tentar melhorar o nível.
Assim, tanto faz em Portugal quanto no Brasil, os momentos se repetem, assim como as inseguranças e dúvidas. Em se tratando de maus políticos só muda o endereço.
Um grande bj querido amigo
“À rasca estou!”.
Caro amigo:
Um texto com um humor muito adequado à situação. Visualizei tudo, e amanhã vou confirmar ao vivo o cenário,só espero que os deolindos não desanimem e avancem!
Beijinhos e bom fim de semana
Amigo Carlos! Tenho pensado muito neste termo (geração a rasca)alguns nem tem tanta rasca,vestem de marca,tem telémovel de marca,carro de marca e tantas coisas mais,porque o pai lhes dá.E no meio disto se infiltram muitos para tirar dividendos políticos.A rasca estão os reformados de baixas reformas quando não tiverem o dinheiro para comerem,e para os remédios.
beijinho bfs
amanha lá estarei eu na manif de Lisboa
Boa pergunta... Estamos todos a olhar uns para os outros sem saber o que fazer.
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