domingo, 3 de abril de 2011

O Reacender da esperança

Já quase tinha perdido a esperança, mas eis que ela se reacende.

Na sua última intervenção pública o Secretário-Geral do PS, ainda Primeiro-Ministro em gestão, disse que o problema com que o País hoje se confronta é a “agenda ideológica” que o PSD (e logo o CDS) pretende aplicar. Quer se goste ou não dele (admiro a sua combatividade, reconheço que nunca nenhum PM foi tão maltratado pela Comunicação Social como ele, mas não sou seu simpatizante), José Sócrates foi o único político da área da Esquerda a ter a lucidez de chamar os bois pelos nomes, ao falar da “agenda ideológica” do PSD.

Hoje, mais do que nunca, o futuro do País passa por uma definição clara e aprofundada dos pressupostos ideológicos dos partidos políticos, retirando-os, duma vez por todas, das fajãs da política. Sou dos que defende, sem tibiezas, que a vida da Democracia está na existência plural dos partidos políticos.

Como homem de Esquerda, não tenho dúvidas de que o que está em causa é a tal agenda escondida com que o partido de Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite, tendo como presidente Passos Coelho, pretende transformar o nosso Estado Social num ser sem vida. Privatizar o ensino, a saúde, a segurança social, tudo o que o grande capital quiser, incluindo a Caixa Geral de Depósitos (pilar da sustentabilidade financeira do Estado), entregando-a ao capital estrangeiro. E vai mais além, ao pretender retirar da Constituição o despedimento sem justa causa, criando uma geração mais à rasca do que a actual.

Perante este quadro, porque digo que a esperança se me reacendeu?

Porque voltei a acreditar que a Esquerda (PCP, BE e PS), possa ser sacudida pelas palavras de Sócrates, pondo de lado dogmatismos, obsessões e vaidades, e encontrar um caminho, por muito difícil que seja de escavar, que retire o País do rumo para o abismo traçado pelo PSD.

Caminho que deverá passar pela criação de um novo modelo económico assente no desenvolvimento, na reactivação do sector produtivo, na criação de emprego, no combate à pobreza, distribuindo mais equitativamente a riqueza criada. Por outras palavras, pôr o País a produzir aquilo com que se enchem as prateleiras dos super-mercados, e, também, a exportar.

Claro que é um sonho (será!?), mas como eu gostaria de ver Portugal dizer à Europa conservadora e trauliteira: Vamos pagar a dívida, sim, mas, antes, vamos tratar do nosso povo!

11 comentários:

São disse...

Só que a agenda não é assim tão escondida que se não possa ver. Receio sim quem não quer ver e vai saltar da frigideira para o fogo!

Feliz semana

folha seca disse...

Caro Carlos Albuquerque
O meu penultimo post tratava esta questão embora com outro tipo de linguagem. Um comentador habitual perguntava-me se eu não teria apanhado demasiado "sol na Cuca".
Tambem partilho o seu sonho. Não acredito que ele alguma vez possa ser realizado com José Sócrates na liderança do PS. Penso que embora se extraiam algumas palavras que do ponto de vista ideológico, até sejam "agradáveis" de ouvir ou ler, elas são só para consumo de uma area de esquerda que ainda subsiste no interior do PS.
Abraço

Rogério G.V. Pereira disse...

O Tratado de Lisboa
Assinado aqui
é um acto de submissão, um "porreiro pá" assumido. Tudo o que agora se diga tem o peso que costumo dar à verborreia eleiçoeira. Os riscos que enunciou são reais, mas não vejo que as soluções para a saida da crise implique a coragem de rupturas profundas com as politicas que tiveram a aprovação dos dois maiores partidos... Teremos o FMI (directa ou indirectamente) a tomar conta "disto", alheios aos aviso da Irlanda e cegos ao exemplo da Islandia...

Gisa disse...

Antes de olharmos para fora e darmos atenção aos outros devemos estar com nossa casa organizada e os nossos tranquilos.
Um grande bj querido amigo

ematejoca disse...

Fiquei toda babada ao saber que o Carlos gosta de visitar o "ematejoca azul".
Muitíssimo obrigada!

Não partilho do seu sonho, Carlos, mais apoio cada uma das palavras que escreveu aqui sobre a situação política actual do nosso país.

Como já digo em cima, não partilho do seu sonho, mas ao mesmo tempo, não posso acreditar que um "verde" como o Passos Coelho venha a ser o nosso primeiro.

Abração da amiga de longe!

ematejoca disse...

Há um comentário para o amigo Carlos no CR, e uma resposta ao seu comentário sobre a Angie também a vai ter.

Volto já!

tulipa disse...

Fiquei feliz por o saber seguidor do meu blog; como não o vejo por lá, foi uma agradável surpresa, acredite!
Muitíssimo obrigada!

Sobre a situação política actual do nosso país, apenas não me manifesto. Odeio tudo que tenha a ver com políticos e suas políticas

Obrigado pelos Parabéns, no 3º aniversário; há poucos dias festejei os 6 anos do outro blog que eu tinha antes deste; SIM, já ando há 6 anos pela blogosfera.

Cá me vou aguentando.
Um forte abraço de gratidão.

Anónimo disse...

Há dias discorri sobre o mesmo assunto, embora por outro ângulo. Partilho da mesma opinião em relação a Sócrates e quanto à análise que faz, Carlos.
Apenas discordo da parte final, porque esse sonho nunca se realizará por culpa ...do nosso povo!
Escolhe sempre os mesmos e depois queixa-se...
Abraço

Marilu disse...

Querido amigo, paises diferentes, problemas iguais. Beijocas

Mª João C.Martins disse...

Carlos

A esperança é uma velinha que preservamos sempre acesa, mesmos nos piores momentos, se acreditarmos na vontade dos homens e na essência das coisas.
Se assim não fosse, por esta altura, ninguém teria vontade de erguer os braços.
É verdade que me sinto enganada e defraudada pelos políticos ( todos eles), nos quais sempre confiei como legítimos construtores de pilares tão importantes para uma nação, como a liberdade e a democracia, concretizados em decisões honestas, justas e transparentes. Hoje, sabemos pelos resultados, que não o têm sabido fazer sem destruir a força e a vontade social do país que se comprometeram, com honra, servir o melhor possível.
É certo que a classe política nasce do tecido social que somos todos nós e, portanto, também nós, povo trabalhador e consumidor somos directa e indirectamente responsáveis pelo rumo das coisas.
Não temos andado bem, não senhor. Mas o tempo é de revisão, reformulação no sentido de um caminho frutífero na resolução das coisas, na mudança de atitudes, na redução do egoísmo e da ganância daqueles que, por força do compromisso, deverão pensar em primeiro lugar no interesse nacional, na conquista da credibilidade política através da congruência entre ideologia, discurso e decisão política.
Por isso Carlos, não me caem os braços, embora tivesse alguma razão para o fazer. Antes os levanto ainda com maior força, para que a indignação não me consuma a vontade e possa eu, mera cidadã do país que tanto amo, fazer também o meu melhor.
Sabe, há dias o agora ministro da cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa, dizia num encontro de escrita uma frase que registei como deveras importante.
" É arte, cada um de nós cumprir a sua parte"
Se assim o fizermos, se cada um de nós assim o fizer e com a consciência do colectivo, nunca nenhum país correria o risco de um dia acordar na escuridão e moribundo de esperança.

O que aqui lhe digo, pode estar imbuído da minha ignorância política, confesso, e, talvez, de um olhar mais de raiz do que de rama. São apenas meras percepções que resolvi partilhar consigo.

Um beijinho,
sua amiga, como sabe!

Fê blue bird disse...

Sinceramente meu amigo eu já perdi a esperança, ele foi morrendo todos os dias um bocadinho ao ver nos olhos dos meus filhos.
Portanto, embora seja de esquerda desde sempre, não sei como ela se vai unir para resolver os nossos problemas.
Mas hoje vim aqui com outro propósito, oferecer-lhe um bocadinho do meu bolo de aniversário e uma taça de champanhe ;)
Obrigada pelas suas palavras!
Beijinhos