domingo, 16 de outubro de 2011

O assalto do desgoverno

 "Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara"
(José Saramago)
[“Não há alternativa? Há sempre uma alternativa mesmo com uma pistola encostada à cabeça. E o que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse, de forma incondicional, ao lado do povo que o elegeu e não dos credores que nos querem extrair até à última gota de sangue.” Nicolau Santos, in Expresso de 15 de Outubro]
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[“Os seus propagandistas (do Governo) podiam poupar-nos a ilusões e a demagogia ideológica: daqui (das medidas do Orçamento) não resultará qualquer Estado mais virtuoso na sua magreza, nem nenhum país mais competitivo, nem um Portugal melhor. Sairá um país mais pobre, exausto, mais dependente, menos culto, menos qualificado, com maiores diferenças sociais, mais zangado e mais violento e, muito provavelmente, com menos liberdades.” Pacheco Pereira, in Público de 15 Outubro]
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[“Até há dias, a estratégia do Governo passava por diferenciar Portugal da Grécia. Paradoxalmente, para evitar sermos vistos como a Grécia, a solução agora proposta é a mesma que levou ao descalabro económico e social que se vive nas ruas de Atenas. O fim dos subsídios de férias e de Natal, a somar a todos os outros cortes salariais e aumentos de impostos, terá inevitavelmente duas consequências: o colapso da procura interna e uma recessão ainda mais profunda do que o previsto.” Pedro Adão e Silva, in Expresso de 15 de Outubro]
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[“Já basta e ofende a desculpa da herança do anterior governo. Primeiro, porque juraram que não o fariam; segundo, porque só mostra que nada sabiam do estado do país e não estavam preparados para governar, mas apenas para ocupar o poder; terceiro, porque, que se tenha percebido, o tal buraco inesperado de 3 mil milhões decorre, todo ele, da privatização do BPN, nas condições definidas por este governo, e das dívidas escondidas do querido Jardim, criatura emérita do PSD.” Miguel Sousa Tavares, in Expresso de 15 de Outubro]
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[“O homem não está bem...
Este argumento já não se explica apenas com o facto de o homem ser aldrabão. O problema é bem mais grave e terá de ser tratado no foro clínico próprio. O homem não é apenas incompetente, é absolutamente inconsciente e os seus actos transformam-no num criminoso. Talvez inimputável, mas CRIMINOSO!
Há coisas que ficam bem claras.
-Os funcionários públicos nunca mais vão receber subsídios de férias e Natal.
-Dentro de seis meses o governo anunciará novas medidas de austeridade.
- A economia portuguesa ficará arruinada por décadas.
-O desemprego subirá em flecha.
- A pobreza aumentará de forma desmesurada.
-Os bancos ficarão empanturrados com casas devolutas, que não poderão vender, porque não há dinheiro para as comprar.
-Os jovens apenas terão um futuro: emigrar!
Isto não é o Apocalipse... é o fruto da incompetência e inconsciência dos nossos governantes.” Carlos Barbosa de Oliveira, no seu blogue CRde 16 de Outubro]

8 comentários:

folha seca disse...

Caro Carlos Albuquerque
Há muitos anos que não ia a uma manif. Ontem fui. Senti que as coisas não vão ficar por aqui.
já não se pôe a questão a questão de terem ido (ou quererem ir) longe de mais.
Vai haver cada vez mais gente a dizer: BASTA! E parece-me que não se vai ficar por aí.
Abraço

Catsone disse...

Amigo Carlos, eu, como tantos outros jovens, penso seriamente em emigrar. É triste fazer o trajecto inverso ao dos meus pais mas parece-me que aqui, por enquanto, não há saída. Assusta-me esse quadro de emigração em massa: quem ficará por cá? Quem velará pelos idosos e pelas famílias "monoparentais" que ficam para trás? Não gosto do Pacheco mas esse trecho é exactamente o que que temo.
O que faltará para que o nosso povo se insurja? Não consigo perceber quanta mais porrada vamos aguentar sem ripostar.
Temo o pior, infelizmente.
Abraço.

São disse...

Meu caro, tenho a certeza de que o sistema está nas vascas da agonia.

Vamos assitir à primeira guerra verdadeiramente mundial...e provocada por quem detém obscenamente a riqueza e o Poder à custa do sifrimento inaudito de milhões de seres humanos.

Bom domingo

Fê blue bird disse...

Só espero meu amigo que as sábias palavras de Saramago nos façam reflectir e avançar!

beijinhos

Laços e Rendas de Nós disse...

Carlos

Estou a mudar. Por isso começo por te dizer que 'mandei às urtigas' o aviso de perigo que aparece sempre que abro o teu blogue.

Avanço, porque estar a ler o que tens para dizer é muito mais importante que este perigo virtual de ficar sem PC.

Estou a mudar porque já uso termos que nunca usei e qualquer deles é benévolo e pouco ofensivo perante a ofensiva sem freio de que somos alvo.Mas reconheço, não conheço muitos.

Há gente paga para me:
- roubar diariamente
- desgastar psicologicamente
- tirar a alegria
- fazer desacreditar nos valores que me têm norteado
- intimidar
- retirar a dignidade
- apagar o Futuro

Sabes que mais? Vejo as pessoas com medo. Dos diretores, dos colegas, da própria sombra. Há muitos que nunca poderão dizer-se indignados porque simplesmente não têm dignidade e têm compactuado com o que lhes trouxe/traz vantagens.

Confesso que também tenho medo. Por a minha filha. Quando quero ver para além dela, não encontro nada. Só negrume. É o que lhe vou deixar, um futuro sem futuro, porque a minha utopia, até essa ma estão despedaçando.

Ando muito zangada com a alguma da gente do meu país e do meu mundo.

Beijo

Teresa Santos disse...

Sabes Mwata, há alturas em que as palavras escasseiam.
É isso que sinto!
Não sei que dizer, não sei que pensar.
Não sei que futuro terão as nossas crianças, os jovens, os menos jovens, os idosos.
Uma agonia, um desmoronar de sonhos transversal a toda uma sociedade.
Culpados/responsáveis, há?
Onde estão?
Vão responder pelo que fizeram ao país?

Querido Mwata, penso que mereciamos melhor sorte.

Abraço grande.

Rosa Carioca disse...

Quero manter a esperança, quero ter a oportunidade de, pelo menos uma vez, acreditar na classe política, mas... não estou conseguindo...
Mudando de assunto, quero agradecer as bonitas palavras que deixou no blog da "nossa" amiga Fê.
Não quero magoar ninguém mas, tenho quase a certeza, que foi um dos primeiros a visitar o meu cantinho. Obrigada.

Mª João C.Martins disse...

E enquanto me cresce na boca o fel, pela injustiça que tão impunemente alastra, continuo a semear esperança. Afinal é sempre a última que morre enquanto a vida não se consome.

É tão triste este percurso da humanidade...