Confesso que passei muitos anos da minha vida olhando para o fado como um vendedor de coisas inúteis, como a melancolia, o ciúme e o encontro, desencontrado, de almas desatinadas. Assim como uma espécie de alegria dos tristes…
Talvez, não sei, por ter nascido em África e nela me ter tornado adolescente ao sabor e ao som das rebitas de Sábado à noite nos musseques empoeirados da minha Luanda, e adormecido embalado pelos cantares da Kyanda que as casuarinas da Ilha me traziam. Não sei, talvez!
Um dia ouvi Carlos Ramos cantar "Não Venhas Tarde" e disse para comigo: Há algo neste cantar que preciso entender. O mesmo me aconteceu quando me chegaram as vozes de Celeste Rodrigues (irmã de Amália), de Amália Rodrigues e Carlos do Carmo (a Voz!).
Hoje continuo a tentar entender o fado em toda a sua plenitude. O excelente vídeo que o Rodrigo (folha seca) colocou no seu blogue (desconhecia-o) deu-me uma ajuda. Já lhe agradeci a partilha.
A UNESCO acaba de considerar o fado Património Imaterial da Humanidade. Sinto-me bem. É que a seiva da Mãe África, que por mim corre, vive em harmoniosa coabitação com o sangue orgulhoso de ser Português!
Bom Domingo
10 comentários:
Não aprecio muito fado de Lisboa, embora me agrade imenso o de Coimbra.
Mas fico contente com a decisão!
Um bom domingo também para si.
Um patrimônio imaterial do teu povo, com certeza. Parabéns aos portugueses.
Um grande bj querido amigo
Caro Carlos Albuquerque
Em primeiro lugar agradecer a referência. Acabei por reeditar o post no momento em que conheci o resultado.
Tambem nunca fui grande apreciador de fado até que comecei a ouvir outros fados (daqueles que se ouviam às escuras) não sendo um incondicional, há fados de que gosto muito. Penso que houve uma grande evolução.
Abraço
"É que a seiva da Mãe África, que por mim corre, vive em harmoniosa coabitação com o sangue orgulhoso de ser Português!"
Antes de falarmos no sangue que nos corre, falemos na alma que nos envolve...
E se disser que hoje a minha Homilia coloca dois fados: uma ser cantado por uma Moçambicana e um Caboverdiano e outro por um brasileiro?
Carlos
Um dia deu-me para estudar a origem do Fado. Comprei livros (que se foram no último tufão). Ontem ao jantar vieram à baila as raízes do nosso Fado. Lá falei do que sabia e foi com muito gosto que vi o post do Rodrigo.
Eu sempre ouvi Amália ( pela minha Mãe), Alfredo Marceneiro (pelo meu Pai) Carlos do Carmo (por mim). Dos dois primeiros havia lá em casa inúmeros discos, mas as viagens e o regresso de Angola fez-nos ter opções.
Estou satisfeita por termos uma expressão sentida e reconhecida pela UNESCO.
Obrigada pelo calor da tua mão. Precisamos de estender as nossas aos que têm medo e dizer-lhes como me escreveste aqui há tempos " Não temas a tempestade"
Carinhosamente, um beijo
Um motivo de orgulho. Quando o sonho é de todos...
Beijos.
Também já foi tardiamente que comecei a apreciar o fado e me deixei encantar - ainda que moderadamente- por ele.
Continuo a não suportar ouvi-lo na rádio ou na televisão, mas facilmente me deixo embevecer quando o ouço ao vivo nos locais apropriados.
Espero é que esta atribuição da UNESCO não sirva para nos desviar dos problemas do país, como acontece com o futebol.
Abraço
O fado é património mundial. É um grande desafio e uma grande oportunidade para vários responsáveis do Governo português, nomeadamente da Cultura, da Economia e do Turismo. Tal como no fado, também na economia e no turismo só quem tem unhas é que toca guitarra.“
Meu Mwata,
Sem dúvida que esta nomeação do Fado nos aquece um pouco a alma.
Neste mundo louco, louco, vazio de tudo...?
Tu e a magia da Mãe África, sempre!
Abraço grande, meu Mwata.
Meu amigo:
Nasci num bairro popular de Lisboa onde o fado era cantado quase diariamente.
Portanto o fado está dentro de mim, portanto muito feliz fiquei com esta distinção.
O fado que escolheu é um dos mais belos.
beijinhos
Enviar um comentário