
Vou para o sol, cores, odores e cantares do Alentejo, esperando que Pedro me não pregue uma partida. Procurarei a sombra de um chaparro, para sob ela me sentar, fumando um cigarrito (pois é, já sei…) e lendo. Querem saber quem levo para ler? Digo: Pessoa, Mia Couto, Auster e Saramago. Viajarei pela gastronomia, e, se a água me não gelar os ossos, e as dores forem de férias, darei umas braçadas na piscina. Andarei pelo campo, pondo à prova, uma vez mais, a resistência das canadianas. À noite perguntarei às lantejoulas do céu se alguma delas tem algo para me dizer, qualquer coisa como, sei lá, já que vivem lá por cima, se acham que ser Deus é fácil ou difícil, estando eu em crer que deve ser tarefa espinhosa, especialmente agora que a crise anda por aí.
Por cá ficarão o portátil, a televisão, a rádio e os jornais.
Os próximos dias serão para abafar o bulício, para me ver livre dos emperuados: políticos, comentadores, analistas, politólogos, correlativos e jornalistas aprendizes de feiticeiros, que passam a vida num gluglu, inundando a capoeira com uma chinfrineira que nem eles entendem.
Parto já com a saudade do vosso contacto, que durante uns tempos ficará por acontecer.
A todos um abraço, e, se alguns se puserem também a caminhar, que as vossas andanças vos proporcionem tudo de bom. Regressarei nos primeiros dias de Agosto.
Por cá ficarão o portátil, a televisão, a rádio e os jornais.
Os próximos dias serão para abafar o bulício, para me ver livre dos emperuados: políticos, comentadores, analistas, politólogos, correlativos e jornalistas aprendizes de feiticeiros, que passam a vida num gluglu, inundando a capoeira com uma chinfrineira que nem eles entendem.
Parto já com a saudade do vosso contacto, que durante uns tempos ficará por acontecer.
A todos um abraço, e, se alguns se puserem também a caminhar, que as vossas andanças vos proporcionem tudo de bom. Regressarei nos primeiros dias de Agosto.
Deixo-vos este poema de Mia Couto:
Saudade
Magoa-me a saudade
do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternuras
dói-me a distante lembrança
do teu vestido
caindo aos nossos pés.
Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas.
Seja eu de novo a tua sombra,
teu desejo,
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu
que longe de ti sou fraco
eu
que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trémula,
raiz exposta.
Traz
de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono.
(Mia Couto)
Magoa-me a saudade
do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternuras
dói-me a distante lembrança
do teu vestido
caindo aos nossos pés.
Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas.
Seja eu de novo a tua sombra,
teu desejo,
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu
que longe de ti sou fraco
eu
que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trémula,
raiz exposta.
Traz
de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono.
(Mia Couto)