À Janela do Tempo
Não se lhe pergunte a idade, a resposta poderá ficar por se ouvir. À força de insistência acabará por dizer, tenha-se por mais certo, não sei, ela muda todos os dias. Saiba-se, apenas, que está ali, sentado naquele banco pintado de verde mais parecendo debruçado sobre uma janela do tempo, tal a posição a que se dão tronco e mãos.
Repare-se, está de testa franzida, olhar viajando. Estranha postura? Vá lá saber-se! Nem sempre o que parece é, mas o ser dele, hoje, denota, com uma observação mais cuidada o podemos observar, que um turbilhão o envolve – um tropel de ideias e sentimentos cirandando por si adentro!
Das ideias retém a de que não deve permitir que a ordem de seguir a ordem das coisas se lhe imponha. Não quer mergulhar no caos organizado. Desalinhar as pedras do xadrez, salvaguardando os peões, com que quem comanda a vida com ele quer jogar, está ele agora a imaginar, pode levá-lo a lances de um xeque vencedor. Tem por ideia que, se o fizer, não deixará atar-se pelas suas próprias mãos.
Dos sentimentos repele os ditados por palavras aos solavancos, atropelando-se, preenchendo horas vazias, gritando silêncios impertinentes. Sabe ele: muitas vezes as emoções pouco ou nada têm de sábias, embora se vistam de tal, apontam para caminhos errados.
Ditas as coisas deste modo é admissível pensar ter ele estado à conversa com o turbilhão. Deixemos que o pensamento assim se mantenha.
Está agora de testa já não franzida e de olhar regressado. Movem-se-lhe os lábios. Esgueirando-se por entre a folhagem das árvores que o circundam, a brisa sopra e traz para que se ouça:
Porque te chegaste hoje, nostalgia? Quando partires não me leves nem o pensamento nem as palavras. Um e outras são o que ainda de meu vou tendo.
Repare-se, está de testa franzida, olhar viajando. Estranha postura? Vá lá saber-se! Nem sempre o que parece é, mas o ser dele, hoje, denota, com uma observação mais cuidada o podemos observar, que um turbilhão o envolve – um tropel de ideias e sentimentos cirandando por si adentro!
Das ideias retém a de que não deve permitir que a ordem de seguir a ordem das coisas se lhe imponha. Não quer mergulhar no caos organizado. Desalinhar as pedras do xadrez, salvaguardando os peões, com que quem comanda a vida com ele quer jogar, está ele agora a imaginar, pode levá-lo a lances de um xeque vencedor. Tem por ideia que, se o fizer, não deixará atar-se pelas suas próprias mãos.
Dos sentimentos repele os ditados por palavras aos solavancos, atropelando-se, preenchendo horas vazias, gritando silêncios impertinentes. Sabe ele: muitas vezes as emoções pouco ou nada têm de sábias, embora se vistam de tal, apontam para caminhos errados.
Ditas as coisas deste modo é admissível pensar ter ele estado à conversa com o turbilhão. Deixemos que o pensamento assim se mantenha.
Está agora de testa já não franzida e de olhar regressado. Movem-se-lhe os lábios. Esgueirando-se por entre a folhagem das árvores que o circundam, a brisa sopra e traz para que se ouça:
Porque te chegaste hoje, nostalgia? Quando partires não me leves nem o pensamento nem as palavras. Um e outras são o que ainda de meu vou tendo.
13 comentários:
a nostalgia pode ser boa companhia... depende da perspectiva...
Bom fim de semana.
A voz do pensamento precisa das palavras, que foram sendo arrumadas como se fluíssem no tempo.
Momento de introspecção?
Belo!
Beijo
Querido amigo, muitas vezes somos nossa melhor companhia..Tenha um lindo final de semana...Beijocas
rouxinol de Bernardim
Talvez...!
Obrigado por ter vindo à minha cubata. Bom fim-de-semana também para si.
acácia rubra
Introspecção?
Provavelmente, mas vou perguntar ao Viajante.
Beijo
Marilu
Sim, é verdade, muitas vezes somos a nossa melhor companhia, embora a solidão seja, quase sempre, má companheira.
Beijocas
Falo-te
porque me falaste
e dou-te por recompensa, logo que parta, não só o pensamento e a palavra como também a janela do tempo, aberta de par-em-par, para que nunca te falte o tempo de usares as palavras necessárias...
Abraço
Meu querido CARLOS: estamos sempre ,à janela do tempo...Vamos observando a lenta e inexorável passagem do "carrasco"...
BEIJO GRANDE
Mª ELISA
Acabo de ler uma notícia, que lhe vai agradar, meu caro amigo:
"O ministério das Relações Exteriores do Irão informou neste sábado que a decisão final sobre o destino de Sakineh Mohamadi Ashtiani não foi tomada ainda.
O governo disse que a pena foi suspensa e que o veredicto está a ser examinado."
Os protestos nos países ocidentais sempre valeram a pena.
A Nostalgia faz parte de mim. Já a mandei passear, mas ela sempre volta. Fazer o quê? Eu apenas digo, conformada: Ah, vc você voltou? Entre, que lá fora está frio...
Às vezes, quando acordo ela já se foi, sem nem dizer té logo...eu nao ligo mesmo; sei que ela retorna!
Caro Carlos,
embora pareça comum, digo que adorei seu texto!
Lidíssimo nos detalhes, na objetividade séria como reflete sobre o sentimento, mas sensível na escolha das palavras! E como soou forte em mim , porque embora pareça sutil, seu canto é arrebatador...
e já tonta de espanto, despeço-me ! Estou a te seguir !
com carinho,
Thaís
Na nostalgia, encontramos tanta vez, o caminho mais profundo, onde as palavras encontram o verdadeiro sentido do que nos queima a pele, na incompreensão dos dias. Com a testa enrugada ou não, que saibamos sempre apreciar o som da brisa que passa na folhagem da nossa árvore.
Um beijinho
A nostalgia pode doer, mas inspirou um texto lindo.
Beijinhos.
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