“Então!?
Então, estou à rasca, que me doem os joelhos!”.
Foi assim, tal e qual, que aquele senhora, já entradota na idade e a atirar para o obeso, respondeu, sentada num banco, à pergunta que o repórter entendeu fazer-lhe: “E então?”
A reportagem televisiva era a da noite de Santo António, o santo que mais vende sardinhas, cerveja, vinho tinto, sangria e pão, põe o povo de Lisboa a bailar, e ainda dá um jeito noutras andanças que não são para aqui chamadas, mas de quem por elas passa é habitual ouvir-se: “Meu rico Santo António!” Pois…Adiante!
Bailarico! Claro!
Para a câmara olha outra filha de Lisboa, “alfacinha de gema”, como fez questão de frisar. Já para lá da meia idade, sorridente, alegremente respondeu: “Claro que estou a bailar, gosto de abanar o capacete!”.
Um sortudo conseguiu lugar à mesa de um dos arraiais. Mão sobre o gargalo duma garrafa de tinto falou convicto:”Vinho tinto, pois! Com a sardinha é tinto, cerveja não!”
E como vai para casa?
“Vou de metro, tenho o metro à porta de casa, vivo em Loures”.
Em Loures não há metro! Que importa, se o tinto o pôs à porta dele?
Aqui, apetece-me citar o escritor uruguaio Eduardo Galeano, que no seu “O Livro dos Abraços” escreveu: “Bem aventurados os bêbados, porque verão Deus duas vezes”.
Estou à rasca, gosto de abanar o capacete, o tinto é o melhor para a sardinha.
Gosto, gosto do meu povo.
Gostaria que os políticos da minha horta deixassem de ser hortaliças e fossem como o povo que gosta bué de Santo António.
9 comentários:
Ai Carlos!
Ainda me estou a rir...bué!
Beijo
Estou com um "grão na asa"
Só comento
um sentimento
quando eu próprio
me sinto sóbrio
(Uma parte do povo sempre se divertiu, em todos os tempos e regimes e até perante as fogueiras da santa inquisição. Mas outra parte não... acho que aligeirou uma complicada questão)
Parabéns amigo,conseguiu repetir na íntegra,tudo o que eu também ouvi em directo na TV,é a voz do povo no seu melhor,com vinho ou sem ele,bailando ou coxeando e vivam os portugueses,pobretes mas alegretes.
Um grande beijinho,meu amigo.
Miuíka
Caro Carlos, gostei de ler o seu relato a que não assisti, por ter andado longe de todos os ecrãs durante estes dias.
Quanto aos nossos políticos, infelizmente, continuam a ser apenas nabos.
Abraço
Há um selinho para ti, Carlos.
Beijo
Também vi essa reportagem. Quanto aos nossos políticos se calhar nem o Santo António consegue dar-lhes jeito.
Um abraço
Eu também gosto Carlos...da gente simples que inspira afectos!
Beijo,
Manuela
Muito divertido!
O tinto é bom para a sardinha e para ver a vida mais colorida!
Abraço
Também gosto do meu povo, aliás, como não gostar se dele faço parte?!
Simples, espontâneo e genuíno. O povo que não esquece a sua história, as raízes e a tradição e sabe que o valor do fruto está muito mais no sabor que ele tem do que na sua aparência.
Gosto sim!
Um beijinho, Carlos
( Tenho estado um pouco mais afastada, por falta de tempo, só isso! )
Enviar um comentário