quinta-feira, 23 de junho de 2011

O económico

Então, é assim: A partir de agora os membros do Governo, PM incluído, bem como os seus seguranças, passam a fazer as viagens por via aérea, mas só para dentro da Europa, em classe económica. Nada de executiva, como até aqui. Determinou-o o PM, Passos Coelho, que foi mais longe: Dispensa, também, a sala VIP do aeroporto de Lisboa.

Logo se ouviram inúmeras vozes em loas a Passos Coelho: Ora aqui está, em tempo de austeridade, uma medida moralizadora – é preciso poupar! Uma das vozes, que ouvi, foi a de Francisco Assis, um dos candidatos à liderança do Partido Socialista. Disse ele, num programa conduzido pelo melífero Mário Crespo, na SIC Notícias, estar de acordo com a medida, que, em seu entender, nada tem de demagógico! Não…!?

Todos sabemos, os que já viajámos lá por cima, ser grande a diferença, em comodidade e serviço a bordo, entre as viagens em económica e executiva. Por tal diferença, porém, praticamente não se dá quando os voos são dentro da Europa. Percursos mais curtos, mais rápidos. É entrar, sentar, apertar o cinto, dar uma vista de olhos por uns apontamentos, olhar para o lado, deitar o dente a uma sandes plastificada, bocejar, e já estamos a aterrar, quase tão frescos como à partida. O mesmo não sucede nos voos intercontinentais para as Américas, África ou Ásia. Viagens de longo curso, incómodas e cansativas, que se estendem, algumas, por horas sem fim. Incómodo e cansaço atenuados, minorados direi, pelo espaço de que dispomos a bordo, e pelo serviço incluindo refeições não muito plastificadas (algumas de excelente confecção), para além do visionamento de filmes e outros simpáticos aconchegos. Com tudo isto, e desde que se não passe por zonas de turbulência (como várias vezes me aconteceu, algumas de arrepiar!) a viagem corre sem, praticamente, se dar por ela. Nas viagens intercontinentais a diferença de preço entre económicas e executivas é substancial. A estas, contudo, não estende Passos Coelho a sua restrição.

Não é demagogia, então o que é?

Há pouco tempo Miguel Portas, do BE, propôs no Parlamento Europeu que os euro-deputados passassem a viajar em económica. Caiu-lhe o Carmo e a Trindade em cima, muitos nomes lhe chamaram, demagogo foi um deles.

Agora, batem palmas a Passos Coelho, que numa de populismo a toda a largura diz, também, dispensar a sala VIP do aeroporto!

Enfim…!

Já agora, a talhe de foice: Numa das suas últimas deslocações para encontro com Passos Coelho, o líder do CDS-PP, Paulo Portas, utilizou uma viatura topo de gama de uma conhecida marca nórdica. No que pode ser entendido como uma medida de austeridade, dispensou o seu motorista, provavelmente para não lhe pagar horas extraordinárias. Sentou ao volante a sua ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que mesmo com o auxílio de uma canadiana, lá se pôs ao caminho. Cavalheirescamente Paulo Portas sentou-se no banco de trás…

3 comentários:

folha seca disse...

Caro Carlos
É evidente que há que mostrar que se está disposto a fazer sacrifícios. Claro que é para impressionar. Vamos ter tempo para ver que isto são só fogachos.
Abraço

Rogério G.V. Pereira disse...

Desisto. Não sei comentar isto...

Mª João C.Martins disse...

Poderá ser demagogia. Estamos demais habituados a que os políticos não " dêm ponto sem nó". Mas, independentemente disso, a decisão esta decisão está correcta e já deveria ter acontecido há muito tempo!!