Então, é assim: A partir de agora os membros do Governo, PM incluído, bem como os seus seguranças, passam a fazer as viagens por via aérea, mas só para dentro da Europa, em classe económica. Nada de executiva, como até aqui. Determinou-o o PM, Passos Coelho, que foi mais longe: Dispensa, também, a sala VIP do aeroporto de Lisboa.
Logo se ouviram inúmeras vozes em loas a Passos Coelho: Ora aqui está, em tempo de austeridade, uma medida moralizadora – é preciso poupar! Uma das vozes, que ouvi, foi a de Francisco Assis, um dos candidatos à liderança do Partido Socialista. Disse ele, num programa conduzido pelo melífero Mário Crespo, na SIC Notícias, estar de acordo com a medida, que, em seu entender, nada tem de demagógico! Não…!?
Todos sabemos, os que já viajámos lá por cima, ser grande a diferença, em comodidade e serviço a bordo, entre as viagens em económica e executiva. Por tal diferença, porém, praticamente não se dá quando os voos são dentro da Europa. Percursos mais curtos, mais rápidos. É entrar, sentar, apertar o cinto, dar uma vista de olhos por uns apontamentos, olhar para o lado, deitar o dente a uma sandes plastificada, bocejar, e já estamos a aterrar, quase tão frescos como à partida. O mesmo não sucede nos voos intercontinentais para as Américas, África ou Ásia. Viagens de longo curso, incómodas e cansativas, que se estendem, algumas, por horas sem fim. Incómodo e cansaço atenuados, minorados direi, pelo espaço de que dispomos a bordo, e pelo serviço incluindo refeições não muito plastificadas (algumas de excelente confecção), para além do visionamento de filmes e outros simpáticos aconchegos. Com tudo isto, e desde que se não passe por zonas de turbulência (como várias vezes me aconteceu, algumas de arrepiar!) a viagem corre sem, praticamente, se dar por ela. Nas viagens intercontinentais a diferença de preço entre económicas e executivas é substancial. A estas, contudo, não estende Passos Coelho a sua restrição.
Não é demagogia, então o que é?
Há pouco tempo Miguel Portas, do BE, propôs no Parlamento Europeu que os euro-deputados passassem a viajar em económica. Caiu-lhe o Carmo e a Trindade em cima, muitos nomes lhe chamaram, demagogo foi um deles.
Agora, batem palmas a Passos Coelho, que numa de populismo a toda a largura diz, também, dispensar a sala VIP do aeroporto!
Enfim…!
Já agora, a talhe de foice: Numa das suas últimas deslocações para encontro com Passos Coelho, o líder do CDS-PP, Paulo Portas, utilizou uma viatura topo de gama de uma conhecida marca nórdica. No que pode ser entendido como uma medida de austeridade, dispensou o seu motorista, provavelmente para não lhe pagar horas extraordinárias. Sentou ao volante a sua ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que mesmo com o auxílio de uma canadiana, lá se pôs ao caminho. Cavalheirescamente Paulo Portas sentou-se no banco de trás…
3 comentários:
Caro Carlos
É evidente que há que mostrar que se está disposto a fazer sacrifícios. Claro que é para impressionar. Vamos ter tempo para ver que isto são só fogachos.
Abraço
Desisto. Não sei comentar isto...
Poderá ser demagogia. Estamos demais habituados a que os políticos não " dêm ponto sem nó". Mas, independentemente disso, a decisão esta decisão está correcta e já deveria ter acontecido há muito tempo!!
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