Por todo o mundo as boas-vindas a 2011. Mostrou-as a televisão. Muito fogo de artificio, champanhe, alegria e folguedo como sempre. Assim deve ser. Aqueles são momentos para o esquecimento do que de menos bom houve, e para desejar que o futuro, que hoje começa a escrever-se, seja diferente para melhor.
Todos o desejamos. Cabe a cada um de nós fazer com que assim seja.
Hoje, a meio da manhã. Reportagem televisiva. Fim de ano numa urgência hospitalar. Pessoal médico, de enfermagem e auxiliar envolvendo os doentes, todos idosos. Um deles, senhora de cabelos brancos, de que a vida, provavelmente, irá em breve despedir-se, respondeu ao médico: “Não, não quero ir para casa, não tenho lá ninguém.” Os outros, presumo, terão dito algo de semelhante, porque acamados os continuei a ver, de olhar distante e fixo no tecto da enfermaria.
Senti um aperto no coração, e, confesso, as lágrimas chegaram-se-me.
Não é momento para abrir portas à tristeza, eu sei. Por isso vos peço desculpa por aqui deixar este meu sentir.
Desejo a todos um Bom Ano Novo. Que cada um de nós consiga o gesto, por pequeno que ele seja, para fazer de 2011 um ano feliz.
Por aqui nos continuaremos a encontrar. Na minha cubata continuarei a recebê-los com muito prazer. As vossas visitas e comentários muito me honrarão.
Um grande abraço a todos.
Todos o desejamos. Cabe a cada um de nós fazer com que assim seja.
Hoje, a meio da manhã. Reportagem televisiva. Fim de ano numa urgência hospitalar. Pessoal médico, de enfermagem e auxiliar envolvendo os doentes, todos idosos. Um deles, senhora de cabelos brancos, de que a vida, provavelmente, irá em breve despedir-se, respondeu ao médico: “Não, não quero ir para casa, não tenho lá ninguém.” Os outros, presumo, terão dito algo de semelhante, porque acamados os continuei a ver, de olhar distante e fixo no tecto da enfermaria.
Senti um aperto no coração, e, confesso, as lágrimas chegaram-se-me.
Não é momento para abrir portas à tristeza, eu sei. Por isso vos peço desculpa por aqui deixar este meu sentir.
Desejo a todos um Bom Ano Novo. Que cada um de nós consiga o gesto, por pequeno que ele seja, para fazer de 2011 um ano feliz.
Por aqui nos continuaremos a encontrar. Na minha cubata continuarei a recebê-los com muito prazer. As vossas visitas e comentários muito me honrarão.
Um grande abraço a todos.
22 comentários:
Caro Carlos Albuquerque
Passou o Folguedo, curam-se as ressacas, dorme-se até mais tarde.
Mas a realidade não mudou nada para melhor. A cada minuto que passa as situações que retrata e muitas outras, aumentam.
Não, não vale a pela ignorá-las. Penso até que hoje é o dia certo para fazer o balanço.
Já houve primeiros dias de anos em que a esperança era maior. Já houve dias destes em que a confiança num novo dia era real.
Hoje o que sabemos é que muitas das injustiças a que tentámos pôr termo após aquela madrugada radiante, estão aí de novo e sabemos que a nossa geração ainda tem um papel a cumprir.
Um bom 2011 (apesar de tudo)
Abraço
Pois é! A vida é assim mesmo. Quando pensamos que tudo vai melhorar, pelo menos temos a esperança que vá, quando estamos, involuntariamente a ser egoístas, deparamo-nos com reportagens destas. Nestas alturas raros são aqueles que pensam um pouco nos outros. O ser humano é egoísta por natureza, só pensa nos outros quando confrontado com estas situações. Bom ano, Carlos.
Carlos
Tenho o privilégio de viver diariamente no meio pessoas que, não esperando grande futuro, entregam aquele que lhes resta, aos cuidados das únicas pessoas que os acarinham e os aceitam com todas as limitações e necessidades que têm, que cuidam delas sem lhes pedirem nem exigirem nada em troca e que, embora sabendo ser efémero, lhes devolvem o gosto pela partilha do sorriso.
Já escrevi sobre isto na história de vida " Sem estar sozinha".
Quando digo " tenho o privilégio" não o afirmo porque me alegre com estas situações de abandono e solidão em fim de caminhada, mas porque o facto de estar perto delas, me permite com frequência colocar a minha mão no meio de duas outras bem mais enrugadas, onde a vida que contêm me emociona de ternura e de um enorme respeito. É nesta proximidade que me sinto mais humana todos os dias e, perante a eloquência dos discursos ou mesmo o brilho das festividades, nunca me esqueço desta realidade.
É que, está exactamente nas nossas mãos, fazer sempre alguma coisa que dignifique a nossa existência e torne o futuro que agora se recomeça a escrever, mais digno também!
Um beijinho
O cenário dos hospitais com enfermarias cheias de velhotes não é o mais agradável para começar o ano. Mas é a triste realidade deste país.
Façamos de 2011 um ano com Futuro!
Um beijo.
Há muitos idosos que, realmente, não têm ninguém; mas não consigo compreender como aqueles, que tiveram filhos, são "esquecidos" por eles...
folha seca
A minha esperança naquela madrugada radiante ainda não se esvaneceu. Continuo a acreditar que seremos capazes de criar um homem novo. A nossa geração tem, de facto, um papel ainda a cumprir, e creio que o fará.
Um abraço
zeparafuso
É verdade! A Natureza criou-nos egoístas, mas está na nossa mão deixar de o sermos.
Bom ano.
Maria João
Que jamais se canse de deixar que nas suas mãos outras, "mais rugosas" descansem e recebam o afago de um afecto. Bem haja!
Um beijinho
Maria
É como dizes.
Há que não esconder a realidade e tudo fazermos para que 2011 seja um ano com Futuro.
Um beijo
Rosa Carioca
Também eu não consigo compreender tanta desumanização...
Amigo Carlos!Um bom ano que agora começa com saúde.Este drama que assistimos diáriamente é o sinal de uma sociedade sem afectos,quem é velho não presta...é duro assim ser.Afirmo que estes casos já os vi com meus olhos,andar com idosos dentro de uma ambulância e a família não os querer em casa,voltar com eles para o hospital para que as autoridades tomem atitudes,e assim se faz o progresso da desumanização,uma vergonha.
Beijinho e bom ano 2011
Agulheta.
Amiga.
Uma vergonha, como diz.
Para onde caminhamos nesta desumanização desenfreada?!
Beijinho e também para si um bom 2011.
Um Bom Ano, Carlos. Todos estamos muito pessimistas.
Espero que 2011 desperte o homem novo que todos temos dentro de nós.
Beijo
Não entrei na euforia própria da época, não porque não pudesse, ou porque seja uma mulher amarga, pelo contrário, mas porque deixei de entrar nestas datas em que muitos andam falsamente alegres! Para mim estar alegre e feliz depende de outros factores, actualmente penso mais nos problemas mundiais ou porque eles cada vez são maiores ou porque a idade me tornou mais sensível...
Abracinho meu
Olá Carlos!
Este é um dos problemas que realmente mostram o quanto nos estamos a tornar desumanizados. Esquecer-se-ão as pessoas de que se tornarão velhos? Esquecer-se-ão esses filhos e filhas que abandonam os seus velhotes, de que têm deveres como filhos e que, mostrando aos seus próprios filhos como tratam os seus velhotes, assim serão tratados no futuro?Esquecer-se-ão, esses filhos e toda a gente, que ser velho não é nenhum crime nem eles são estorvo? Quantas histórias de vida eles guardam, quantos conhecimentos que não aparecem nos livros se perdem porque não são escutados?
Apesar das dificuldades que se prevêem para 2011, quero acreditar que ainda podemos fazer a diferença.
Que iremos fazer a diferença.
Desejo-lhe as melhores felicidades para 2011.
Amigo Carlos!
Não peça desculpa por abordar um tema que envergonha toda a gente de bem.
É um facto que se assiste em todo o lado,um pouco menos cá pelo campo, felizmente, onde as pessoas têm ainda o velho e sábio costume de "fazer os fins" como lhe chamam, a todos os que amam.
Mas, mesmo aqui, se vêem casos de abandono, sobretudo dos idosos com problemas mais sérios de saúde.
Sei que quem tem que trabalhar, de sol a sol, para garantir o pão na mesa, tem dificilmente condições para tratar dos seus pais ou parentes deles dependentes, mas sei também que é possível.
Vivi todos esses momentos, com pais, tia e até com o meu irmão mais novo, já falecido.
Se eu não posso, eu não me demito, arranjo alguém que o possa fazer, mesmo que só por algumas horas.
Familiares e amigos podem e devem ajudar.
Havendo vontade e altruísmo, tudo se consegue.
Ficaria aqui a falar do assunto e dando exemplos de como eu própria vivi esses problemas sem me demitir nunca, mas o essencial está dito.
Um Bom Ano para si amigo, todos os dias do ano.
Beijinhos
Ná
Meu caro amigo de longe, quero agradecer-lhe a força que me deu com o seu comentário — claro que é-me quase impossível, abandonar completamente os meus interesses culturais.
Quero no entanto, NÃO SER TÃO EGOÍSTA, pois tenho uma FAMÍLIA MARAVILHOSA, que NÃO MEREÇO!
Ao ler este seu texto, Carlos, pensei, que talvez a senhora de cabelos brancos, sem alguma pessoa em casa à sua espera, tenha sido toda a sua vida uma egoísta, e que a família se tenha afastado dela.
Um 2011 com TUDO DE BOM para si e para toda a sua família são os votos da amiga de longe!
Meu amigo:
Este seu texto só mostra a sua humanidade. A solidão é algo que também mexe muito comigo. Chegar ao fim do caminho sem ter quem nos dê a mão é muito triste.
Também lhe desejo um excelente ano, e claro que pode sempre contar com a minha amizade e com a minha visita.
Beijinhos
Feliz Ano Novo amigo. Muita paz, muita luz, muita saúde, e tudo o que mais desejar.
No hospital do Barreiro foram levados e deixados nas urgências alguns idosos. Como quase todos os anos no fim do ano e nas férias. O ser humano tornou-se num monstro de egoísmo que não respeita nem quem os trouxe ao mundo.
Um abraço
Este é um grande e grave problema da nossa sociedade, a solidão dos idosos e o seu abandono pelos filhos.
Quando me confronto com situações como a que descreveu também fraquejo. E revolto-me. O problema da velhice devia ser encarado por toda a sociedade. Devía-mos pressionar os nossos deputados a agirem.
Um abraço,
Mas todos o sanos é um repetir de noticias iguais por que infelizmente o ano mude mas as miserias humanas, não
kis :=( bom ano
Tu anda viajando, é? Mas deve tá um frio aí!
Vem pro Brasil,passear, que aqui tem sol e praias mornas, principalmente no nordeste, nesse época do ano não chove nada, lá!
Abração
Querido,
Esta sua sensibilidade me inspira!
Um ótimo 2011 para todos nós.
Bjs
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