Não vivemos o que sonhamos, mas o que a vida de nós faz. E a vida corre por linhas sinuosas, que gratuitas não são. Por cada palmo andado há sempre um espaço que se atravessa a querer barrar ou, pelo menos, a dificultar o percurso. Então, nesses instantes, a máquina que move a bolha em que habitamos entra em sobressalto, desassossega-se. As palavras remetem-se ao silêncio, os gestos à quietude, o pensamento recolhe-se. A vida parece ganhar um hálito diferente.
É, afinal, a condição dolorosa cobrada pela existência de sermos.
Passei por um desses momentos. Daí a ausência.
Tenho um coração que sangra, pulsa alto e pensa. E porque assim é, voltei a sonhar a vida, em vez de apenas a viver. Agarro, de novo, as minhas horas, com fome de extensão do tempo. Reencontro nas palavras as ressonâncias perdidas. Volto a puxar o sol e a ouvir a chuva cair gota a gota.
Regresso com um abraço a todos, agradecendo, sensibilizado, os comentários deixados.
9 comentários:
Caro Carlos Albuquerque
Como eu percebo as suas palavras e nem imagina o quanto me tocam. Era ainda Jovem (48 anos) quando os pistons falharam. Apesar de tudo aguentei e com uma duzia de comprimidos por dia já passaram 8 anos sem sobressaltos de maior. Sei que esta conversa é pouco animadora, mas queria dar-lhe as boas vindas pois fui dos que senti a sua falta.
Cuidado com as emoções dos próximos dias.
Grande abraço
Bem regressado seja!
Momentos duros, infelizmente, todos passamos. Não podemos é deixar que nos destruam(pelo menos em definitivo).
Fico contente por o ter aqui de novo e lhe deixo o meu abraço solidário num momento triste para si.
Bom regresso.A vida faz dessas coisas, mas a continuação é necessária.
Um grande bj
Que bom que estás de volta!
E se "... a condição dolorosa cobrada pela existência de sermos" é sermos, então que venha o sol ou a chuva, que nós estamos.
Já tinha saudades.
Beijo
Estou feliz pelo regresso, Carlos.
Regressa um coração que sangra, pulsa alto e pensa. E porque assim é, voltou a sonhar a vida, em vez de apenas a viver.
Que bom voltar a ter a sua companhia para puxarmos o sol e ouvirmos a chuva cair gota a gota numa partilha que lhe reclamo. Mesmo se tal não possa ser, que bom voltar a pensar sobreo seu escrever...
Bonito post. A começar pela primeira linha já que nem sempre nos é dado viver o que sonhamos. Fizeste uma travessia no deserto, como se diz. Ha muita gente que a faz. Ainda que o nao diga. Ou nem por isso...
Abraço
Querido amigo, feliz regresso, estava com saudades de suas belas postagens. Beijocas
Olá Carlos!!
Que bom que é sabe-lo regressado do sobressalto, da quietude dos gestos e do silêncio onde, em tempo de sinuosos percursos, nos aconchegamos para mover interiormente todas as forças.
Que bom que é sabe-lo de novo aqui, lendo o que pensa e o que sente, algo que sempre me acrescenta.
Um abraço
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