
Singularidades da língua portuguesa.
O Novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa está em vigor desde Janeiro de 2009. Só em 2012, porém, se tornará obrigatório. Até lá são permitidas as duas grafias. O novo acordo apenas altera a ortografia (escrita) e não a pronúncia.
Um pouco da história recente:
Em Portugal o Governo ratificou-o a 6 de Março de 2008, o Parlamento aprovou-o a 16 de Maio e o Presidente da República promulgou-o a 21 e Julho, entrando imediatamente em vigor. Está, no entanto, prevista uma fase de adaptação até 2012, período durante o qual serão permitidas as duas grafias. Este está longe de ser um trabalho completo sobre o Novo Acordo Ortográfico. Trata-se, apenas, de uma referência a um acontecimento que terá, certamente, implicações no ensino da língua portuguesa, para já não falar da perturbação que causará nos que não conheceram senão a grafia que actualmente utilizam. Trabalho desenvolvido encontrará, por exemplo, aqui, de onde retirei, com a devida vénia, a fotografia que encima o texto, e também aqui.
Algumas mudanças que nos esperam:
O K, o W e o Y, são incluídos definitivamente no alfabeto que se alarga de 23 para 26 letras. Pronuncie-se o K como capa ou cá; o W como dáblio, dâblio ou duplo vê; o Y como ípsilon ou i grego.
Novas regras para a utilização de minúsculas (caixa baixa) e maiúsculas (caixa alta):
- Os dias de semana, meses do ano e os pontos cardeais passarão a ser escritos em minúsculas (caixa baixa) - segunda, domingo, janeiro, fevereiro, norte, sul, etc…
- poder-se-á usar maiúsculas ou minúsculas em títulos de livros, no entanto a primeira palavra será sempre maiúscula (Memorial do Convento, ou Memorial do convento).
- também é permitida dupla grafia em expressões de tratamento (Exmo. Sr. ou exmo. sr.) em sítios públicos e edifícios (Praça da República ou praça da república) e em nomes de disciplinas ou campos do saber (História ou história, Português ou português).
Supressão de consoantes mudas.
- cc - : transaccionado passa a transacionado, leccionar passa a lecionar. Mantém-se em friccionar, perfeccionismo, e outras, por se articular a primeira consoante.
- cç – acção passa a ação; erecção passa a ereção; reacção passa a reação. Mantém-se em fricção, sucção.
- ct – acto passa a ato; actual passa a atual; tecto passa a teto; projecto passa a projeto. Mantém-se em facto, bactéria, octogonal.
- pc – percepcionar passa a percecionar; anticoncepcional passa a anticoncecional. Mantém-se em núpcias, opcional.
- pç – adopção passa a adoção; concepção passa conceção. Mantém-se em corrupção, opção.
pt – Egipto passa a Egito; baptismo passa a batismo. Mantém-se em inapto, eucalipto.
Supressão de alguns acentos gráficos em palavras graves
- crêem, vêem, lêem, passam a creem, veem e leem.
- pára, pêra, pêlo, pólo passam a para, pera, pelo e polo.
Ditongos perdem acento
As palavras acentuadas no ditongo oi e ei passam a ser escritas sem acento:
- esstóico (estoico);
- paleozóico (paleozoico);
- asteróide (asteroide).
- palavras compostas em que o prefixo termina em vogal e o sufixo começa em r ou s, dobrando essa consoante: cosseno, ultrassons, ultrarrápido.
- o prefixo termina em vogal diferente da incial do sufixo: extraescolar, autoestrada, intraósseo.
- formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de. Não escreveremos hei-de, nem hás-de.
O hífen emprega-se em:
- palavras compostas onde a última vogal do prefixo coincide com a inicial do sufixo, excepto o prefixo co- que se algutina ao sufixo iniciado por o: contra-almirante, micro-organismo, coobrigação.
- palavras que designam espécies da Biologia ou Zoologia: águia-real, couve-flor, cobra-capelo.
Dupla grafia de algumas palavras
- característica - caraterística
- intersecção - interseção
- infeccioso - infecioso
- facto - fato
- olfacto - olfato
- conceção - concepção
- súbdito - súdito
- amnistia -anistia
- amígdala - amídala
- súbtil - sútil
- académico - acadêmico
- ingénuo - ingênuo
- sénior - sênior
- cómico - cômico
- vómito - vômito
- fémur - fêmur
- abdómen - abdômen
- bónus - bônus
- bebé - bebê
- puré - purê
- judo - judô
- metro - metrô
- andámos - andamos
O novo acordo é polémico, havendo argumentos a favor e contra. Os que lhe são favoráveis defendem que se trata da aproximação natural da oralidade à escrita, enquanto os que o não querem (e nalguns casos se recusam mesmo a aceitá-lo) dizem tratar-se de uma evolução contra-natura da escrita.
Com o novo acordo calcula-se que cerca de 2% do vocabulário de Portugal será alterado. No Brasil apenas 0,45%.
Uma curiosidade:
Nos anos 40, Luiz Gonzaga um cantor do Nordeste do Brasil (Pernambuco), que ficou conhecido como o "Rei do Baião", deu-se conta dos trambolhões a que era sujeita a língua portuguesa. Compôs o "ABC do Sertão", com a oralidade e ritmo bem característicos da sua região. Ficam dois vídeos. O primeiro com as vozes de Fagner (parceiro de muitas interpretações) e do autor, o segundo um clip.
1 comentário:
estou a ver... uma grande confusão. o melhor será voltar para a escola primária!
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