quinta-feira, 28 de maio de 2009

Leituras (A História da Papisa Joana)



Releitura







Há livros que nos chegam às mãos porque alguém os leu, gostou, e decidiu que seria uma boa oferta. É o caso deste que recebi como presente da minha filha, fazia eu anos, em Agosto de 2008. Li-o. Escolha e oferta acertadas. Agora, quase um ano depois, voltei a ele.
Escrito, sob a forma de romance, pelo professor universitário mexicano Arturo Ortega Blake, com obras literárias premiadas internacionalmente, narra a história de Ioannes Angelicus a única Papisa registada na história eclesiástica. Diz a editora (Ambar) que “…seja realidade, mito ou lenda, é apaixonante a história de uma mulher que se disfarçou de homem e a quem chamavam João, o Angélico, pela beleza do seu rosto e o seu olhar luminoso. Governou a Igreja durante dois anos depois do Papa Leão IV (847/855), mas a sua ascensão foi precedida por uma vida difícil, cheia de riscos e aventuras. Nascida na Alemanha no século IX, foi vendida pelos pais a um circo de onde fugiu, refugiando-se num mosteiro beneditino, onde estudou disfarçada de monge. A partir daí, o seu percurso levou-a a Atenas, Bizâncio, Nápoles e Roma, prosseguindo os seus estudos e aventuras, até chegar ao mais alto cargo da Igreja Católica”.
Não é a editora a afirmá-lo, mas uma pesquisa minha: segundo uma lenda que circulou pela Europa ao longo de vários séculos, Joana foi a única mulher a governar a Igreja Católica durante dois ou três anos. A maioria dos historiadores modernos e estudiosos religiosos considera-a como uma figura fictícia, possivelmente originada numa sátira anti-papal.
Voltando ao livro que nos revela a bárbara, inumana e grosseira Europa do século IX como se lá tivéssemos ido, em viagem pelo tempo, e, simultaneamente, a história atribulada da Igreja tantas vezes manchada de sangue inocente, acompanhamos o percurso de Joana e o seu encantamento pelo bizantino Mustafá por quem se prende de amores e com o qual mantém uma relação íntima para toda a vida, tendo-lhe um dia dito: “São opostos os nossos mundos, mas são cativantes”.
A história acaba com a morte de Joana, depois de coroada Papa Ioannes Octavus, curiosamente o nome, Ioannes VIII, do primeiro Papa assassinado e não feito mártir, de acordo com os registos históricos. Joana morre ao dar à luz um filho de Mustafá quando, numa manhã de Abril, encabeçava, com o bordão papal na mão, uma procissão que saíra da Basílica de São Pedro para o Palácio de Latrão em Roma. Abraçada pelo seu amado Mustafá, diz-lhe, antes de morrer, enquanto tocava no menino recém-nascido: “Não me custa morrer, custa-me é deixar-vos”.
A gravura reproduzida foi retirada da Wikipédia

3 comentários:

Marta Albuquerque disse...

Li, vão fazer cinco anos, "A Papisa Joana", de Donna Woldfok. Reli mais do que uma vez. Falei, recomendei e emprestei à Rosário o verão passado. Leu, gostou e ofereceu. A versão é diferente, mas, pelos vistos, igualmente fascinante.

Um dia espreito essa :)

Anónimo disse...

*Donna Woolfolk

Carlos Albuquerque disse...

Há versões diferentes sobre a história de Joana. A escritora norte-americana Donna Woolfolk Cross, também professora universitária de inglês, seguiu uma delas, desenvolveu uma pesquisa ao longo de sete anos, finda a qual deu à estampa o seu primeiro romance: A Papisa Joana.
Arturo Ortega Blake, igualmente professor universitário, mas mexicano, partiu da versão de Martinho Opava, cronista do século XIII, que chegou a ser capelão papal de Clemente IV e de outros papas que se lhe seguiram, e que afirmou ter Joana nascido em Mainz, na Alemanha, no século IX. Após anos de pesquisa, Blake escreveu o romance A História da Papisa Joana. Foi sobre este, de leitura apaixonante, que aqui deixei o meu post. Conheço quem leu a obra de Donna Woolfolk Cross, e a tem, igualmente, como cativante.
Obrigado e volte ao convívio sempre que quiser.