Eva e Adão saíram do Éden. Ao portal ficou um querubim, de espada de fogo na mão, guardando-o de intromissões, embora ambos lá tenham retornado em busca de alimento. E não só, ao que parece, Eva e o querubim entenderam-se. De tal chegar terá nascido o louro pastor Abel que o lavrador Caim, chegado antes ao mundo, e não alourado, matou. Condenado a penar e a morrer da sua natural morte, Caim viajou por presentes do futuro e do passado, como o narrador explica, não vá o leitor confundir-se, diz ele. Foi longo o andar de Caim. Presume-se, pela leitura, que ainda hoje continue a calcorrear montes e vales, sempre conversando, discutindo, com Deus, sem que a natural morte surja.
Conheceu Lilith (na Terra antes de Eva?), mulher de Noah. Do adultério, por ela desejado, nasceu Enoch. Andou quase por toda a parte, e com gente em abundância se deu.
Umas referências, apenas. Insurgiu-se contra o sacrifício de Isaac, evitando que a mão de Abraão descesse com o punhal, antes que um anjo salvador aparecesse; passou por Babel; viu Moisés destruir o bezerro de ouro, ficando uns tempos à conversa com o patriarca; olhou para Sodoma e Gomorra destruídas; fez-se soldado de Josué; chegou ao vale onde se apresentou a Noé com ele embarcando na Arca. Passado o Dilúvio terá ouvido Deus dizer-lhe: “…a nova Humanidade, houve uma, não haverá outra e ninguém dará pela falta…”
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A partir de uma leitura literal da Bíblia, “Caim” está escrito ao estilo de Saramago, com recurso constante à metáfora.
Não é meu propósito analisar a obra, criticá-la. Apenas sugiro aos amigos bloguistas a leitura, e o regresso ao meu blog, se o entenderem, para aqui deixarem as suas opiniões. Acrescento que encontrei, ao longo da escrita, expressões que considerei excessivas, porventura até mesmo insultuosas. Em entrevista recente Saramago reconheceu ter cometido "excessos". Não apagou. O que escreveu em “Caim”, lá continua.
Conheceu Lilith (na Terra antes de Eva?), mulher de Noah. Do adultério, por ela desejado, nasceu Enoch. Andou quase por toda a parte, e com gente em abundância se deu.
Umas referências, apenas. Insurgiu-se contra o sacrifício de Isaac, evitando que a mão de Abraão descesse com o punhal, antes que um anjo salvador aparecesse; passou por Babel; viu Moisés destruir o bezerro de ouro, ficando uns tempos à conversa com o patriarca; olhou para Sodoma e Gomorra destruídas; fez-se soldado de Josué; chegou ao vale onde se apresentou a Noé com ele embarcando na Arca. Passado o Dilúvio terá ouvido Deus dizer-lhe: “…a nova Humanidade, houve uma, não haverá outra e ninguém dará pela falta…”
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A partir de uma leitura literal da Bíblia, “Caim” está escrito ao estilo de Saramago, com recurso constante à metáfora.
Não é meu propósito analisar a obra, criticá-la. Apenas sugiro aos amigos bloguistas a leitura, e o regresso ao meu blog, se o entenderem, para aqui deixarem as suas opiniões. Acrescento que encontrei, ao longo da escrita, expressões que considerei excessivas, porventura até mesmo insultuosas. Em entrevista recente Saramago reconheceu ter cometido "excessos". Não apagou. O que escreveu em “Caim”, lá continua.
15 comentários:
Olá,
O «marketing» relativamente ao livro Caim, foi tanto, que vou comprá-lo antes que esgote!
Saramago, pegou num excerto da Bíblia, a narração sobre Caim e Abel, que sempre motivou muita polémica e incredualidade! As metáforas tão constantes da Biblia são um bom exercício, para leituras diferentes, mas pouco credíveis, no entanto até o considero um dos mais importantes livros de sempre. Lançou um bom desafio, depois de ler, faço o meu comentário.
Bjs,
Manuela
Quando chegar à Alemanha vou voltar a este assunto.
Agora tenho pouco tempo, porque estou a escrever num portátel emprestado.
Curiosamente, estivemos hoje toda a tarde a falar sobre o debate na Sic, que não vi, mas contaram-me.
O Diogo está aqui ao meu lado a ler o "Caim"! Eu ainda o vou ler antes de regressar a D'dorf!
Vim deixar com vc o "Selo Amigo fiel", está na lateral do blog e gostaria q vc aceitasse.
bjos e ótimo fds!
Eu vi o debate e o Saramago, confirmou que cometeu excessos no que escreveu. Mas, debateu-se com tamanha certeza, que eventualmente puderia deixar alguns expectadores confusos.
Vou comprar o livro... e certamente, virei aqui dar a minha opinião.
Bom final de semana.
Abraço amigo
Amigo Carlos! Realmente Saramago veio despoletar na escrita, certas verdades que devem ser ditas.Sei que nem todos entendem as leituras da Bíblia ou compreendelas,perante isto eu vou comprar o livro e entender melhor,e comparar para falar melhor.
Beijinho de amizade bfs
Lisa
Cumprindo o dito popular «Olha ao que eu digo; não olhes ao que eu faço», é curioso que Saramago recorra de forma generosa à metáfora na escrita própria e só consiga compreender a Bíblia de forma literal...
Quanto às declarações de Saramago, o Carlos já sabe o que penso delas. Talvez porque trabalho na área da literatura, as palavras, para mim, contam, mesmo que depois se admitam excessos, sobretudo porque a responsabilidade das palavras de um Nobel da literatura têm valor acrescido.
Quanto a «Caim», os excertos que tenho lido não me entusiasmam.
Sou leitora compulsiva e se Saramago nunca me disse muito, agora ainda me diz menos.
Acredito que quando lemos também nos estamos a "ler" a nós próprios. Os livros do Nobel somados às declarações afastam-me dele.
Abraço.
Manuela Freitas
Paulo
Maria Valadas
Agulheta
Aguardarei que regressem com as vossas opiniões.
BJS e um abraço
Eu,
Aceito o selo, com todo o gosto.
Bjos
Austeriana,
Não trabalho na área da literatura, mas por ela tive sempre (e tenho) uma paixão. A paixão é o que sabemos…
As palavras, para mim, contam, mesmo as que me aparecem com cara de nada quererem dizer, ou de tudo esconderem.
Quando Lobo Antunes “desabafou” que “A morte é uma puta…” não creditei ao “desafogo” qualquer valor acrescido. Se mais razões não tivesse, bastava-me uma: também eu acho que a morte é uma puta.
Quanto a Saramago creio ter dito não negar a possibilidade de uma leitura simbólica da Bíblia, logo acrescentando não deverem as leituras simbólicas e o trabalho da exegese servirem para “fazer de conta que a letra não existe”.
Durante séculos, excluindo os de leitura proibida pela Igreja Católica, a Bíblia foi lida literalmente, sem qualquer apostila…
Lemo-nos a nós próprios, quando lemos. Não sei! A mesma dúvida tenho quando escrevemos. Dentro de cada um, digo eu, vivem o outro e o eu. Talvez o outro se escape demasiadas vezes, sem que o consigamos controlar.
Obrigado, Austeriana, pelo seu comentário.
Um abraço
O sr. Saramago não me convenceu. Prefiro continuar a ler (mais uma vez) a Bíblia, apesar de não praticar nenhuma religião...
Rosa Carioca,
Obrigado por ter deixado a sua opinião.
BJS
Não li o livro,mas a atitude do Sr. Saramago não me convence.
Boa semana,
Bjs,
rosa dourada/ondina azul,
Depreendo das suas palavras que a atitude de Saramago não a convenceu a ler "Caim".
Se o escritor tivesse ficado calado tê-la-ia, possivelmente, como leitora do livro.
Pode ser que ele aprenda!
Boa semana, também para si.
Bjs
O temido Saramago
Sem dúvida, é o homem da polémica e da incompreençaão.
Muito se fala... e por vezes não se conhece fala-se por falar, só por q tal pessoa disse algo.
Nunca li Saramago, apesar de ter comprado quase todos os livros dele, para ofertar à minha sobrinha que adora lê-lo. E é claro também vou comprar este que me resolve a prenda para ela agora no Natal.
Um abraço
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