Eu sei, sei que foi ontem. Só que hoje abri a minha caixa mágica e nela encontrei uma conversa guardada. Uma fala de dois amigos que ouvi não sei quando, não me recordo aonde. Tem estado na caixa, não em segredo, mas aconchegada ao canto das memórias. Hoje, ao soltar-se, pediu-me que a contasse. Conto. Dizia um amigo ao outro: então, foi assim...
(São dois os protagonistas, ele e ela. Ambos ainda a um passo de serem adultos.)
Ele viu-a do outro lado da rua, sentiu que um calor o enlaçou. Disse para consigo: é ela, é ela!
Tempos depois alguém os apresentou. Ficaram a conhecer-se, assim num conhecimento ligeiro, de bom dia, boa tarde, até amanhã.
Um dia o cumprimento durou um pouco mais, a despedida tardou. Ele olhou-lhe para dentro dos olhos, como ainda não se atrevera a fazer e disse-lhe, quase sem jeito:
- Queres casar comigo?
Ela, passando rápida pela surpresa, respondeu:
- Quero!
Casaram!
Começaram o namoro que não tinham tido. Hoje, muitos anos corridos de zangas e pazes, continuam a namorar com a mesma chama, pensando, quem sabe, que um dia virão a casar!
11 comentários:
Carlos
É verdade que a juventude pode manter-se inalterável dentro de cada um de nós, independentemente da idade cronológica. A arte é saber conservar a alegria, a vitalidade e o deslumbramento de um tempo em que tudo é vivido e sentido como se fosse a primeira vez. Por isso eu acredito que mesmo velhinhos, podemos sempre sentirmo-nos jovens e como relata na sua história, amar alguém como se o tempo conserva-se uma promessa que se adia, porque é muito mais saboroso vivê-la do que cumpri-la!
Tristemente, a maioria dos idosos namorou, casou, teve filhos, ficou só e é nessa terrível solidão, que carrega como um fardo, que espera apenas o dia da partida, porque já nem com o afecto dos que sempre amou e cuidou, pode contar. É deles que me lembro sempre, independentemente do dia.
Um abraço
Amigo Carlos! Que bom saber contar a história dos amigos que partilham a vida. Se ela estava guardada naquela folha que não esquece e ainda perdura pela vida,assim deve ser sempre,aquelees que não tem a tal folha guardada para partilhar,esses eu lamento que os deixem entregues ao seu destino...a morte.
Beijinho e bfs.
Bonito texto.
P.S. Carlos, desculpe lá mas não resisto a dizer-lhe: Já me fartei de rir com o novo "nickname" que me arranjou!
Isto foi de tal forma que me desviou do comentário que ia fazer ao post...
Nada tenho contra a «Aureliana» :))) Mas como sou fã do Paul Auster... sou mais Austeriana :))
Abraço.
Carlos
Dizem que o coração nunca envelhece e caminhando pela vida posso até jurar que é verdade. E acrescento que envelhecer ao lado de quem se ama, enfrentando tempestadas d'alma, calmarias, céu azul de brigadeiro, noites de intenso luar, tornados, seja lá o que for, juntos, esse é o melhor presente que a vida pode nos oferecer... Achei que conseguiria esse prêmio, afinal já se tinham passado mais de quarenta anos de caminhar lado a lado, mão na mão, coração no coração, mas Deus achou que talvez eu não o merecesse... Caminho,pois, sozinha, envelheço só, mas levo comigo doces lembranças que me tornam serena...
Que essas duas crianças que um dia se encontraram e juntas caminham, tenham ainda um longo, muito longo caminhar, lado a lado, alma amparando alma, numa só vida.
Beijos para os dois.
Maria João,
Infelizmente é como diz. Gostaria que assim não fosse, mas a natureza humana...
Um abraço
Agulheta,
Amiga Elisa. É uma folha da vida que perdura, mantém-se viva.
Beijinho
Austeriana!!!Agora saiu bem! Viva!!!
Pronto, Austeriana (outra vez, safei-me!),já mandei o neurónio gripado, que me andava a trocar as voltas, para revisão.
A desculpa não anula o disparate, eu sei, mas mesmo assim peço desculpa. Estou perdoado? ;)
Um abraço
Dulce,
Obrigado pelo comentário sensível que aqui deixou. As duas crianças agradecem o que lhes deseja, e continuam no namoro.
Beijos, amiga Dulce
Olá amigo Carlos
Quinhentos idosos aqui do meu Concelho, ontem tiveram um jantar de gala no Casino de Vila Moura,não sei se foi por ser o dia do idoso, ou se é por causa do dia onze de Outrubro
A Camara é do mesmo partido do Presidente R durante quatro anos ninguém lhes liga.
Se não fosse a mafiagem até concordava.
agora assim a fazerem prepagada com o meu dinheiro eu sei uma palavra em Italiano mas não me lembre
bom fim de semana
grande abraço
Carlos,
Se calhar há por aí um escritor qualquer chamado Aurélio:))
Nada há para perdoar! Fartei-me de rir!
Abraço.
Amigo José,
Talvez as duas coisas. Essa gente gosta de brincar à caridadezinha...
Um abraço
Austeriana,
Não, não há escritor nem imperador.O dicionário, esse é só para as falhas.
Foi mesmo o neurónio gripado :))
Abraço
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