sábado, 20 de junho de 2009

Entrevistas (PM à SIC)



José Sócrates
no
“Dia D – Especial”


O PM que está lá em cima, entre parêntesis, quer dizer Primeiro-Ministro e chama-se José Sócrates. Desculpe-se-me o não ter colocado Eng.º antes do nome mas, como disse um falante estrangeiro das coisas da gente que nos visitou no principio do ano e com o qual estou de acordo, Portugal burocratiza-se e auto-elitiza-se em demasia ao colar títulos às pessoas que acabam por deixar de ser elas próprias para passarem a ser nem elas sabem o quê, já que quase, para não dizer sempre, o Eng.º ou o Dr. mesmo os de impostos à taxa mínima, como quase todos, não lhes acrescentam mais valia por aí além.

O programa a que levaram o PM, na Quarta-feira dia 17 deste mês de Junho, chama-se “Dia D – Especial”. Entrevistadora: Ana Lourenço, jornalista oriunda da rádio, personagem de voz calma, imagem sóbria e sorriso certo. Não se confunda com melíflua porque ela não o demonstrou ser. Ave rara no jornalismo televisivo – parece perceber que ao jornalista não cabe ser protagonista a fazer-se ao retrato de família em bicos de pés, mas perguntador dando ao entrevistado espaço de resposta para que se perceba quem é. Vamos a ver se a conversa com José Sócrates foi uma excepção, ou se assim continuará a comportar-se.
A entrevista correu. Ana perguntou a Sócrates o que pensava este do que tem feito à frente do Governo. Respondeu o PM estar satisfeito consigo próprio. Depois, Ana quis saber (tal como nós, julgo) o que distingue o PM de Manuela Ferreira Leite (a chefe do PSD). Diferenças de mundividência disse Sócrates, acrescentando que nunca lhe passaria pela cabeça afirmar, como Manuela, que o casamento tem como única função a procriação ou que as obras públicas só vão beneficiar os trabalhadores ucranianos e cabo-verdianos. Não ficou por aqui – Manuela quer revogar imediatamente a lei do divórcio. E a diferença entre ele Sócrates e o PSD? José, o PM, disse haver um ponto fundamental a separá-los: ele defende as funções sociais do Estado, o PSD quer privatizar Segurança Social e a educação, e acabar com o Serviço Nacional de Saúde. Quanto ao TGV, a história já tem quinze anos e não decidir tem um custo.
Mais foi dito, claro, que a entrevista andou por uma hora. Depois dela, no mesmo canal, o que já vai sendo costume: um painel de gente a opinar.
Foram quatro: Graça Moura, Nicolau Santos, um politólogo, salvo erro de nome Maltês, e Ricardo Costa.
Graça Moura: presença inútil – só falou de inocuidades, muito preocupada com o novo estilo de comunicar de Sócrates que, ela não o disse mas deu a entender, não bate a bota com a perdigota.
Nicolau Santos: lúcido – o país demora tempo a decidir, os partidos mudam constantemente de opinião. O PM também o tinha dito.
Politólogo: o que ele gosta de se ouvir!
Ricardo Costa: certeiro, centrando desvios da conversa com o pôr na mesa informação indesmentível. Mordaz: há comentadores que sabem mais que os políticos!
Disseram os partidos parlamentares, fora do estúdio:
PSD ( Paulo Mota Pinto): "tentativa de encenação de um novo estilo pele de cordeiro, de alguma aparente modéstia".
BE (Helena Pinto): "o estilo do primeiro-ministro pouco contará se as políticas não mudarem".
PCP (Bernardino Soares): "ausência de referência à gravissima situação do desemprego e ao escândalo social".
CDS-PP (Diogo Feio): "não deu uma palavra de esperança em relação às pequenas e médias empresas".

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