terça-feira, 9 de junho de 2009

Quotidiano (Manifestação de Polícias)


Esclarecedor!

Vi-os na televisão. Eram muitos. Iam, em marcha, para a residência oficial do 1º Ministro protestar contra o que consideram falta de abertura do Governo na discussão do seu estatuto profissional, actualizações salariais, antecipação da idade de reforma para os 55 anos, ou 36 de descontos, e melhores serviços de saúde. Tudo bem, estão no legítimo direito de o fazerem. A rua é muitas vezes necessária para que os governos nos ouçam. Este é um país livre. A Constituição da República, nascida do 25 de Abril, confere a cada um de nós, a liberdade e os direitos de expressão, reunião e manifestação. E, acrescento, também o direito à indignação. É por isso, por ter tal direito, que falo aqui do que vi e ouvi.
Vi chapéus dos polícias a serem atirados, às dezenas, para a rua frontal à residência do PM. Por pouco, alguns deles não atingiram duas viaturas particulares que por ali circulavam. Se as tivessem apanhado e danificado, quebrando, por exemplo, um vidro, como seria? Não vi, mas, pelo que li, até sapatos, casacos e uma camisola da selecção nacional foram arremessados.
As imagens mostraram polícias exaltados, vociferando e querendo avançar. O responsável pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia considerou normal a exaltação dado o estado de revolta dos polícias.
Esclarecedor!
Mas, o que mais me chocou, indignou e deixou estupefacto, foi o que ouvi de um dos polícias. Perguntou-lhe a reportagem.
- O que vai dizer ao 1º ministro e ao ministro?
- Que são uns mentirosos!
Os nossos políticos não prestam – vox populi. A medir por aquele, os nossos polícias não lhes ficam atrás, o que me inquieta; se não forem eles quem vai zelar pela nossa segurança? Os políticos podemos nós mudá-los pelo voto, os polícias não!
Muito parecido com os que vemos nos filmes americanos, série B, o que vi e ouvi era jovem, ar marialva, trajando à civil, barba por fazer, com uns grandes óculos escuros de vidros reflectores, estilo desportivo. Depois de o ouvir sumiu-se-me o respeito pela sua autoridade. Não o esquecerei. Se um dia destes, andando por aí, for por ele interpelado e acusado de não querer colaborar com a autoridade, a propósito do que ele possa, eventualmente, invocar, dir-lhe-ei, não aos gritos, mas serenamente:
- Você é um mentiroso, está a mentir.
Não há ingenuidade que admita ficar o polícia a discutir comigo.
Certo e sabido que me deterá e conduzirá à esquadra mais próxima, se outra coisa antes não fizer.

1 comentário:

Raquel Abrantes disse...

Olá, Carlos. Obrigada, que bom que gostou. Seja sempre bem-vindo. Voltarei aqui também, gostei muito da sua postura política.

Até mais,
Raquel.